Editoria Online
Em greve, professores marcham pela sexta vez em São Paulo
Docentes estão paralisados há quase 50 dias por reajustes salariais e contra superlotação em sala de aula
Por Cinthia Rodrigues
Um dia depois de vídeos dos professores da rede estadual de São Paulo quebrando vidros da porta da sede da Secretaria de Educação aparecerem nos telejornais e na internet, os educadores marcharam pela sexta vez para chamar atenção para sua greve contra cortes de salas de aula, superlotação e por reajustes.
Uma faixa preta voltada para o céu se dirigia aos prédios e possíveis helicópteros com os dizeres SOS Educação Pública. Das 14h30 às 17h, a única aeronave que pairou sobre os professores na Avenida Paulista foi a da Polícia Militar. No começo da manifestação o Choque isolou o Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde os manifestantes se concentravam. "Não é de hoje que este governo nos trata como bandidos", disse o professor Rodrigo da Silva Marques, de Geografia, de Ourinhos. Ele viajou 400 quilômetros para participar do protesto e está sem dar aulas há 42 dias. Segundo conta, a escola em que trabalha está totalmente paralisada e todas da cidade foram afetadas.
A falta de notícia da greve após mais de um mês e a negação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de que haja adesão significativa são motivo de revolta para os docentes. Discursos e cartazes comparam a fala do tucano sobre a paralisação dos professores a que fez durante a eleição, de que não havia racionamento de água.
Os professores também andam com holerites para mostrar quanto realmente ganham. Paulo de Souza mostra que recebeu R$2,7 mil líquidos no mês passado, sendo R$1 mil relativos a adiantamento de décimo terceiro devido a seu aniversário. "Dou 28 aulas por semana, fora reuniões e preparo de aula. É muita cara de pau dizer que o salário do professor é minimamente razoável".
Outro professor de São Paulo, Alessandro Trevisan, também de Geografia, conta que estava na Praça da República quando houve a tentativa de invasão na quinta-feira. "O sindicato foi negociar, não recebeu qualquer proposta e a ala mais radical fez aquilo. Não durou cinco minutos". Em assembleia, os professores decidiram manter a greve que na semana que vem completará 50 dias.
Publicado na edição 95, de 0 de 2015
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