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sexta-feira, 3 de julho de 2015

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Partes de uma Guerra Econômica Contra o Brasil

Essa matéria foi publicada na Edição 477 do Jornal Inverta, em 10/04/2015

Como já era previsto em diversos textos e analises o ano de 2015 seria de intensa movimentação no cenário político. Mas agora as coisas ficaram mais claras, e desde o final de janeiro para cá o Brasil entrou em um redemoinho, onde informações a todo o momento apontam para um cenário de recessão, aumento de preços, desemprego em diversos setores e crise institucional.
A imprensa burguesa repete em mantra a todo o momento que tudo isso é efeito colateral das denuncias de corrupção revelada pela Operação Lava-Jato desde o ano passado.
Mas a verdade é que acontece no Brasil é parte de um fio condutor que não pode se reduzir a uma formula simplista de causa-efeito, só sendo possível compreender essa crise observando do universal para o particular.
Em uma ponta do fio, uma articulação imperialista visando derrubar governos não alinhados com os Estados Unidos. Na outra ponta, a burguesia ligada ao capital financeiro e a imprensa corporativa que faz o trabalho sujo, preparando o terreno para as intenções golpistas.
Essa articulação imperialista é uma clara reação ao papel que o Brasil tem desempenhado na alternativa da hegemonia mundial, onde o país é protagonista, junto com Rússia e China, no BRICS como novo projeto de desenvolvimento, tanto do ponto de vista geoeconômico quanto geopolítico.
O BRICS tem se tornado uma alternativa para os países do sul do globo, como demonstrado no giro de acordos comerciais de Vladimir Putin e Ji Xiping tem fechado na América Latina com Argentina e Venezuela.
Salientemos ainda que as denuncias do ex-espião Edward Snowden demonstram que o alvo principal da espionagem da NSA foi especialmente o Brasil e a Petrobrás.
Tal fato foi em parte ignorado (popositalmente) pela imprensa burguesa, nem foi dada a devida atenção à gravidade dos fatos.

A inundação do mercado 
causa desestabilização

O método de guerra econômica empregada foi o dumping do petróleo, inundou o mercado e desencadeou a baixa drástica do preço do petróleo, vendendo 11,8 milhões de barris (dois milhões a mais que sua cota) a um preço de US$50-60 o barril (d/B), ou seja, até US$40 menos do que alguns meses atrás.
Como é sabido, em setembro do ano passado John Kerry, secretário de Estado dos Estados Unidos fechou um acordo com o rei Abdullah, grande aliado dos imperialistas, sob o qual os sauditas venderiam petróleo cru abaixo do preço de mercado.
Para isso, aumentou consideravelmente a produção do barril tipo brent e barateou a oferta no mercado mundial.
Assim, a Arábia Saudita sufocou os mercados com petróleo super barato, causando um verdadeiro terrorismo com os demais produtores.
Os primeiros países a sentirem negativamente o efeito foi Irã e Rússia, justamente dois países que rivalizam com Arábia Saudita e EUA. A manipulação do preço do barril brent visa claramente desestabilizar os oponentes diretos dos Estados Unidos.
A estratégia não é nova, em 1985, os sauditas muy amigos aumentaram sua produção de 2 a 10 milhões de barris por dia e vendeu a 10 dólares em vez dos 32, que era seu preço, obrigando a URSS a vender seu barril por 6 dólares e ferindo a economia soviética.
O objetivo dessa empreitada é a minar o avanço dos BRICS, prejudicando as grandes empresas petroleiras. A russa Gazprom, por exemplo, cada redução de US$10 no preço do barril de petróleo significa que a Rússia deixa de receber US$14,6 bilhões ao ano.
No Brasil, a campanha de terrorismo econômico e demonização de Dilma Rousseff visa, com isso, comprometer a expansão de longo prazo da Petrobrás para financiar novos projetos de infraestrutura e de exploração dos depósitos do pré-sal. A Petrobras é o alvo preferencial.

Batalha de informação

Uma falácia repetida mil vezes até parecer verdade é a que a economia brasileira chegou no atoleiro de um projeto falido desde o princípio.
A verdade é que os dados da economia brasileira demonstram o contrário. O Brasil deixou de ser uma economia irregular e vulnerável para se tornar a sétima maior do mundo.
Prova é que o Brasil teve a maior taxa de crescimento das últimas décadas em 2010 (7,5%). Entre 2008 e 2014, o Produto Interno Bruno (PIB) brasileiro e o mundial tiveram a mesma média de crescimento, 3,2%.
A produção de petróleo da Petrobras atingiu a média de 2,209 milhões de barris/dia, se tornando a maior produtora de petróleo entre as empresas de capital aberto no mundo.
É a quarta maior empresa em volume em investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento do mundo (US$ 1,132 milhão) e a maior do mundo na área de petróleo.
No início de fevereiro, a Petrobrás recebeu pela terceira vez o OTC Distinguished Achievement Award, o maior prêmio concedido a uma empresa de petróleo por seu desenvolvimento tecnológico, reconhecimento ao conjunto de tecnologias desenvolvidas para produção de petróleo e gás natural na camada do pré-sal.
Além disso, o setor representa 13% do PIB nacional, com expectativa de crescer ainda mais.  Também contribui positivamente para os bons índices de emprego do País.
Este ano, com dez estaleiros de médio e grande porte em operação, já são 80 mil empregos diretos e aproximadamente 320 mil indiretos. Em 2017, o número de vagas diretas nos estaleiros deve chegar a 101 mil.
As expectativas de investimentos nos 22 setores da economia para o período de 2015-2018 é 17,1% superior ao realizado no período de 2010 a 2013, de acordo com o BNDES.
Juntos, Brasil, a Venezuela e a Argentina, os três países exportadores de petróleo e as três maiores economias da América do Sul, com um enorme peso econômico, são um entrave enorme à expansão dos projetos hegemônicos do imperialismo na região.
Todos estes dados demonstram que o cenário de convulsão política e crise econômica são indícios claros que a demonização de Dilma Rousseff foi orquestrado por principalmente por interesses externos.
O grande temor do Tea Party americano é que um governo forte e nacionalista no Brasil possa endurecer o discurso regional de independência impulsionado pelo BRICS.
Debilitar a Petrobrás, e, por consequência, o poder de fogo do governo recém-eleito, viria bem a calhar aos imperialistas ianques.
Dessa forma, os ataques criminosos do imperialismo e seus arautos não visam atacar o “projeto petista”, mas é desmanchar o Estado brasileiro e seu desenvolvimento soberano.


José Carapinima
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