Total de visualizações de página

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Para entender o jogo do impeachment e o caso Catta Preta | GGN

Farsa da Dra. Delação não durou. Empresa em Miami? CPI será um massacre, como se previu | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

Farsa da Dra. Delação não durou. Empresa em Miami? CPI será um massacre, como se previu | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

Quem está por trás do protesto pró-impeachment | Portal Fórum

Quem está por trás do protesto pró-impeachment | Portal Fórum

Quem está por trás do protesto pró-impeachment | Portal Fórum

Quem está por trás do protesto pró-impeachment | Portal Fórum

Governo libera R$ 5,1 bilhões para crédito do Fies | Brasil 24/7

Governo libera R$ 5,1 bilhões para crédito do Fies | Brasil 24/7

Polícia investiga ataque ao Instituto Lula — Rede Brasil Atual

NÃO SE ENTENDE COMO UM FATO DE TÃO ELEVADA GRAVIDADE E LETALIDADE PARA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS E PARA A VIDA DOS CIDADÃOS E CIDADÃS, TEM REPERCUSSÃO TÃO TÍMIDA NA SOCIEDADE. JÁ NÃO BASTA A CRIMINALIZAÇÃO DE UM PARTIDO.,; JÁ NÃO BASTA AS AÇÕES DE INTOLERÂNCIA DE BAIXO IMPACTO, COMO O CONSTRANGIMENTO DO DIREITO DE IR E VIR DE FIGURAS PÚBLICAS DO PT NOS ESPAÇOS PÚBLICOS; JÁ NÃO BASTA DOIS PRECEDENTES DESSA NATUREZA CONTRA SEDES DO PT EM SÃO PAULO...HÁ UM SINAL , UMA MENSAGEM IMPLÍCITA NESTE ATENTADO: VÃO AUMENTAR A TEMPERATURA... LEMBRAI-VOS DO CHILE . ,



Polícia investiga ataque ao Instituto Lula — Rede Brasil Atual

Polícia investiga ataque ao Instituto Lula — Rede Brasil Atual

NÃO SE ENTENDE COMO UM FATO DE TÃO ELEVADA GRAVIDADE E LETALIDADE PARA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS E PARA A VIDA DOS CIDADÃOS E CIDADÃS, TEM REPERCUSSÃO TÃO TÍMIDA NA SOCIEDADE. JÁ NÃO BASTA A CRIMINALIZAÇÃO DE UM PARTIDO.,; JÁ NÃO BASTA AS AÇÕES DE INTOLERÂNCIA DE BAIXO IMPACTO, COMO O CONSTRANGIMENTO DO DIREITO DE IR E VIR DE FIGURAS PÚBLICAS DO PT NOS ESPAÇOS PÚBLICOS; JÁ NÃO BASTA DOIS PRECEDENTES DESSA NATUREZA CONTRA SEDES DO PT EM SÃO PAULO...HÁ UM SINAL , UMA MENSAGEM IMPLÍCITA NESTE ATENTADO: VÃO AUMENTAR A TEMPERATURA... LEMBRAI-VOS DO CHILE . ,



Polícia investiga ataque ao Instituto Lula — Rede Brasil Atual

Conexão Jornalismo

Conexão Jornalismo

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Imperdível: PHA sobre o Othon e a Globo ! | Conversa Afiada

Imperdível: PHA sobre o Othon e a Globo ! | Conversa Afiada

Imperdível: PHA sobre o Othon e a Globo ! | Conversa Afiada

Imperdível: PHA sobre o Othon e a Globo ! | Conversa Afiada

Biblioteca Nacional exibe mapas do Brasil ao longo da história pinçados de seu acervo - Cultura - Estadão

Biblioteca Nacional exibe mapas do Brasil ao longo da história pinçados de seu acervo - Cultura - Estadão

