Total de visualizações de página

terça-feira, 30 de junho de 2015

EcoePol: O governo dos banqueiros. Artigo de Jürgen Habermas

EcoePol: O governo dos banqueiros. Artigo de Jürgen Habermas

Altamiro Borges: Brasil nega direito à comunicação

A DITADURA ESTÁ NA MÍDIA



Altamiro Borges: Brasil nega direito à comunicação: Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé : Laurindo Leal Filho, Renata Mielli e Dênis de Moraes “O Brasil é a &...

Algoz ou vítima? Homicídio contra adolescentes cresceu 496% entre 1980 e 2013 - Carta Maior

30/06/2015 - Copyleft

Algoz ou vítima? Homicídio contra adolescentes cresceu 496% entre 1980 e 2013

Vítimas preferenciais dos homicídios são homens, negros e com baixa escolaridade. A maioria dos assassinatos é cometida com uso de armas de fogo.


Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual

ebc
São Paulo – A taxa de homicídio contra adolescentes de 16 e 17 anos aumentou 496,4% entre 1980 e 2013, segundo levantamento específico do Mapa da Violência, estudo realizado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Em 1980 ocorriam 9,1 homicídios para cada 100 mil habitantes, taxa que chegou a 54,1 em 2013. O valor é cinco vezes maior do que o considerado “tolerável” pela ONU (10 por cem mil) e coloca o Brasil em terceiro lugar no mundo nesse quesito, atrás apenas de México (55,8) e El Salvador (95,6).
 
Em números absolutos, o país foi de 509 homicídios contra adolescentes dessa faixa etária, em 1980, para 1.583 em 1.990, depois 2.719 em 2.000, e 3.033 em 2.010. De acordo com o último dado disponível, de 2013, o montante chegou a 3.749 assassinatos, equivalente a dez adolescentes de 16 e 17 anos mortos por dia. E também a 46% do total de óbitos de adolescentes em 2013.
 
No mesmo ano, foram assassinados 703 adolescentes brancos. O que resulta em uma proporção de três negros mortos para cada branco.
 
A pior taxa do país é no estado de Alagoas, onde chega a 147 jovens assassinados por cem mil habitantes. Em seguida vem o Espírito Santo, com taxa de 140. As menores taxas são de Tocantins (13,8) e de Santa Catarina (17,1).
 
O número de mortes por homicídio, nesta faixa etária, é superior a todas as demais causas externas: acidentes, suicídio etc. E supera até mesmo aquelas oriundas de causas naturais. A taxa de mortalidade por causas naturais entre adolescentes de 16 e 17 anos foi 29 e 32,6, respectivamente, para cada 100 mil, em 2013. No caso dos assassinatos foi de 42,7 e 63,4, respectivamente.
 
As vítimas preferenciais dos homicídios são homens (93%). E negros. Em 2013, 73% dos homicídios foram praticados contra essa parcela da população adolescente com 16 ou 17 anos. A maior parte 83,7% não tinha completado o ensino fundamental. Número semelhante ao dos adolescentes internados em centros de medida socioeducativa que também são, na maioria, negros (66%), com baixa escolaridade (59,9% com ensino fundamental incompleto) e extremamente pobres (60%).
 
A maioria dos assassinatos é cometida com uso de armas de fogo. Que diz respeito a outra mudança em discussão no Congresso Nacional: a revogação do Estatuto do Desarmamento. O crime foi praticado com arma de fogo em 81,9% dos casos com adolescentes de 16 anos e em 84,1% dos homicídios daqueles com 17 anos.
 
O Mapa da Violência com dados dos adolescentes foi divulgado ontem (29) e apresentado hoje (30), em Brasília, a deputados federais que devem votar nesta tarde a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171, de 1993, que reduz a idade penal de 18 para 16 anos. A iniciativa partiu dos conselhos Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), da Juventude (Conjuve) e de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR).


Créditos da foto: ebc
Algoz ou vítima? Homicídio contra adolescentes cresceu 496% entre 1980 e 2013 - Carta Maior

Partidos, pra quê? - Carta Maior





Partidos, pra quê?

