A greve dos professores
nasceu impetuosa, cresceu a ponto
de ter sido a maior, estendeu se pelo tempo, perdendo impulso até estagnar. E
como água parada não move moinho, só serve de shopping para mosquitos e demais agentes infecciosos.
Sem uma deliberação
democrática e responsável em assembleia, a categoria fica a mercê da sorte, do arbítrio do governo
e do judiciário.
Camilo Santana ameaça agora com nova investida judicial,
depois de antes ter desistido dessa via, preferindo apostar no cansaço... Negociou,
negociou, sem chegar ao ponto que
queriam os professores. Na verdade, já nem
se sabe mais qual é.
Por acaso, seria o
reajuste? Mas a essa altura alguém ainda
conta com isso? Os que retornaram para
sala de aula sem deliberação de assembleia o fizeram em troca de... Nada. Provavelmente, entre eles, se encontre muitos
dos que diziam só retornar em troca de tudo. E foi por tudo que diluíram o item
relativo aos ganhos remuneratório em meio à uma miscelânea de propostas, para as quais o governo acabou dando resposta sem com isso lograr que a categoria recuasse
da greve.
Só na fase mais recente, os ganhos retornaram como eixo central da greve. E mesmo assim, amarrada pela insistência sectária em não abrir mão do
percentual de 12,67%.
O mesmo sectarismo
nas assembleias impediu à categoria debater alternativas que possibilitassem a
superação do impasse no instante em que a greve ainda apresentava elevado grau
de adesão. Com o esgotamento da greve,os professores decidiram a revelia da
assembleia com a maioria retornando às
escolas mal iniciado o mês.
Sendo pouco provável que o governo retire a proposta, embora
não seja esta, aquilo que se almejava,é forçoso reconhecer que não se está em
posição de fazer escolhas. E não
exatamente porque o governo tenha “derrotado” os professores. Basta considerar o contexto de crise em que o país vive, que
os gestores facilmente convertem num forte argumento para justificarem
sua posição, assim como , a sequencia de
greves que se desenrolam desde o ano passado, sendo algumas delas nos estados
mais ricos da federação, por pouco não dá
pra dizer que foi uma vitória. Sai da greve com ganho remuneratório extensivo aos
aposentados e com outros compromissos ma pauta, , em situação melhor do que
quando entrou, em que Camilo acenava com zero por cento.
Caolho em terra de cego é Rei.
Entretanto, existe quem não tenha nenhum interesse nesse
resultado... E em resultado algum, a bem
da verdade. Sua vitória é a própria greve, encerrá-la, em qualquer
circunstância, significa a maior das derrotas, sendo tratado como ato de
traição. Procuram chutar pra frente qualquer possibilidade de solução e, mesmo
que se chegue a um bom resultado, vai desdenhá-lo e contrapô-lo ao que seria um
resultado “ideal”. Sentindo a aproximação de um acordo, tratam de fazer um puxadiinho
na pauta, acrescentando propostas que via de regra, estão para além da capacidade da luta de apenas uma
categoria, em uma determinada ocasião, resolver.
Um eficiente trabalho de propaganda junto à base permite convencê-la de ser algo
factível naquela conjuntura. O que nem sempre é verdade. Exigir numa greve a solução definitiva para as deficiências do
ISSEC ou a universalização do vale refeição, por exemplo. Embora sejam demandas
legítimas, presentes normalmente nas pautas e perfeitamente passíveis de serem
obtidas em certa altura das lutas. É, no entanto, sabotar o esforço de uma
greve condicionar seu encerramento à aceitação de proposta dessa envergadura. São conquistas
que exigem maior acúmulo para serem obtidas. Mas estão muito longe de serem
impossíveis.
É a hora do proselitismo político ideológico, cuja legitimidade
e o direito de exercê-lo sem entraves e impedimentos são inquestionáveis. Pena que
a horda oposicionista não prime por garantir o mesmo aos demais. Quando se trata de ano eleitoral então, como é o
caso, aumenta exponencialmente o enxame em busca de um palanque 0800, bancado pelo chapéu da Apeoc, melhor dizendo, dos associados.
Esses segmentos buscam a todo custo submeta o movimento à sua agenda político ideológico
eleitoral, o que distorcendo e empurrando para resultados desagradáveis. .
Embora não seja a proposta ideal, nem satisfatória, mesmo assim, não se sai da greve com perda e
nem do mesmo jeito que se entrou. Não se conquistou como se queria, mas andou
longe de uma derrota. Talvez certo déficit na relação custo/benefício. Mas zero por
cento, como foi o caso do Rio de Janeiro,
após 5 meses de greve, no Ceará, não
foi.
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