Conspiração pró-Temer avança nos três poderes | Brasil 24/7

AS METAMORFOSES DO VÍRUS GOLPISTA

Conspiração pró-Temer avança nos três poderes

:
Há em Brasília um movimento clandestino que envolve importantes figuras da República, dos três poderes. Seus participantes não falam sobre seus objetivos e agem com muito cuidado. Nas reuniões, geralmente à noite, os celulares são deixados fora da sala. Há extrema cautela nas conversas com jornalistas, para que nenhuma pista seja involuntariamente dada.
                O que quer o movimento clandestino, do qual participam até ministros de Estado e de tribunais, é dar à crise política e econômica a solução que convém a seus participantes: o afastamento da presidente Dilma e a ascensão do vice-presidente Michel Temer. Que, elegante e inteligente, não participa de nenhuma conversa nesse sentido. Caso o objetivo dos clandestinos seja atingido, Temer simplesmente cumprirá sua função constitucional – jamais poderá ser acusado de ter conspirado em causa própria.
                Para o grupo, Temer na presidência é a melhor alternativa. A convocação de eleições para presidente, depois do por eles desejado afastamento da presidente, fatalmente criaria um clima de beligerância política e social ainda maior do que o já existente. A campanha seria uma guerra e o ambiente econômico seria inexoravelmente deteriorado. Melhor que Temer assuma. Ele fará a convocação de um grande pacto contra a crise. Teria imediato apoio de todos os partidos, PMDB e PSDB à frente, com adesão, no desenho do grupo, do indefinido PSB e até dos hoje governistas PDT e PSD. Uma grande coalizão, e, como no governo de Itamar Franco, apenas o PT e partidos menores de esquerda ficariam fora.  
                A opção de instaurar o parlamentarismo também não é considerada boa pelos clandestinos. Dilma continuaria presidente e o primeiro-ministro seria indicado por ela e aprovado pelo Congresso. Não poderia ser, claro, nem Eduardo Cunha, nem Renan Calheiros, nem outros com fichas não exatamente limpas. Os partidos teriam de fazer uma ampla coalizão para mostrar maioria e pressionar a presidente a escolher quem eles quiserem, mas a luta interna pela indicação poderia colocar tudo a perder. Sequer o PMDB e o PSDB têm unidade interna. Em vez de estabilidade, haveria mais instabilidade e o desgaste ainda maior dos parlamentares perante a população.
                O grupo pró Temer trabalha para que a situação de Dilma se torne cada vez mais insustentável. A estratégia inclui sabotar o ajuste fiscal proposto pelo ministro Joaquim Levy, rejeitando no Congresso as medidas que levem a aumento de receita e corte de gastos e, em sentido contrário, aprovando mais despesas do governo. Um subproduto dessa ação, no entender dos clandestinos, poderia ser a renúncia de Levy, criando-se assim mais um problema para a presidente. Quanto pior, melhor.
                O ponto forte da estratégia, naturalmente, é a exploração ao limite máximo das acusações de corrupção contra o governo. A tática é fazer com que as denúncias cheguem o mais perto possível de Dilma e de Lula. Da presidente, para facilitar sua derrubada. Do ex-presidente, para anular qualquer possibilidade de reação. Isso não quer dizer que os investigadores da Lava Jato estejam participando do movimento. Podem desejar o afastamento da presidente, mas não estão na conspiração.
                A decisão do Tribunal de Contas da União, se contrária ao governo, seria o empurrão para justificar o impeachment. Para o grupo, o ideal seria que tudo isso levasse à renúncia de Dilma, para evitar mais comoções. Não é à toa que é grande a pressão sobre os ministros do TCU, que chegam mesmo a tentativas de chantagem. Até porque há alguns bem vulneráveis.
                Assim, com ajuda de segmentos da imprensa, está criado o ambiente político para que a sociedade deseje a queda do governo e apoie os que o sucederem. Os conspiradores apostam nas manifestações planejadas para 16 de agosto para o sucesso do movimento.
                O roteiro não é complicado. E está sendo executado. 
Conspiração pró-Temer avança nos três poderes | Brasil 24/7

Moro tem mira certa: Petrobras e programa nuclear!

Moro tem mira certa: Petrobras e programa nuclear!

O Preço do Amanhã -desenhos animados completos





O AMOR VENCE O TEMPO E TEMPO É DINHEIRO

29.07.2015 - Presidenta Dilma lança plataforma de participação Dialoga Brasil — Secretaria-Geral

NO SENTIDO DE UMA DEMOCRACIA MAIS PARTICIPATIVA.



29.07.2015 - Presidenta Dilma lança plataforma de participação Dialoga Brasil — Secretaria-Geral

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Não, não é "apenas sua opinião". Você simplesmente está errado!

Não, não é "apenas sua opinião". Você simplesmente está errado!

CUT protesta em frente ao ministério da Fazenda contra o “Plano Levy” - CUT - Central Única dos Trabalhadores

CUT protesta em frente ao ministério da Fazenda contra o “Plano Levy” - CUT - Central Única dos Trabalhadores

Da crise emergirá o pós-capitalismo?

O PÓS CAPITALISMO PODE SER QUALQUER COISA, INCLUSIVE UM PRÉ CAPITALISMO.



Da crise emergirá o pós-capitalismo?

Estados Unidos, capitalismo e Rede Globo: quem faz a sua visão de mundo? – Blog Um Ser Pensante

Estados Unidos, capitalismo e Rede Globo: quem faz a sua visão de mundo? – Blog Um Ser Pensante

Visão de mundo, parte II: a Guerra Fria na América Latina

Visão de mundo, parte II: a Guerra Fria na América Latina

terça-feira, 28 de julho de 2015

'Os filhos da Operação Condor são agora os da Operação Abutre' - Carta Maior

22/07/2015 - Copyleft

'Os filhos da Operação Condor são agora os da Operação Abutre'

Em entrevista, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denuncia um plano desestabilizador contra os governos populares da América do Sul.


Darío Pignotti

Marcos Oliveira/ Agência Senado
Brasília - Sem protocolo. Enquanto Nicolás Maduro caminha em direção ao portal de vidro do Palácio do Itamaraty, os Dragões da Independência, a guarda de honra brasileira, vestida com capacetes dourados e uniformes do Século XIX, se colocam em formação para despedir os visitantes erguendo suas armas. De boa vontade, o mandatário venezuelano detém sua marcha por um pedido de entrevista para este diário, e responde: “é para o Página/12? Ótimo, deveriam publicar uma edição na Venezuela também”.
 
Ele acabava de concluir sua participação na Cúpula presidencial do Mercosul com um discurso que reforçou o seu repúdio ao novo tipo de movimento desestabilizador que se ensaia no Brasil, na Argentina e na Venezuela. As presidentas Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner tiveram intervenções durante o encontro onde também abordaram o tema, o que Maduro destaca como “gestos importantes”.
 
Antes de começar a gravação, o presidente elogiou seus colegas com um tom de voz que levemente ia crescendo, como se, em algum momento, ele sentisse que começava a fazer um discurso do balcão do Palácio de Miraflores, em Caracas. “Valentes! Elas se manifestaram de maneira direta, correta, contra aqueles que querem esmagar os nossos povos. Dignas! Entrego a elas a minha saudação com todo o respeito e afeto. São lutadoras, lutam contra as conspirações, contra as campanhas midiáticas”.
 
Sem dúvida, a 48ª Cúpula do Mercosul, na sexta-feira passada, foi dominada pelo alerta diante da avançada destituinte.
 
Não porque seja inédita em um subcontinente acostumado a manobras como as que aconteceram na Venezuela, em 2002, e no Paraguai, em 2012, além das tentativas na Bolívia (2008) e no Equador (2010), mas porque é a primeira vez que esse espectro ronda o gigante Brasil, que agora necessita de um cinturão de solidariedade continental.
 