A questão essencial que os partidos deveriam enfrentar é a da construção da hegemonia e todas as questões que se colocam nesse complexo processo.

por Emir Sader em 15/06/2015 às 06:19




Emir Sader
Outro elemento comum aos países com governos progressistas, são as reclamações em relação aos partidos que deveriam estar conduzindo esses processos. Cada crise tem suas características, como a do PT tem a sua. Mas não é um acaso que estão em crise a Alianza Pais no Equador, o MAS na Bolívia, a Frente Ampla no Uruguai, o PSUV na Venezuela, a Frente para a Vitória na Argentina. Se não estão todos em crise propriamente dita, com certeza não resolveram devidamente as relações que tem ou deveriam ter com os governos progressistas desses países.
 
Em princípio a equação estaria resolvida: esses partidos representam a esquerda em um marco de governos de alianças amplas – de centro esquerda ou que às vezes vão até mais além do centro. O certo é que são governos que se colocam objetivos mais estreitos que os programas desses partidos. Sair do modelo neoliberal, superar o neoliberalismo, construir uma alternativa a esse modelo – são os objetivos centrais desses governos.
 
São governos que, por maior que sejam as crises que enfrentam, se revelaram, em já mais de uma década, serem capazes de enfrentar positivamente os maiores problemas das nossas sociedades, especialmente os problemas sociais – desigualdade, pobreza, miséria, exclusão social -, com sucesso, em marcos de estabilidade política, grande apoio popular e integração regional.
 
No entanto, em nenhum deles, o lugar e as funções dos partidos políticos ficaram claros e se pode dizer que funcionaram adequadamente. São os governos que desenvolvem os grandes processos de discussão, são os governos que colocam em prática políticas, são eles que estabelecem alianças, são quem realmente conduz esses processos. Às vezes se dão circunstâncias de divergência e conflito entre partidos e governos, em outras a aparente harmonia mal esconde insatisfações mútuas ou pelo menos dos partidos e da militância política com os governos.
 
Os marcos programáticos também parecem definidos: os governos lutam contra o neoliberalismo, os partidos, além desse objetivo, se colocam a superação do capitalismo, a construção do socialismo. Mas o certo é que aqui tampouco as coisas funcionam devidamente. Os objetivos programáticos tendem a ser rebaixados em função das conjunturas e das urgências políticas, muitas vezes de sobrevivência, deixando os horizontes programáticos desvinculados das lutas atuais.
 
A abordagem de um tema separado do outro não permite a compreensão da globalidade do problema. Os problemas do PT tem a ver diretamente com os problemas enfrentados pelo governo da Dilma, sem que uns possam ser reduzidos aos outros.
 
A questão essencial que os partidos deveriam enfrentar é a da construção da hegemonia e todas as questões que se colocam nesse complexo processo. Essa a função de um partido de esquerda nos processos históricos contemporâneos.
 
Seus desdobramentos serão encarados num próximo artigo.
Tags: Política 
Partidos, pra quê? - Carta Maior

O Brasil entre a desesperança e a inclusão social - Carta Maior

O Brasil entre a desesperança e a inclusão social

Pela boca subserviente do Faustão falou a direita oligárquica. Pela boca altiva da Marieta, falou a esperança do povo brasileiro.

por Emir Sader em 29/06/2015 às 06:24




Emir Sader
Poucas vezes um diálogo tão breve, transmito direto pela TV, revelou de forma tão significativa os dilemas e as interpretações contraditórias sobre o Brasil. Faustão no seu papel de propagandista do sentimento que a direita tenta impor ao país, tentou condicionar a resposta da Marieta Severo, com a palavra chave da oposição: desesperança.
 
A direita tem razão no sentido de que só se eles conseguirem convencer os brasileiros de que estamos mergulhados irremediavelmente – com este governo – na desesperança, é que eles podem ter alguma chance de voltar a dirigir o pais. O pior para eles desde 2012 não foi somente que os governos do PT demonstraram que o Brasil é um pais viável, que a desigualdade não é um destino inevitável, mas que os brasileiros voltaram a confiar no pais, a ter auto estima, a se orgulhar de ser brasileiros.
 
Nesse quadro, a direita não tem possibilidade de retornar ao governo. É preciso voltar ao clima do Collor e do FHC, de degradar a imagem do Brasil, aqui e lá fora, principalmente na cabeça dos próprios brasileiros.  A mídia difunde versões diárias, do pessimismo, da desesperança, do circulo vicioso, do túnel sem fim. É o seu papel, como órgão oficial da direita, das políticas anti-populares.
 
