Uma coisa vem me preocupando nessa legítima campanha em
favor da destituição de Eduardo Cunha do comando da Câmara dos deputados. Sou
favorável a essa iniciativa por conta de todos os abusos que esse senhor vem
cometendo no exercício da relevante função que muito mal desempenha, ao demonstrar desequilíbrio, autoritarismo e desfaçatez ilimitada. Seus procedimentos são reprováveis em todos os
aspectos. Apela para manobras regimentais a fim de alterar votações que tenham
anteriormente resultado em derrota para ele, chantageia o governo a céu aberto,
constrange seu próprio partido e fez uso de cadeia de rádio e televisão para
açodar e tumultuar o ambiente político nacional. Um
político com essas características representa grau elevado de risco para a
democracia. Ocupando posição tão estratégica na estrutura de poder, o que fizer
tende a produzir efeitos que no seu caso, podem ser desastrosos..
Seriam motivos suficiente para chutar o “cunhado”(reinado do
Cunha) da câmara.
Entretanto, não foram essas as razões que levaram à grita por
sua saída da chefia do parlamento. O que
preocupa de fato é que tenha eclodido no contexto e a partir de denúncias
feitas em uma operação que reputo tão
ilegítima e golpista quanto as ações do achacador. Nivela-se por serem duas
vertentes da mesma causa. Uma serpente de duas cabeças em que uma engole a outra, fechando um círculo em torno da presa.
Assim como os vaqueiros saídos da Casa da Torre na Bahia, a tanger gado pelo sertão adentro, povoando de currais as margens dos rios e interiorizando a colonização do Nordeste luso americano, perfazendo dois caminhos que Capistrano de Abreu denominou de “caminho de dentro” e “caminho de fora”, as duas forças golpistas se distinguem pelos percursos que se propõem fazer. Cunha, parlamentar do partido que hegemoniza a base aliada do governo, faz o seu caminho de dentro e a oposição, junto com o terceiro e o quarto poder, judiciário e mídia somados a instituições estatais avulsas, como o MP e a PF, envereda pelo caminho de fora. O ponto de chegada é o mesmo.
Assim como os vaqueiros saídos da Casa da Torre na Bahia, a tanger gado pelo sertão adentro, povoando de currais as margens dos rios e interiorizando a colonização do Nordeste luso americano, perfazendo dois caminhos que Capistrano de Abreu denominou de “caminho de dentro” e “caminho de fora”, as duas forças golpistas se distinguem pelos percursos que se propõem fazer. Cunha, parlamentar do partido que hegemoniza a base aliada do governo, faz o seu caminho de dentro e a oposição, junto com o terceiro e o quarto poder, judiciário e mídia somados a instituições estatais avulsas, como o MP e a PF, envereda pelo caminho de fora. O ponto de chegada é o mesmo.
Na verdade a lava
jato já é suspeita desde as eleições. Por via dela cometeram se abusos absurdos
que revelam não ser o combate à corrupção o seu real propósito.
Vazamentos seletivos, manifestação de preferências políticas pelos responsáveis nas investigações, antecedentes tucanos do
juiz, prisões improcedentes, sendo algumas delas fruto de equívocos grotescos
originados de delações até agora não comprovadas publicamente. Enfim, são
tantas as irregularidades e abusos praticados na lava jato, que isso nos faz pensar se não é chegada a
hora de se investigar a investigação. É uma lástima que parcela considerável
da nação esteja tão destituída de juízo crítico e de informação, ao ponto de
acreditar em versões e narrativas que beiram a fábula, desobedecem à lógica e
corrompem a história passando ao largo dos fatos.Sendo o caso dos zumbis televisivos e dos ingênuos, é também
o de quem acha que a voz do povo é a voz de Deus, e se tá todo mundo dizendo a
mesma coisa... Então é.
Nesta categoria podemos enquadrar os fanáticos. Por
que... São fanáticos.
Não é, no entanto, o caso dos cínicos. Estes sabem
perfeitamente bem do que se trata. Mas por contarem com interesses e vantagens materiais em jogo, ou simples má formação de caráter, chancelam e
reproduzem essas interpretações com foros de verdade garantida.
Será que a ofensiva sobre Cunha não representa a passagem de
um roteiro que ao fim e ao cabo procura apenas legitimar medida de mesma
natureza contra aquela cujos apoiadores aplaudem agora a desdita do peemedebista? Se por acaso tentarem tolher o mandato da presidenta com base em delações feitas na investigação caolha, conforme já cogitam e ameaçam fazer, o que diremos?
Todo o esforço no sentido de abalar o mandato da petista
está saindo da esfera do parlamento e concentrando-se no
judiciário. Pela via do TCU, que apesar
do nome não é exatamente um órgão do judiciário, não será possível o golpe
final, apesar do estardalhaço feito em torno das chamadas “pedaladas fiscais”. Isso apenas engrossa o caldo e pode atingir diretamente programas sociais como a bolsa
família que está no centro dos questionamentos das tais "pedaladas". Há de se
recordar que foi devido a um atraso no pagamento do benefício em maio de 2013,
acompanhado do boato de sua extinção, amplamente repercutido pela imprensa, que abriu-se a agenda tumultuária em junho daquele ano. Basta um simples
exercício de imaginação projetando-se o quadro em que o governo se veja
impossibilitado de dar sequência aos pagamentos do programa por conta de possível interdição pelo TCU, para ter ideia das consequência que poderão
advir do molho apimentado com que pretende temperar o prato golpista. O governo
se verá atingido numa coluna fundamental de sua sustentação política e social. E
se por acaso for difícil cassar o mandato,
restará a alternativa de assistir se ao sangramento em profusão causado pelo estiolamento do principal programa social dentro mesmo dos marcos cronológicos
do governo petista. Que ótimo,
assim não terão de arcar com o desgaste de sua extinção após o fim da Era PT. Ironicamente o desgaste já terá recaído sobre os ombros do partido de Lula.
Mas a contribuição do judiciário será a mais decisiva. Reprovando as contas de campanha de Dilma no
TSE, ao conseguirem estabelecer suposta relação com oportuna delação na lava
jato. Sendo a prova um mero e dispensável detalhe, como tem sido ao longo de toda a história da lava jato, contarão com o argumento necessário e suficiente para justificar a
abertura do processo de cassação no STF. Essa fórmula dispensa o
impeachment e por consequência a interferência do legislativo.
Aos que protestarem, ouvirão a resposta já pronta e
engatilhada na ponta da língua do golpista. "Se vocês consideraram correto excluir
a Cunha da presidência da câmara por conta das denúncias contra ele na lava
jato, que autoridade tem agora para questionar as acusações contra Dilma
na mesma operação?"
Golpeados então pela boca estarão.
Golpeados então pela boca estarão.
Tudo limpinho & cheiroso, conforme manda o figurino.
Obs.: Isso é só uma teoria da conspiração, embora as conspirações
nunca tenham precisado de teorias para acontecer.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/os-delegados-da-pf-tinham-tanta-certeza-de-que-o-golpe-daria-certo-que-deixaram-digitais.html
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