A conversa com Maduro se deu na porta da chancelaria, a uns 300 metros do Congresso Nacional brasileiro, e a mais ou menos 1,5 quilômetro do Palácio Planalto, onde os telefones não param de tocar.
 
Isso porque enquanto Dilma recebia seus colegas sul-americanos, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciava sua ruptura com o governo e desarquivava um pedido de impeachment apresentado pelo militar retirado Jair Bolsonaro, reeleito no ano passado com uma plataforma que reivindica a tortura policial e a ditadura, “que nos salvou de ser uma Cuba totalitária, como a que queriam os terroristas que agora estão no Planalto”.
 
– Existem cada vez mais fantasmas?
 
– Existem fantasmas, claro. Porque os filhos da Operação Condor, de quarenta anos atrás, são agora os da Operação Abutre, que querem as nossas cabeças. Querem nos fazer desaparecer. Querem acabar com os governos progressistas, os processos de mudança, com os processos populares que construímos na nossa América Latina. Nós, na Venezuela, temos já dezesseis anos de experiência derrotando esses golpes de Estado, derrotando as guerras econômicas, as guerras psicológicas. O que aconteceu em todo esse tempo? Das 19 eleições realizadas no país, nós ganhamos da direita 18 vezes, e este ano vamos ganhar outra eleição (a legislativa, em dezembro), a de número 19. Mas eles não se importam, porque são golpistas, e vão continuar agindo da mesma forma.
 
– Há um mês atrás, senadores golpistas brasileiros foram visitar seus correligionários em Caracas.
 
– Bom, aquilo foi para fazer um gesto à direita mais violenta da Venezuela, a que acha que pode governar no grito. Eles realmente acham isso, que podem recuperar o poder em todos os nossos países da mesma forma que fizeram no passado. Eles foram os que governaram no nosso continente durante cem anos e ainda têm a mesma mentalidade autoritária, intervencionista, essa mentalidade pró-imperialista. Mas enfim, aqui estamos nós, para continuar derrotando essas manobras, e vamos derrotá-las.
 
– Você vê instabilidade no Brasil?
 
– Vemos uma grande força popular no Brasil, e se for desafiada ela vai reagir. Nós dissemos aqui que se tocam a Dilma, se tocam o Lula, o povo vai defender e vai triunfar.
 
Cuba
 
O automóvel oficial aguarda o presidente na Esplanada dos Ministérios, a ampla avenida do centro brasiliense, e Maduro avança sobre o tapete vermelho, pelo corredor feito de Dragões da Independência – possivelmente sufocados debaixo desses pesados chapéus metálicos dourados.
 
– Você me permite algumas perguntas a mais? Por exemplo, sua opinião sobre a retomada do diálogo entre Cuba e Estados Unidos.
 
– Muito bem… eu acho excelente. Uma grande conquista, uma grande vitória da Cuba revolucionária de Fidel. Se manteve de pé o tempo inteiro, e no final o imperialismo teve que reconhecer esse fracasso histórico.
 
– Isso contribui para a estabilidade na Venezuela?
 
– A estabilidade na Venezuela nós temos que sustentar a partir das nossas próprias forças, porque o império quer nos destruir. Bom, assim já está bem…
 
– Presidente, espera, o que o presidente Obama lhe disse na Cúpula das Américas (em abril no Panamá)?
 
– (indo embora) Ele (Obama) disse que deveria ser realista com respeito à Venezuela, nós somos uma realidade, eles não podem nos apagar, porque somos uma realidade, um projeto de inclusão que está bastante vivo.
 
Tradução: Victor Farinelli



Créditos da foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado
'Os filhos da Operação Condor são agora os da Operação Abutre' - Carta Maior

'Os filhos da Operação Condor são agora os da Operação Abutre' - Carta Maior

22/07/2015 - Copyleft

'Os filhos da Operação Condor são agora os da Operação Abutre'

Em entrevista, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denuncia um plano desestabilizador contra os governos populares da América do Sul.


Darío Pignotti

Marcos Oliveira/ Agência Senado
Brasília - Sem protocolo. Enquanto Nicolás Maduro caminha em direção ao portal de vidro do Palácio do Itamaraty, os Dragões da Independência, a guarda de honra brasileira, vestida com capacetes dourados e uniformes do Século XIX, se colocam em formação para despedir os visitantes erguendo suas armas. De boa vontade, o mandatário venezuelano detém sua marcha por um pedido de entrevista para este diário, e responde: “é para o Página/12? Ótimo, deveriam publicar uma edição na Venezuela também”.
 
Ele acabava de concluir sua participação na Cúpula presidencial do Mercosul com um discurso que reforçou o seu repúdio ao novo tipo de movimento desestabilizador que se ensaia no Brasil, na Argentina e na Venezuela. As presidentas Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner tiveram intervenções durante o encontro onde também abordaram o tema, o que Maduro destaca como “gestos importantes”.
 
Antes de começar a gravação, o presidente elogiou seus colegas com um tom de voz que levemente ia crescendo, como se, em algum momento, ele sentisse que começava a fazer um discurso do balcão do Palácio de Miraflores, em Caracas. “Valentes! Elas se manifestaram de maneira direta, correta, contra aqueles que querem esmagar os nossos povos. Dignas! Entrego a elas a minha saudação com todo o respeito e afeto. São lutadoras, lutam contra as conspirações, contra as campanhas midiáticas”.
 
Sem dúvida, a 48ª Cúpula do Mercosul, na sexta-feira passada, foi dominada pelo alerta diante da avançada destituinte.
 
Não porque seja inédita em um subcontinente acostumado a manobras como as que aconteceram na Venezuela, em 2002, e no Paraguai, em 2012, além das tentativas na Bolívia (2008) e no Equador (2010), mas porque é a primeira vez que esse espectro ronda o gigante Brasil, que agora necessita de um cinturão de solidariedade continental.
 