O Lula é o seu inimigo privilegiado, não apenas porque nos seus governos o Brasil viveu o melhor momento da sua história recente, como também porque ele representa a auto-estima dos brasileiros, a confiança no povo brasileiro, a esperança de que o pais tem todas as condições de dar certo, de que o povo é solução e não problema – como o Lula gosta de reafirmar. Tentar destruir essa imagem é tentar destruir a auto-estima dos brasileiros, tentar dizer que tudo é igual, nada é melhor – como canta o tango Cambalache.
 
Marieta respondeu, altiva, com a outra visão do Brasil. O fenômeno fundamental do Brasil neste século é a inclusão social. É o Brasil dos direitos e não o da concorrência de todos contra todos no mercado. 
 
Inclusão significa que todo ser humano tem direitos, que a democracia deve ser o regime que torne todo indivíduo um cidadão, isto é, um sujeito de direitos. Desesperança significa que a democracia não é capaz de propiciar isso para todos e que portanto o país deveria se entregar de novo nos braços do mercado, do FMI, da direita e seus porta-vozes.
 
Essa é a luta fundamental de hoje no Brasil – saber se o Faustão e a sua desesperança tem razão ou se continuaremos o caminho da inclusão social e a Marieta tem razão.
 
O jogo está aberto de novo, depois de termos trilhado um caminho seguro da inclusão social como o nosso norte durante 12 anos. O ajuste fiscal tem sido um tiro no pé do Brasil da inclusão social, tem nos levado para o pior dos mundos possíveis: recessão com exclusão de direitos, com aumento do desemprego e da inflação e com ofensiva desestabilizadora da direita.
 
Mesmo quem julgue que algum tipo de ajuste é necessário, ele não pode ser socialmente injusto – recair nos trabalhadores -, nem economicamente inviável – não tem levado à retomada do crescimento – e não deveria ser politicamente desastroso – tirar apoio do governo justamente quando ele é alvo de sistemático ataque desestabilizador da direita.
 
Deve unir a todos os que querem a retomada do caminho da inclusão social, para o que a fortalecimento do governo é condição indispensável, aos que creem que um ajuste é necessário e aos que creem que ajuste nunca é e nunca leva ao desenvolvimento -  a unidade para o fortalecimento e a recuperação de iniciativa do governo. Para isso, o ajuste tem que deixar de ser a pauta central do governo, os direitos dos trabalhadores tem que ser efetivamente garantidos, deve haver a centralidade da luta pela retomada do desenvolvimento e do combate ao desemprego.
 
Se o governo não está conseguindo retomar a expansão econômica – e não há nenhum sintoma disso até agora – e tem sido incapaz de conter o aumento do desemprego, o caminho escolhido tem que ser corrigido. A centralidade, na hora da crise, deve ser a defesa dos direitos de todos e não o ajuste.
 
No embate para saber se nos tornamos o pais da desesperança ou se seguimos sendo o pais da inclusão social, está o enfrentamento maior hoje. O governo tem que reafirmar o caminho da inclusão social e combater firmemente a desesperança. Contará com o apoio indispensável dos brasileiros, fundamental quando sofre sistemático e brutal ataque desestabilizador da direita.
 
Pela boca subserviente do Faustão falou a direita oligárquica. Pela boca altiva da Marieta, falou a esperança do povo brasileiro.
 


Tags: Economia, Política 


Brasil entre a desesperança e a inclusão social - Carta Maior

inverta.org/jornal/edicao-impressa/479/social/a-reducao-da-maioridade-penal-e-a-dependencia-quimica

