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terça-feira, 28 de abril de 2015

Morre Antonio Abujamra, aos 82 anos - Jornal O Globo

SEM PROVOCAÇÕES À MORTE, QUE CHEGOU TRANQUILA



Morre Antonio Abujamra, aos 82 anos

O ator, diretor de teatro e apresentador foi encontrado morto em casa, em São Paulo

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Ator e diretor Antônio Abujamra - Reinaldo Marques / Agência O Globo
RIO — O ator, diretor de teatro e apresentador Antonio Abujamra morreu na manhã desta terça-feira, aos 82 anos. A morte foi confirmada pela TV Cultura, canal onde ele apresentava o programa de entrevistas "Provocações", desde 2000. Abujamra morreu dormindo e o corpo foi encontrado na casa onde morava, em São Paulo. Ainda não há informações sobre a causa da morte. O velório será realizado a partir das 18h desta terça-feira, no teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
Nascido em Ourinhos, no interior de São Paulo, em 1932, ano em que a Revolução Constitucionalista tomou o estado, Abujamra era um artista de muitas facetas, se desdobrando em autor, iluminador, tradutor, ator, diretor teatral e apresentador. Era reconhecido por ser pioneiro a introduzir no Brasil os métodos teatrais de mestres como Bertolt Brecht e Roger Planchon, com quem estudou.
Formado em filosofia e jornalismo, começou a carreira na plateia, como crítica teatral. Mas, ainda na faculdade, experimentou os ofícios da atuação e da direção. Já no começo, montou "O marinheiro", de Fernando Pessoa, "O caso das petúnias", de Tennessee Williams e "A cantora careca" e "A lição", de Eugène Ionesco, entre outros.
FOTOGALERIA: RELEMBRE A CARREIRA DE ANTONIO ABUJAMRA
  • Antonio Abujamra como o bruxo Ravengar, em 'Que Rei Sou Eu?'Foto: Divulgação

  • Na sua estreia como ator no monólogo 'O contrabaixo'Foto: Terceiro / Agência O Globo

  • Com Suzana Faini e Vera Holtz, na peça 'O retrato de Gertrudes Stein quando homem', nos anos 1990Foto: Arquivo O Globo / Agência O Globo

  • Fernanda Montenegro e Antonio Abujamra na peça 'A gaivota'Foto: Gilson Camargo / Divulgação

  • Abujamra e Paulo Autran atuaram juntos em uma montagem da peça "A irresistível ascenção de Arturo...Foto: Ana Branco / O Globo

  • Em 2000, Abujamra comemorou os dez anos da companhia 'Os fodidos privilegiados'Foto: Ana Branco / O Globo

  • Em 2000, o ator participou do programa Casseta e Planeta. Na foto, ele aparece com Hubert no quadro...Foto: Divulgação

  • Antonio Abujamra na novela 'Terra Nostra'Foto: Divulgação

  • Com a atriz Beatriz Segall, no programa 'Provocações'Foto: Divulgação

  • Com o ator Fabio Porchat, no programa 'Provocações'Foto: Divulgação

  • Com Tarcísio Filho na novela 'Começar de novo', em 2004Foto: Carlos Ivan / Agência O Globo

  • Na peça 'O inferno são os outros'Foto: Selmy Yassuda / Agência O Globo

  • Em Nova York, na década de 1980Foto: Zeca P. Guimarães / Divulgação

Mais conhecido como Abu, destacou-se no início dos anos 1960, inserido no panorama teatral paulistano. Na época, estava voltando ao Brasil após passar um período estudando teatro na Europa - passou por Madri, Paris e Berlim -, cheio de projetos. Sua estreia como diretor profissional foi com "Raízes", de Arnold Wesker, no Teatro Cacilda Becker.
Mais conhecido como Abu, destacou-se no início dos anos 1960, inserido no panorama teatral paulistano. Na época, estava voltando ao Brasil após passar um período estudando teatro na Europa - passou por Madri, Paris e Berlim, onde estagiou na Berliner Ensemble, a companhia criada por Bertolt Brecht -, cheio de projetos. Sua estreia como diretor profissional foi com "Raízes", de Arnold Wesker, no Teatro Cacilda Becker.
Ainda naquela década, à frente do Grupo Decisão, Abujamra buscou uma linha muito pessoal na direção, e seu grupo apresentou uma série de espetáculos provocantes, a maioria de cunho político. Ele foi o primeiro a trazer para o Brasil as obras de Harold Pinter, com "O encarregado" e Arnold Wesker, com "Raizes", este montado com Cacilda Becker, a maior atriz da época, que ouvira falar do talento do novo diretor.
Embora continuasse com base em São Paulo, também fincou raízes no Rio. Foi na cidade que venceu o Prêmio Molière por "Um certo Hamlet", com Cláudia Abreu, Vera Holtz e outros. Era o ponto de partida da companhia Os Fodidos Privilegiados, que renderia outro prêmio ao diretor (o Shell de 1997 por "O casamento", ao lado de João Fonseca).
Também no Rio, dirigiu a famosa montagem de "Antígona", com Glauce Rocha, que provocou um dos incontáveis conflitos com a censura nos anos da ditadura. Também sofreu com a proibição de, entre outras peças, "O berço do herói" (base da novela "Roque Santeiro"), de Dias Gomes, em 1965, e "Abajur lilás", de Plínio Marcos, em 1975.
Em 2012, Nicette Bruno, dirigida por ele nada menos de 14 vezes ao lado do marido Paulo Goulart, exaltou o trabalho de Abujamra na ocasião de seus 80 anos. "É uma das figuras mais importantes do teatro moderno brasileiro. São impressionantes sua cultura e sua criatividade. Cada trabalho que fazíamos juntos era como se fosse a primeira vez, porque ele propunha exercícios muito diferentes".
Apesar de nunca abandonar os palcos, passou a trabalhar com televisão desde cedo. Apresentava desde 2000 o programa "Provocações", exibido sempre às terças, na TV Cultura, que foi seu principal lar nas telas. O último episódio foi ao ar na última terça-feira, com o humorista Eduardo Sterblitch como entrevistado:
Sua estreia como ator profissional veio só quando já era cinquentenário, encarando um espetáculo solo, "O contrabaixo", que apresentou por oito anos ininterruptos. Na TV, além de ser apresentador, ficou conhecido do grande público ao interpretar o bruxo Ravengar na novela "Que rei sou eu?", da TV Globo, no fim dos anos 1980. Em 2012, atuou na novela "Corações feridos", do SBT, onde também dirigiu "Os ossos do barão", em 1997.
Uma das grandes fases da carreira do diretor Antonio Abujamra se deu nos anos 1990, quando ele esteve à frente do grupo Os Fodidos Privilegiados, no Rio. Poucas vezes tivera tanto reconhecimento de público e crítica.
Antonio Abujamra deixa dois filhos, Alexandre e André, e dois netos.


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