A conversa com Maduro se deu na porta da chancelaria, a uns 300 metros do Congresso Nacional brasileiro, e a mais ou menos 1,5 quilômetro do Palácio Planalto, onde os telefones não param de tocar.
 
Isso porque enquanto Dilma recebia seus colegas sul-americanos, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciava sua ruptura com o governo e desarquivava um pedido de impeachment apresentado pelo militar retirado Jair Bolsonaro, reeleito no ano passado com uma plataforma que reivindica a tortura policial e a ditadura, “que nos salvou de ser uma Cuba totalitária, como a que queriam os terroristas que agora estão no Planalto”.
 
– Existem cada vez mais fantasmas?
 
– Existem fantasmas, claro. Porque os filhos da Operação Condor, de quarenta anos atrás, são agora os da Operação Abutre, que querem as nossas cabeças. Querem nos fazer desaparecer. Querem acabar com os governos progressistas, os processos de mudança, com os processos populares que construímos na nossa América Latina. Nós, na Venezuela, temos já dezesseis anos de experiência derrotando esses golpes de Estado, derrotando as guerras econômicas, as guerras psicológicas. O que aconteceu em todo esse tempo? Das 19 eleições realizadas no país, nós ganhamos da direita 18 vezes, e este ano vamos ganhar outra eleição (a legislativa, em dezembro), a de número 19. Mas eles não se importam, porque são golpistas, e vão continuar agindo da mesma forma.
 
– Há um mês atrás, senadores golpistas brasileiros foram visitar seus correligionários em Caracas.
 
– Bom, aquilo foi para fazer um gesto à direita mais violenta da Venezuela, a que acha que pode governar no grito. Eles realmente acham isso, que podem recuperar o poder em todos os nossos países da mesma forma que fizeram no passado. Eles foram os que governaram no nosso continente durante cem anos e ainda têm a mesma mentalidade autoritária, intervencionista, essa mentalidade pró-imperialista. Mas enfim, aqui estamos nós, para continuar derrotando essas manobras, e vamos derrotá-las.
 
– Você vê instabilidade no Brasil?
 
– Vemos uma grande força popular no Brasil, e se for desafiada ela vai reagir. Nós dissemos aqui que se tocam a Dilma, se tocam o Lula, o povo vai defender e vai triunfar.
 
Cuba
 
O automóvel oficial aguarda o presidente na Esplanada dos Ministérios, a ampla avenida do centro brasiliense, e Maduro avança sobre o tapete vermelho, pelo corredor feito de Dragões da Independência – possivelmente sufocados debaixo desses pesados chapéus metálicos dourados.
 
– Você me permite algumas perguntas a mais? Por exemplo, sua opinião sobre a retomada do diálogo entre Cuba e Estados Unidos.
 
– Muito bem… eu acho excelente. Uma grande conquista, uma grande vitória da Cuba revolucionária de Fidel. Se manteve de pé o tempo inteiro, e no final o imperialismo teve que reconhecer esse fracasso histórico.
 
– Isso contribui para a estabilidade na Venezuela?
 
– A estabilidade na Venezuela nós temos que sustentar a partir das nossas próprias forças, porque o império quer nos destruir. Bom, assim já está bem…
 
– Presidente, espera, o que o presidente Obama lhe disse na Cúpula das Américas (em abril no Panamá)?
 
– (indo embora) Ele (Obama) disse que deveria ser realista com respeito à Venezuela, nós somos uma realidade, eles não podem nos apagar, porque somos uma realidade, um projeto de inclusão que está bastante vivo.
 
Tradução: Victor Farinelli



Créditos da foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado
'Os filhos da Operação Condor são agora os da Operação Abutre' - Carta Maior

Brasil reduziu evasão escolar em 64% com o ECA, diz Unicef - Carta Maior

28/07/2015 - Copyleft

Brasil reduziu evasão escolar em 64% com o ECA, diz Unicef

Brasil reduziu evasão escolar em 64%. Nos últimos 25 anos, país reduziu em 88,8% taxa de analfabetismo na faixa etária entre 10 e 18 anos


Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil (via Pragmatismo Político)

EBC
O relatório divulgado neste mês de julho pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra que desde a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) o Brasil reduziu em 64% a evasão escolar de crianças e adolescentes no ensino fundamental, passando de 19,6%, em 1990, para 7% em 2013. Segundo o Unicef, a implementação do ECA ajudou a reduzir a mortalidade infantil, de 47 óbitos de menores de um ano por mil nascido vivos, em 1990, para 15, em 2011.
 
“Há 25 anos o Brasil tomou a decisão certa. Uma legislação que alinhou o país aos princípios da Convenção Internacional dos Direitos da Criança da Nações Unidas”, disse o Gary Stahl, representante do Unicef no Brasil.
 
Conforme com o relatório ECA-25 anos do Unicef, nas últimas duas décadas e meia o Brasil reduziu em 88,8% a taxa de analfabetismo na faixa etária entre 10 e 18 anos de idade, passando de 12,5%, em 1990, para 1,4% e 2013, conforme dados do Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad).
 
Mortalidade
 
Em relação a mortalidade infantil, os efeitos do ECA, na avaliação do Unicef, fizeram com que o Brasil obtivesse melhores resultados que os vizinho da América do Sul, que o países desenvolvidos e também a taxa mundial. Enquanto o Brasil passou de 51.4 mortes de crianças menores de um ano para cada mil nascimento para 12.3 segundo a ONU, os países da América Latina registraram 42.7 para 15.2, os países em desenvolvimento 68.9 para 36.8 e mundo 62.7 para 33.6.
 
Essa redução, conforme o Unicef, deve-se, sobretudo, a ampliação da consultas de pré-natal no país desde a implementação do ECA. Enquanto em 1995, 10,9% das gestantes não tinham acesso a nenhuma consulta pré-natal, em 2011 caiu para 2,7%. O percentual de grávidas que fizeram sete ou mais consultas passou de 49% para 61,8 no mesmo período, segundo o relatório do Unicef. A organização internacional alertou, contudo, que ainda há 1,3 milhão de crianças sendo exploradas no país.
 