A Redução da Maioridade Penal e a Dependência Química

Essa matéria foi publicada na Edição 479 do Jornal Inverta, em 30/06/2015

O sistema econômico vigente visa segregar as classes, dando empoderamento e oportunidades apenas às minorias.
Vide a porcentagem de negros, da classe menos favorecida e que não concluiu o ensino fundamental que já passaram por acolhimento no tratamento das drogas: 64%. Será coincidência social? Na atual conjuntura política, temos 70% de reincidência na taxa carcerária, enquanto na área sócio educativa, apenas 20%.
O Brasil já é o 4º país com maior número de população carcerária no mundo. O sistema carcerário brasileiro não tem cumprido seu papel que é a reinserção e a reintegração, pelo contrário, só tem corroborado para criminalizar os sujeitos.
Será mesmo que a solução da violência no Brasil está pautada na redução da maioridade penal? É preciso repensar qual é o suporte que estamos promovendo para a conscientização dos jovens brasileiros.
É preciso repensar na causa e não no efeito! A proposta é abrir mais presídios e fechar mais escolas? Quem são esses jovens infratores? Porque cometem esses atos? O adolescente marginalizado não surge do acaso e sim do descaso. A constituição brasileira prevê direitos a moradia, a saúde e a educação.
E o capitalismo selvagem nos lambuza a cara o submundo e a cracolândia! Para o Estado é mais fácil prender do que educar.
A educação é de extrema importância para qualquer indivíduo se tornar um cidadão consciente de seus direitos e deveres, mas muitos jovens da classe menos favorecida são excluídos desse processo.
Puni-los é assumir a incompetência do Estado!
Quem são esses adolescentes? A maioria dos jovens infratores é oriunda de núcleo familiar com vulnerabilidade social. Mas apenas 0,013% já cometeu homicídio.
A verdade é que os adolescentes são mais vítimas do que autores da violência. O Brasil é o segundo país no mundo com maior números de homicídios de adolescentes.
E essas vítimas tem endereço, etnia e classe social. A grande maioria é menino, negro e pobre que vive nas periferias das cidades.
E por que esses adolescentes tem tantos conflitos com a lei? A dependência química é uma doença da disfunção familiar.
Logo, ouso a dizer que a redução da maioridade penal referendaria a exclusão social dos jovens pobres, negros e dependentes químicos.
É momento de reforma política já! Salve Paulo Freire! Salve Augusto Boal! Salve Karl Marx!


Adriana Rolin
inverta.org/jornal/edicao-impressa/479/social/a-reducao-da-maioridade-penal-e-a-dependencia-quimica

Lula investe em Cuba de Fidel e Gaddafi investiu na São Paulo de Serra e Alckmin? | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

Lula investe em Cuba de Fidel e Gaddafi investiu na São Paulo de Serra e Alckmin? | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

