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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A revolução que não faz barulho — Conversa Afiada

Nordestino, filho de um servido público federal lotado no DNOCS e de família fortemente ligada ao sertão, tive a oportunidade de conviver e conhecer intimamente os problemas históricos que afetavam a região e para os quais não se vislumbrava qualquer possibilidade de superação em médio prazo.

Apreciador da literatura regionalista de 30, pude verificar que desde lá, quando já denunciavam o caráter imutável daquela dura realidade, marcada pela carência e pela violência, quase nada mudara. A esperança era uma miragem sob o sol causticante do semi árido e o azedume na garapa da cana plantada no agreste.  

Em razão disso, concordo com o título da matéria no que se refere ás mudanças profundas e radicais que se operaram no NE durante os governos petistas. Uma verdadeira revolução na vida de seus habitantes que desde então deixaram de fugir em debandada para outras regiões e capitais nordestinas. Nem precisava de seca para isso. Gerações cumpriram esse inevitável destino. Bastava chegar o período da estiagem que segue a quadra chuvosa, para muitos correrem para as cidades maiores onde saqueavam armazéns ou plantavam-se nos semáforos com as mãos estendidas a suplicar pela caridade pública. Os que não retornavam com as chuvas, fixavam se nas favelas e nas periferias, onde levavam vida tão ou mais precária do que tinham em seus rincões de origem.

O voto era o que se dava em função do vínculo de dependência em favor da elite local ou da troca por prebendas supérfluas e de pouco valor para sua sobrevivência. Menos ainda podia significar alguma efetiva melhora de vida. Em seguida, os eleitos fatalmente viravam lhes as costas, dedicando se a promover políticas que visavam garantir a manutenção daquele estado de coisas.

A massa de miseráveis disponível a toda hora e a todo momento para a realização de qualquer tarefa e serviço era o grande capital econômico e político de que dispunha a elite nordestina e para além dela, as de outras regiões, especialmente a sudestina. Era a certeza de se contar com um exército de reserva que no plano mais geral garantia o salário rebaixado de toda a mão de obra nacional.

Era nordestino o operário da construção civil a levantar os gigantescos edifícios nas economias mais prósperas do Sul/Sudeste. Era o garçom. a doméstica e o lixeiro. Era também o escravo nas grandes propriedades do Centro Oeste e a prostituta nos cabarés e na beira das estradas disponibilizando seu corpo para o prazer alheio,  a preço aviltado.

O nordestino não vendeu seu voto ao PT. Muito pelo contrário, foi o PT que proporcionou a essa população a dignidade do voto consciente, depositado em função do fato concreto e inegável de que esse governo mudou de modo determinante a vida do povo.  

A revolução que não faz barulho — Conversa Afiada

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