Trabalho infantil
 
A taxa de cobertura vacinal para poliomielite também foi ampliada no pós ECA, segundo o Unicef, passado de 58,2% das crianças com até quatro anos de idade para 96,6% da parcela da população que deve ser imunizada. Outra conquista do ECA apontada pelo Unicef foi a redução da incidência de criança trabalhando. De 1992 a 2013, o número de crianças entre 5 e 15 anos trabalhado no país de 5,4 milhões para 1,3 milhões. Uma queda de 73,6% na taxa de trabalho infantil para essa faixa etária.
 
“O ECA trata de tudo, desde a gestação da criança até os 18 anos de idade. A gente não tem que confundir o ECA e todo o bem que ele tem feito e o ambiente geral no Brasil [de preocupação com a violência]. O Brasil cuida bem das crianças, mas está vivendo uma situação de violência muito séria que precisa de uma resposta”, observou representante do Unicef no Brasil.
 
Desafios
 
Se o país melhorou indicadores importantes desde a sanção do ECA, na avaliação do Unicef ainda precisa superar problemas como o homicídios de adolescentes, que cresceu 110% de 1990 a 2013, passando de 5 mil para 10,5 casos por anos. De acordo com o relatório do Unicef, com base nos dados do Ministério da Saúde, 28 crianças e adolescentes foram assassinados por dia em 2013.
 
Outro desafio, segundo a Unicef, é reduzir a mortalidade de crianças indígenas, que hoje têm duas vezes mais risco de morrer antes de completar um ano de vida do que as demais crianças do país. O Brasil também precisa, na avaliação do Unicef, reduzir a mortalidade materna atualmente em 61,5 mortes por 100 mil nascidos vivos, quase o dobro do estabelecido pelos Objetivos do Milênio (ODM) da ONU, de 35 óbitos por 100 mil nascimentos.
 
Outro desafio apontado pelo Unicef no relatório ECA-25 anos é inclusão de 3 milhões de adolescentes pobres, negros, indígenas e quilombolas na escola. Em 2013, quase 700 mil crianças com idade entre 4 e 5 anos estavam fora do ambiente escolar. Apesar de ampliar as matrículas de adolescentes entre 15 e 17 anos, muito deles que deveriam estar no ensino médio ainda frequentam o ensino fundamental.


Créditos da foto: EBC
Brasil reduziu evasão escolar em 64% com o ECA, diz Unicef - Carta Maior

Como pensa a elite brasileira - Carta Maior

UMA CLASSE CALHORDA

22/07/2014 - Copyleft

Como pensa a elite brasileira

A elite brasileira comprou o livro de Piketty, O Capital no Século 21. Não gostou. Achou que era sobre dinheiro, mas o principal assunto é a desigualdade.


Antonio Lassance

.

A elite brasileira é engraçada. Gosta de ser elite, de mostrar que é elite, de viver como elite, mas detesta ser chamada de elite, principalmente quando associada a alguma mazela social. Afinal, mazela social, para a elite, é coisa de pobre.

A elite gosta de criticar e xingar tudo e todos. Chama isso de liberdade de expressão. Mas não gosta de ser criticada. Aí vira perseguição.

Quando a elite esculhamba o país, é porque ela é moderna e quer o melhor para todos nós. Quando alguém esculhamba a elite, é porque quer nos transformar em uma Cuba, ou numa Venezuela, dois países que a elite conhece muito bem, embora não saiba exatamente onde ficam.

Ideia de elite é chamada de opinião. Ideia contra a elite é chamada de ideologia.

A elite usa roupas, carros e relógios caros. Tem jatinho e helicóptero. Tem aeroporto particular, às vezes, pago com dinheiro público - para economizar um pouquinho, pois a vida não anda fácil para ninguém.

A elite gosta de mostrar que tem classe e que os outros são sem classe.

Mas, quando alguém reclama da elite por ser esnobe, preconceituosa e excludente, é acusado de incitar a luta de classes.

Elite mora em bairro chique, limpinho e cheiroso, mas gosta de acusar os outros de quererem dividir o país entre ricos e pobres. 

O negócio da elite não é dividir, é multiplicar.

A elite é magnânima. Até dá aulas de como ter classe. Diz que, para ser da elite, tem que pensar como elite. 

Tem gente que acredita. Não sabe que o principal atributo da elite é o dinheiro. O resto é detalhe.

A elite reclama dos impostos, mesmo dos que ela não paga. Seu jatinho, seu helicóptero, seu iate e seu jet ski não pagam IPVA, mesmo sendo veículos automotores.

Mas a elite, em homenagem aos mais pobres e à classe média, que pagam muito mais imposto do que ela, mantém um grande painel luminoso, o impostômetro, em várias cidades do país.

A elite diz que é contra a corrupção, mas é ela quem financia a campanha do corrupto.

Quando dá problema, finge que não tem nada a ver com  a coisa e reclama que "ninguém" vai para a cadeia. "Ninguém" é o apelido que a elite usa para designar o pessoal que lota as cadeias.

A elite não gosta do Bolsa Família, pois não é feita pela Louis Vuitton.

A elite diz que conceder benefícios aos mais pobres não é direito, é esmola, uma coisa que deixa as pessoas preguiçosas, vagabundas.

Como num passe de mágica, quando a elite recebe recursos governamentais ou isenções fiscais, a esmola se transforma em incentivo produtivo para o Brasil crescer.

A elite gosta de levar vantagem em tudo. Chama isso de visão. Quando não é da elite, levar vantagem é Lei de Gérson ou jeitinho.

Pagar salário de servidor público e os custos da escola e do hospital é gasto público. Pagar muito mais em juros altos ao sistema financeiro é "responsabilidade fiscal".