A Grécia põe na mesa a carta da democracia — CartaCapital

A Grécia põe na mesa a carta da democracia

por Antônio Martins — publicado 29/06/2015 15h45, última modificação 29/06/2015 16h46
Chantageado pelos credores, governo convoca plebiscito sobre “ajuste” imposto ao país. Oligarquia financeira vacila. O que a atitude representa, em termos globais
Louisa Gouliamaki / AFP
Manifestação na Grécia
Em frente ao parlamento grego, milhares de pessoas protestam nesta segunda-feira 29 pedindo um voto "não" para o pacote oferecido pelos credores
“A revolução não será televisionada”, lembra um documentário de enorme repercussão na década passada. Em certas ocasiões, os grandes impasses históricos desenvolvem-se diante dos nossos olhos – e o velho jornalismo tornou-se incapaz de narrá-los.
Um deles começou a se desenrolar na manhã de sábado 27 e vai se estender até 5 de julho. Tem como protagonista o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, eleito no início do ano por um partido-movimento organizado em rede e partidário de uma nova ordem internacional. Pressionado pelos credores do país, que querem impor redução de direitos sociais para rolar uma dívida financeira, Tsipras convocou, em pronunciamento pela tevê, um plebiscito sobre a proposta. Considerou que ela equivale a um “ultimato”, uma “tentativa de humilhar o povo grego”. Disse esperar dos eleitores “um grande não”. Lembrou que passava a palavra a eles por considerar a democracia “um valor supremo da sociedade grega”.
A consulta popular, um recurso essencial da política, foi considerada um tapa na cara pelos demais governantes dos países da Zona do Euro – todos implicados em políticas de “austeridade”. “Estou muito desapontado”, afirmou Jeroen Dijsselbloem, o membro do Partido Trabalhista Holandês (supostamente de centro-esquerda) que preside o chamado “Eurogrupo”. Ainda no sábado, reunido em Bruxelas, o órgão respondeu à convocação democrática com uma demonstração de força bruta. A proposta de Atenas, que pedia adiar a decisão sobre a rolagem da dívida por apenas sete dias – até que se conhecesse a opinião popular –, foi rechaçada.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu não manter as linhas de crédito automáticas que normalmente oferece aos bancos de todo o continente. A consequência imediata, todos sabiam, seria o início de uma crise bancária na Grécia – cidadãos correndo aos caixas para retirar seus depósitos, sem poder fazê-lo. Tsipras não se intimidou. Em novo pronunciamento aos gregos, anunciou um feriado bancário de sete dias (até a apuração dos votos do plebiscito). A medida tem conteúdo igualitário. No período, as retiradas de dinheiro ficarão limitadas a 60 euros por dia, seja qual for o volume depositado em cada conta bancária. Estão suspensas, além disso, as transferências de recursos ao exterior.
A ousadia de Tsipras provocou uma reviravolta. O poder econômico dos gregos é ínfimo, diante dos tecnocratas da União Europeia (UE), mas a convocação do plebiscito é um tapa democrático sobre um tabuleiro viciado. Nesta segunda-feira 29, os mercados financeiros europeus abriram em meio a uma incerteza próxima do pânico. As ações estão caindo fortemente, nas bolsas de valores de Londres, Frankfurt, Paris e Amsterdã, as mais importantes do continente. As ações mais desvalorizadas são as dos maiores bancos europeus.
O secretário de Finanças dos EUA, Jacob Lew, achou prudente intervir, e recomendar cautela aos governantes do “Velho Continente” empenhados em pressionar Atenas. Há semanas, ele havia advertido: ninguém sabe se o sistema financeiro internacional, ainda envolto em crise, suportará o impacto de um trauma como o de uma eventual expulsão da Grécia do euro.
Nos próximos sete dias, estará em jogo muito mais que uma disputa entre Atenas e Bruxelas. As sociedades têm o direito de construir coletivamente seu futuro? Ou devem curvar-se ao que Marx chamou, de modo sarcástico, de “as águas gélidas do cálculo econômico”? Num tempo em que a “aristocracia financeira” – nova classe global de super-ricos – parece cada vez mais forte e insensível aos velhos valores civilizatórios, será possível encontrar uma brecha em seu sistema de dominação?
* * *
Ao contrário do que tentam fazer crer as manchetes dos jornais de hoje, o que está em jogo na disputa entre a Grécia e seus credores é muito mais que uma querela econômica e técnica. Do ponto de vista financeiro, a crise grega poderia ser resolvida sem sobressalto algum. Desde 2010, a UE emprestou à Grécia algo como 316 bilhões de dólares. As duas linhas de crédito que precisam ser renovadas nas próximas semanas – 1,8 bilhão de dólares junto ao FMI, mais 7,5 bilhões de euros ao BCE – perfazem apenas 3% deste total. Se as negociações se arrastam há cinco meses é porque está em jogo muito mais que uma ninharia percentual.