Quando um governo mexe no cálculo do dinheiro que é reservado a pagar juros, é acusado de ser leniente com as contas públicas e de fazer "contabilidade criativa".

Quando o governo da elite, décadas atrás, decidiu fazer contabilidade criativa, gastando menos com educação e saúde do que a Constituição determinava, deram a isso o pomposo nome de "Desvinculação das Receitas da União" -  inventaram até uma sigla (DRU), para ficar mais nebuloso e mais chique.

A elite bebe água mineral Perrier. Os sem classe se viram bebendo água do volume morto do Cantareira.

A elite gosta de passear e do direito de ir e vir, mas acha que rolezinho no seu shopping particular é problema grave de segurança pública.

A elite comprou o livro de um francês, um tal Piketty, intitulado "O Capital no Século 21". Não gostou. Achou que era só sobre dinheiro, até descobrir que o principal assunto era a desigualdade.  

A pior parte do livro é aquela que mostra que as 85 pessoas mais ricas do mundo controlam uma riqueza equivalente à da metade da população mundial. Ou seja, 85 bacanas têm o dinheiro que 3,5 bilhões de pessoas precisariam desembolsar para conseguir juntar.

A elite não gostou da brincadeira de que essas 85 pessoas mais ricas do mundo caberiam em um daqueles ônibus londrinos de dois andares.

Discordou peremptoriamente e por uma razão muito simples: elite não anda de ônibus, nem se for no andar de cima.
 
Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do IPEA

Como pensa a elite brasileira - Carta Maior

50 frases clássicas de escritores célebres | Revista Bula

50 frases clássicas de escritores célebres | Revista Bula

» Como o Brasil vai se imbecilizando com uma mídia imbecilEntre Fatos

» Como o Brasil vai se imbecilizando com uma mídia imbecilEntre Fatos

A prisão do pai do programa nuclear brasileiro | GGN

Um atentado contra a comunidade científica brasileira.

A prisão do pai do programa nuclear brasileiro

Na operação Eletrobrás, a Lava Jato prendeu o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Seu nome apareceu na delação premiada de Danton Avancini, diretor da Camargo Correia, que lhe teria feito três pagamentos.
Ainda há que se esperar o processo final. Hoje em dia tem-se um grupo de procuradores e delegados avalizados por um juiz e, por um conjunto de circunstâncias históricas, donos do poder absoluto de levantar provas, julgar e condenar sem a possibilidade do contraditório, valendo-se de forma indiscriminada da parceria com grupos jornalísticos.
Em outros momentos, o uso indiscriminado de denúncias por jornais produziu grandes enganos e manipulações.
É possível que Othon seja culpado, é possível que não seja, pouco importa: desde hoje está na cadeia o pai do programa nuclear brasileiro.
O Brasil deve a Othon o maior feito de inovação da sua história moderna: o processo de enriquecimento de urânio através de ultra centrífugas. Foi um trabalho portentoso, que sobreviveu às crises do governo Sarney, ao desmonte da era Collor, aos problemas históricos de escassez de recursos, enfrentando boicotes externos, valendo-se de gambiarras eletrônicas para contornar a falta de acesso a componentes básicos, cuja exportação era vetada por países que já dominavam a tecnologia.
Aqui, um perfil de Othon trazido pelo nosso blogueiro Athos:

Quem é Othon Luiz Pinheiro da Silva? 
 
No dia 14 de Setembro desse ano(artigo de 2011), o Dr. Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu o título de Pesquisador Emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) durante a comemoração dos 55 anos do instituto (veja o evento nesse link). Chamado até de "lenda viva" na cerimônia, há quem diga que conhecer a carreira de Othon é conhecer a História da energia nuclear no País.

E você leitor, sabe quem é "esse cara"?


CURRICULUM VITAE

Nascido em 1939 em Sumidouro (RJ), Othon formou-se pela Escola Naval em 1960, iniciando sua carreira na Marinha no quadro de Oficiais do Corpo da Armada. Formou-se em Engenharia Naval pela Escola Politécnica de São Paulo em 1966, atuando como engenheiro naval do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) entre 1967 e 1974. Em 1978, Othon obteve sua especialização em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT).

Foi Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN entre 1982 e 1984 e foi fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.

É o autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio e da instalação de propulsão nuclear para submarinos.

Atingiu, na Marinha do Brasil, o mais alto posto para os Engenheiros Navais: o de Vice-Almirante.

Desde outubro de 2005, exerce a presidência da Eletronuclear – Eletrobrás Termonuclear, empresa sediada no Rio de Janeiro, responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras.

Já recebeu diversos prêmios, entre os quais a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico por serviços prestados à ciência e à tecnologia, prêmio este oferecido em 1994 pelo então presidente da República Itamar Franco.


OTHON E O PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA

"Othon começou o projeto de separação isotópica do Urânio com muita criatividade, liderança e engenharia reversa", disse o Dr. Spero Penha Morato, ex-superintendente do Ipen, em seu discurso em homenagem ao Dr. Othon, na cerimônia de entrega do título de pesquisador emérito.

O projeto, que começou em 1979, produziu os primeiros resultados em laboratório já em 1982: a conversão do yellowcake (U3O8) em hexafluoreto de urânio (UF6), etapa que antecede o enriquecimento isotópico. O passo seguinte foi a produção de 24 toneladas de hexafluoreto de Urânio através do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Para o enriquecimento isotópico, Othon desenvolvia, paralelamente à conversão e de forma secreta, centrífugas de última geração, com mancais magnéticos que minimizam o atrito. A única forma de entender rapidamente o funcionamento destes mancais naquela época era serrando uma bomba de vácuo com o mesmo tipo de mancais que havia no IPEN. E Othon fez isso, irritando, claro, muitas pessoas no projeto. Mas, foi com lances ousados como este - acrescentou o Dr. Spero Morato - que Othon pôs o seu projeto para frente.

O jornalista Lourival Sant'anna publicou, em 2004, uma reportagem no jornal O Estado de São Paulo revelando alguns fatos interessantes que marcaram o projeto. Reproduzo, abaixo, boa parte dessa matéria.

Em 1974, Othon Luiz Pinheiro da Silva, então um capitão-de-corveta de 35 anos, foi escalado para acompanhar a construção de submarinos brasileiros da classe Tonelero num estaleiro da Inglaterra. O jovem oficial estava indo a contragosto. Um mês antes de sua sombria partida, no entanto, um almirante sugeriu ao então ministro da Marinha, Geraldo Azevedo Henning, que o enviasse para o Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, para uma pós-graduação em engenharia nuclear.

O ministro Henning, que havia feito uma viagem da Bahia para o Rio em um submarino nuclear americano e ficara entusiasmado, acatou a sugestão. Até então, o contato mais estreito de Othon com energia nuclear tinha sido uma visita ao reator do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em 1967, quando terminava o curso de engenharia naval na Politécnica da USP.

O Brasil já havia comprado em 1972 o reator de Angra 1, da americana Westinghouse, com a promessa de fornecimento de combustível – processado nos EUA – por 30 anos. Mas, em 1974, começou-se a levantar dúvidas sobre as garantias desse fornecimento. No ano seguinte, o general Ernesto Geisel firmava o acordo nuclear com a Alemanha, que incluía não só as centrais, mas também o ciclo de enriquecimento de urânio.

Até a década de 70, o minério era enriquecido por “difusão gasosa”. Um novo método, mais eficiente e econômico, o da ultracentrífuga, vinha sendo desenvolvido, e o primeiro a dominá-lo em escala comercial foi o consórcio Urenco, formado por Inglaterra, Holanda e Alemanha. O Brasil queria essa tecnologia.

Na última hora, no entanto, os alemães informaram que não poderiam incluí-la no pacote, porque a Holanda, por pressão americana, tinha vetado sua venda ao Brasil. Em seu lugar, os alemães ofereceram aos brasileiros o jet nozzle, um método “muito promissor”, segundo eles, de separação do urânio 238 do 235. Enriquecer urânio é aumentar o teor de 235. Na natureza, o urânio 235 representa apenas 0,7% do minério e o 238, os outros 99,3%. “Quem tivesse feito um curso razoável de física no ensino médio já não compraria esse método”, ironiza Othon. O professor Manson Benedict, um papa do MIT em energia nuclear, deu na época uma aula sobre o jet nozzle, concluindo: “Os brasileiros acreditaram e compraram isso”.

Em 1979, quando Othon voltou ao Brasil, a Marinha não sabia o que fazer com ele. Depois de quatro ou cinco dias de hesitações, levaram o recém-promovido capitão-de-fragata até o diretor-geral de Material da Marinha, o almirante Maximiano da Fonseca. “Você, que cursou esse negócio, quais as nossas chances de ter uma produção nuclear aqui no Brasil?”, perguntou-lhe, de chofre, o almirante. Othon pediu três meses para redigir um relatório. O oficial ficou subordinado à Diretoria de Engenharia. Ao se apresentar, ouviu de seu novo chefe: “Evidentemente não pode ficar um oficial por conta só dessas coisas nucleares”. Othon passou a dividir sua carga horária com o cargo de gerente de um projeto de navio de apoio fluvial. Assim começava o programa de pesquisa nuclear brasileiro: com um oficial em meio expediente.

Othon propôs que o Brasil desenvolvesse sua própria tecnologia. Em outubro de 1978, o então contra-almirante Mário César Flores, do Estado-Maior da Marinha, convocou Othon para dar explicações, depois de ouvir especialistas. A caminho de Brasília, Othon se encontrou no aeroporto com o comandante João Maria Didier Barbosa Viana, que também tinha feito engenharia nuclear no MIT. “Segui o seu caminho”, contou-lhe Othon. “Então você deve estar indo a Brasília pelo mesmo motivo que eu”, especulou Didier. “Tem um louco dizendo que é possível desenvolver o ciclo do combustível nuclear no Brasil.”

Othon passou o dia inteiro respondendo às perguntas que um capitão-de-mar-e-guerra pós-graduado em Monterey (Califórnia) formulava, enquanto Flores fingia ler um jornal. O oficial saiu com a sensação de que tinha ido a Brasília à toa. Pouco mais de um mês depois, foi chamado de novo. “Vai ser outra chatice”, pensou. “Este oficial foi escalado para uma das missões mais importantes que um oficial da Marinha já teve no Brasil”, anunciou solenemente o vice-chefe do Estado-Maior da Marinha, Arthur Ricart da Costa, apresentando Othon ao seu chefe, o almirante Carlos Auto de Andrade. “Deus o ilumine.”

Othon veio para São Paulo e começou a “costurar alianças” com instituições como o Ipen, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Centro Técnico Aerospacial (CTA), em São José dos Campos, que estava desenvolvendo um método de enriquecimento de urânio com raio laser. Depois de consultar especialistas, Othon constatou que a opção do laser não seria viável nos próximos 20 anos, e se fixou na ultracentrífuga.

O objetivo último da Marinha era desenvolver reatores e todos os demais equipamentos da propulsão para submarinos movidos a energia nuclear. Se um submarino movido a diesel – como os que o Brasil usa – partir da Baía de Guanabara, em sua velocidade máxima, antes de chegar a Cabo Frio terá de se aproximar da superfície para o snorkel tomar ar, para pôr em funcionamento seu motor e assim recarregar as baterias. Navegando próximo à superfície, pode ser captado com facilidade por sensores infravermelhos. Para ficar no máximo dez dias no fundo, um submarino a diesel tem de se manter praticamente parado. O submarino nuclear projetado pela Marinha trocaria de combustível em dez anos. O limite de permanência no fundo seria de 45 dias.