Por trás dos números, cada parte tenta validar seus projetos de longo prazo para as sociedades e sua relação com as finanças. Quando evitaram que o Tesouro grego quebrasse, há cinco anos, seus credores, reunidos na chamada troika (BCE, FMI e Comissão Europeia), impuseram, como condição, um ataque rude aos direitos sociais dos gregos, aos serviços públicos e à soberania do país sobre si mesmo. Os acordos entre as duas partes foram estabelecidos em dois documentos, conhecidos como “Memorandos” (1 2). Produziram políticas que elevaram o desemprego a quase 30% (60% entre os jovens), privatizaram em massa – de portos a redes de infraestrutura a parques públicos e sítios arqueológicos –, ampliaram a carga de impostos (tornando-a, ao mesmo tempo, mais injusta) e reduziram, até mesmo em termos nominais, o salário mínimo e as aposentadorias.
O projeto de unidade europeia construído pacientemente a partir do Tratado de Roma (1957), nas décadas de capitalismo keynesiano, implicava difundir o modelo do Estado de Bem-estar Social.
Mas, após a crise de 2008, a Europa reduziu-se ao continente da regressão de direitos e aumento da desigualdade. O dinheiro destinado ao governo grego jamais produziu benefício coletivo algum: retornou integralmente aos bancos privados a quem o país devia. O movimento foi chamado de “austeridade” – um termo enganoso e interesseiro. Oculta o fato de que os lucros e salários dos banqueiros e demais membros da aristocracia financeira recuperaram-se e voltaram aos patamares nababescos de antes da crise – enquanto, nas ruas, multiplicam-se os sem-teto e os que se alimentam da sopa dos pobres.
A emergência do Syriza, o partido-movimento a que pertence Alexis Tsipras, desmontou a trama, ao jogar luz sobre ela. No país europeu mais atingido pelas “novas” políticas, o grupo chegou ao governo em janeiro. Embora ligados ao pensamento anti e pós-capitalista, seus membros apresentaram um programa moderado e realista, que se apoia em quatro pilares – todos de natureza social-democrata: a) enfrentar a crise humanitária; b) reativar a economia, com Justiça Fiscal; c) um Plano Nacional de Retomada do Emprego; d) Reforma Política para aprofundar a democracia.
Embora contido, o projeto é claro: os eleitores gregos votaram numa proposta que exige a revisão dos “Memorandos” firmados com a troika.
Para surpresa de muitos, a oligarquia financeira recusou-se ao diálogo efetivo, mesmo diante desta proposta conciliadora. Em fevereiro, poucas semanas depois de assumir o governo, o Syriza enfrentou a primeira bateria de negociações com a troika. resultado foi uma espécie de empate. Para postergar, por quatro meses, o vencimento de dois empréstimos, os gregos recuaram de medidas como a reversão das privatizações. Pela primeira vez em cinco anos, no entanto, a resistência de Atenas impediu que o governo fosse obrigado a anunciar novos cortes de direitos. Este fato provocou um primeiro desconforto, num cenário político europeu marcado pelo conservadorismo. Governos como os da Espanha, Portugal e Irlanda constrangeram-se diante de um desfecho que mostrou, para seus próprios eleitores, que poderia valer a pena resistir.
Em junho, quando este acordo provisório expirou e as negociações foram retomadas, a troika voltou com sangue nos olhos. Inspirando-se em medida semelhante oferecida à Alemanha, em 1953, Atenas reivindica uma redução na dívida, para que seja possível melhoras as condições de vida da população e relançar a economia. Os credores não se limitam a repelir a proposta. Exigem que o Syriza traia seu programa e se desmoralize. Não abrem mão de duas medidas emblemáticas, pela enorme repercussão política que teriam junto aos gregos: nova redução no valor nominal das aposentadorias (a terceira, em cinco anos) e aumento dos impostos indiretos – os mais injustos e os que são sentidos mais imediatamente pela população.
Desde meados de junho, o Eurogrupo viu-se imerso numa bateria frenética de negociações. Além das reuniões entre chefes de Estado, os ministros de Finanças foram convocados a Bruxelas cinco vezes, nos últimos dez dias. Atenas chegou a lançar propostas aparentemente conciliadoras, para tensionar o discurso dos credores. Sugeriu, por exemplo, que o “ajuste fiscal” reivindicado pela troika poderia ser feito tributando os mais ricos. Não houve o menor sinal de recuo. No sábado, quando todas as possibilidades de negociação se esgotaram, Tsipras colocou na mesa a carta do plebiscito – aprovado pelo Parlamento em sessão de emergência, um dia depois. Agora, as propostas da troika terão de ser feitas a todo o povo grego, que se pronunciará no próximo domingo. Mas quais as condições concretas para continuar resistindo?
* * *
Na era da ultra-mercantilização, nada mais eficaz, para submeter um Estado ou sociedade rebelada, que o fantasma de uma crise bancária. Em 11 de fevereiro, apenas quinze dias após a posse de Alexis Tsipras em Atenas, o Banco Central Europeu agiu conscientemente para evocar uma destas crises na Grécia. Numa decisão casuística, ele decidiu excluir o país do mecanismo de assistência automática que oferece aos bancos da Zona do Euro, quando enfrentam dificuldades momentâneas de liquidez. Desde então, o auxílio aos bancos gregos precisa ser autorizado, caso a caso, pelos dirigentes do próprio BCE. Quem reconheceu o viés político da decisão foi a revista Economist, insuspeita de qualquer simpatia pelo Syriza: “foi um tiro de advertência disparado contra o novo governo”, admitiu ela.