Entretanto, a Marinha concluiu que em primeiro lugar era preciso viabilizar o ciclo do combustível e adquirir capacidade de enriquecer urânio. “Autonomia é muito importante”, diz Othon, que aos 65 anos tem hoje uma empresa de consultoria na área de energia. “Inspirei-me na solução que eu imaginei que os americanos estavam desenvolvendo na época em que eu era aluno do MIT, mas com a qual nunca tive contato”, conta o almirante. “É óbvio que a centrífuga americana é muito mais espetacular que a nossa.” Mas, segundo ele, a brasileira sai muito mais barato e os materiais importados necessários para sua fabricação não entram no rol dos itens nucleares sensíveis, sujeitos a embargos internacionais.

O programa capacitou indústrias brasileiras a fabricar as válvulas, sensores e medidores das centrífugas. Othon recrutou cientistas e técnicos do Brasil todo. “Onde tivesse alguém que pudesse ajudar, a gente ia conversar.” O sigilo era resguardado por um termo de compromisso. “Foram 14 anos da minha vida, cada dia um desafio”, lembra o hoje almirante da reserva, que dirigiu o programa entre 1979 e 94. Inicialmente, o projeto era secreto e ficou abrigado num departamento fictício, criado para isso, chamado de Coordenação para Projetos Especiais (Copesp), dentro da Comissão Naval de São Paulo.

A primeira dificuldade de Othon foi formar equipe. Quando assumiu, em 1979, o general João Baptista Figueiredo baixou portaria proibindo contratações no setor público. Othon recorreu ao Estado de São Paulo – e a uma artimanha. Fez um memorando à Secretaria de Ciência e Tecnologia, solicitando a contratação de 20 engenheiros e 40 técnicos para trabalhar no Ipen, num “projeto de interesse das Forças Armadas”. Se assinasse sozinho, no entanto, ficaria fácil para a secretaria pedir a análise do Estado-Maior da Marinha, onde o memorando provavelmente pararia. Então Othon pediu a um tenente-coronel da FAB que também assinasse. “Assim, não vão saber para que Força perguntar.” Deu certo.

De posse dessa contratação, Othon, na época capitão-de-fragata, atreveu-se a saltar a hierarquia e procurar o então ministro da Marinha, Maximiano da Fonseca: “Almirante, estou numa situação complicada. O Estado de São Paulo colocou 20 cientistas no projeto, liderado pela Marinha, e ela não colocou nenhum”. No fim, conseguiu convencer o ministro a contratar o dobro de cientistas e técnicos. “Fiquei com um exército de 60 engenheiros e 120 técnicos”, exulta Othon. No seu auge, no início dos anos 90, o programa chegaria a ter 680 engenheiros trabalhando internamente e outros 300 do Departamento de Pesquisa de Reatores do Ipen, do qual Othon era chefe.

Mas nem tudo era ciência: habilidade e jeitinho também contaram. Othon lembra que uma centrífuga antiga, importada na década de 50, utilizada para treinar equipes e dissimular o esforço principal do projeto, havia parado porque tinha um eixo flexível que quebrava com freqüência e tinha de ser trazido da Alemanha. “Eu tinha um técnico, Zequinha, muito habilidoso, que fazia um eixinho novo em três dias. Levei para ele o projeto e fizemos o primeiro juntos”, conta Othon. “No Arsenal de Marinha, não precisava importar. Era só ligar para o Zequinha.”

Em 1987, num gesto de distensão, o então presidente José Sarney decidiu trazer seu colega argentino, Raúl Alfonsín, para a entrada em operação de um conjunto de 48 centrífugas em Aramar. A inauguração estava marcada para 15 de março. Algumas semanas antes, o indiano naturalizado brasileiro Kesavan Nair, doutor em física de reatores mas também astrólogo, procurou Othon, com uma expressão preocupada: “Quinze de março ‘não bom’”, disse, mostrando uma listagem de computador, na qual uma nuvem negra cobria a data.

Othon ligou para o então ministro da Marinha, almirante Henrique Saboia. “Você acredita nisso?”, perguntou o ministro. “Não”, respondeu Othon. “Eu também não, mas, por via das dúvidas, pergunte quando está bom para inaugurar.” A partir de 28 de março, informou o indiano. Saboia foi falar com Sarney. Mais tarde, ligou para Othon: “Não se preocupe. O presidente é mais supersticioso que nós dois juntos.” A cerimônia ficou para 8 de abril.

Othon guarda até hoje uma planilha de todos os custos do projeto, ano a ano. No total, foram gastos US$ 663 milhões. Aí estão incluídos: o desenvolvimento do ciclo de combustível (projeto Ciclone), da propulsão do submarino (projeto Remo), do submarino propriamente dito, e a infra-estrutura.

“Desafio a me mostrarem no mundo todo um desenvolvimento do ciclo do combustível e da propulsão nuclear com esse custo”, diz ele. Quando deixou o programa, havia quase 700 centrífugas na “colônia”, em Aramar, pelas quais o urânio vai passando e enriquecendo-se gradualmente. A centrífuga americana enriquece bem mais do que a brasileira. A diferença está no custo, que Othon ilustra assim: digamos que sejam necessárias 20 centrífugas brasileiras para produzir o que uma americana produz. Acontece que o custo de 20 brasileiras é menor que o de uma americana.

Em 1994, o Vice-Almirante Dr. Othon Pinheiro da Silva, com 55 anos, teve de deixar o projeto ao completar seu tempo de serviço militar ativo. Os detalhes desse projeto ainda são mantidos a sete chaves, sob pena de prisão pelo vazamento de segredos científicos.

O fato é que o desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação de urânio é um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil e o Dr. Othon teve um papel fundamental nisso guiado pelo lema do CTMSP: “Tecnologia Própria é Independência”.

Uma salva de palmas!


A prisão do pai do programa nuclear brasileiro | GGN