Inserida na Zona do Euro, a Grécia abriu mão do poder de emitir moeda. E, sociedade dividida em classes, passou a sofrer, também desde a chegada do Syriza ao poder, a pressão das elites, interessadas em fazer todo o possível a mudanças no status-quo. A partir de janeiro, os bancos vivem um processo de retiradas predatórias – e cada vez mais maciças – de dinheiro, feitas pelos mais ricos. Já em fevereiro, o montante total dos depósitos havia caído para 140,5 bilhões de euros, o mais baixo em dez anos, desde a criação da moeda única europeia.
O movimento intensificou-se desde então e se converteu em bola de neve à medida em que os credores endureceram as condições para um acordo. Os saques subiram a 300 milhões de euros diários na semana entre 13 e 20 de junho. No último fim de semana, antes de o governo estabelecer um limite diário equânime para as retiradas, havia longas filas diante dos caixas eletrônicos. Temeu-se pelo pior: além de não haver mais dinheiro nos bancos, surgiu o risco de faltarem recursos para pagar, na virada do mês, os aposentados e pensionistas…
New York Times não deixou de captar as possíveis consequências políticas. Na Argentina, uma crise bancária que eclodiu em janeiro de 2001 derrubou três presidentes em cinco dias. Houve quem especulasse: a União Europeia estará tramando uma mudança de regime em Atenas?
É possível, porém, que estas especulações não levem em conta outro aspecto, de sentido contrário. Caso a ruptura se consume, e impeça Atenas de saldar também seus compromissos internacionais, qual será o impacto sobre os mercados financeiros internacionais? O pensamento convencional prevê repercussão limitada. O PIB anual da Grécia, de 242 bilhões de euros, equivale a apenas 1,34% do europeu. Os grandes bancos do Velho Continente já teriam “precificado” o risco de uma retirada grega da Zona do Euro (a “Greek Exit”, ou “Grexit”) – ou seja, teriam feito provisões para absorver os eventuais prejuízos.
Mas talvez valha a pena ouvir duas opiniões ilustres e divergentes. No final de maio, o secretário de Tesouro dos EUA, Jacob Lew, advertiu seus colegas do G7 sobre as consequências – a seu ver desconhecidas da possível “Grexit”. “Só sabemos ao certo que estamos aumentando os riscos de um acidente [financeiro] quando deixamos de agir até que chegue o próximo prazo fatal”, disse ele. Um dia depois, Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia, foi além. “Mesmo no curto prazo, as salvaguardas financeiras de uma saída grega nunca foram testadas e poderiam perfeitamente falhar.
Além disso, a Grécia, goste-se ou não, é parte da União Europeia e seus problemas iriam se esparramar pelos demais países do grupo, mesmo se a barreira financeira aguentar”, escreveu ele – que enxerga nos governantes europeus atuais a mesma tendência à alienação e cegueira política que levou à I Guerra Mundial.
* * *
Indiferentes até domingo à crise grega, os velhos jornais brasileiros abrem hoje suas manchetes para ela. A descoberta do assunto é bem-vinda, mas em todos os textos sobressai uma distorção. A crise é tratada apenas em seu lado dramático. Destacam-se os limites aos saques nos bancos, as filas quilométricas, os temores dos aposentados. É como se estivéssemos diante de uma fatalidade trágica: os gregos desobedeceram os deuses, os mercados – agora, assistiremos ao castigo.
Nesta cobertura invertida, o que não se menciona, ou se subestima, é precisamente o fato novo, a notícia. Tsipras e o Syriza convocaram um plebiscito. A sociedade será ouvida, em vez de convidada a submeter-se (como no Brasil do “ajuste fiscal”) a políticas apresentadas como tão inevitáveis como os terremotos ou as grandes secas ou os terremotos. Abriu-se, subitamente, uma brecha na ditadura financeira.
Saberemos aproveitá-la? Os próximos sete dias serão decisivos. O gesto de Tsipras agrega uma nova incógnita à equação, num mundo marcado por imensos riscos e oportunidades. E se as populações da Espanha, Portugal ou Irlanda – para não falar dos outros países europeus – exigirem também ser consultadas, sobre os programas impostos a seus países? E se o recém-fundado Banco dos BRICS oferecer a Atenas – amparando-se na imensa fartura das reservas monetárias chinesas – os recursos de que precisa para se livrar da crise? E se, no Brasil, alguém propuser um referendo sobre o “ajuste fiscal” também concebido para permitir elevação dos juros e enriquecimento ainda maior da aristocracia financeira?
Os dados estão lançados e o resultado final já não depende apenas do interesse dos mercados – mas das atitudes e posturas que tomaremos, coletiva e individualmente. Costumava-se dar a isso o nome de democracia.
registrado em:    
A Grécia põe na mesa a carta da democracia — CartaCapital

Repórter da Globo faz pergunta capciosa para Dilma e Obama defende o Brasil | BRASIL29 noti­cias / Poços10

Repórter da Globo faz pergunta capciosa para Dilma e Obama defende o Brasil | BRASIL29 noti­cias / Poços10

inverta.org/jornal/edicao-impressa/479/politica/os-professores-e-o-antifascimo

Os professores e o antifascimo

Essa matéria foi publicada na Edição 479 do Jornal Inverta, em 30/06/2015
Os professores, em todos os níveis, têm fundamental importância para a luta contra o fascismo. Seja do Ensino Fundamental I, com a formação das primeiras noções imagéticas e linguísticas do aluno, mostrando ao educando a simbologia fascista para que o aluno desenvolva familiaridade e capacidade de reconhecimento destes signos, sendo-lhes introduzido de maneira ainda bem simplificada nas primeiras aulas de História.
Este aspecto é importante, pois se queremos combater o fascismo, devemos mostrá-lo aos nossos alunos, e não tratá-lo como um tabu, algo que deva ser escondido.
Seja no Ensino Fundamental II, com a iniciação à temática do fascismo, normalmente no 9° ano, fazendo trabalhos de cartazes no qual sejam espalhados pela escola com a função de conscientizar outros alunos e mostrar que aquela turma tem consciência do que é o fascismo e que se tornou um local antifa.
Seja no Ensino Médio, com a busca por uma ação mais efetiva dos alunos contra qualquer tipo de manifestação fascista na escola ou através da denúncia de alguma atividade dos fascistas em sua comunidade, sempre tendo o cuidado de não incentivar a ação direta, e sim a observação e a denúncia para o professor.
Os professores precisam conscientizar os alunos da perigo fascista, e um excelente mecanismo para chamar a atenção dos discentes, é de forma radical expor a eles a violência fascista e o perigo que suas vidas correm, principalmente se forem em sua maioria possíveis vítimas da bestial violência do fascio.
É importante mostrar aos alunos quais são os principais grupos fascistas que atuam no Brasil para evitar o risco de um contato que possa atrair o adolescente.
Mostrar ao jovem quais os símbolos e ritos fascistas, sem cair no crasso erro de imaginar que “não se falando do fascismo, ele desaparece”.
Professores, não esqueçam sua responsabilidade, torne-se um símbolo do antifascismo na sua escola. Torne-se aquele que os alunos procuram quando testemunham um caso de racismo.
Torne-se referência quando os educandos pensarem em alguém que defende o direito dos homossexuais.
Lembre-os dos grupos que lutaram contra o fascismo para que os jovens tenham uma referência histórica.
O aniversário de 70 Anos da Vitória na II Guerra Mundial é um exemplo; outro é o episódio da “revoada dos galinhas verdes”, na Lapa em São Paulo, quando comunistas e socialistas arrasaram um comício integralista em 1934.
Combater o fascismo é dever de todos os educadores.


Vinícius Ramos

Mestrando em História pela UERJ. Pesquisador do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (CEPPES). Professor efetivo da rede municipal de Magé, RJ

inverta.org/jornal/edicao-impressa/479/politica/os-professores-e-o-antifascimo

Projeto “retrógrado” de José Serra pode significar perda de R$ 112 bi para a educação | BRASIL29 noti­cias / Poços10

O Senado Federal pode votar hoje uma lei que significaria um grande retrocesso para a educação pública no Brasil.

Se for aprovado o projeto de lei de autoria de José Serra (PSDB) que reduz a participação da Petrobras no pré-sal, corremos o risco de perdermos R$ 112 bilhões para a educação pública na próxima década.
O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, fez um alerta importante sobre esse risco. Assista e compartilhe:
Projeto “retrógrado” de José Serra pode significar perda de R$ 112 bi para a educação | BRASIL29 noti­cias / Poços10