Não vejo muito sentido em algumas reações ao atentado que
vitimou os chargistas do Charlie Hebdo, um jornal de nome muito estranho.
Alguns deles inclusive são verdadeiras celebridades no universo
dos caricaturistas.
Franceses protestam,
americanos protestam e o mundo inteiro protesta. Contra quem ou o
que!? Com certo sentido, contra o Estado
francês, relapso na proteção dos
jornalistas que já haviam sido ameaçados por diversas vezes. A sede do jornal já fora alvo de um atentado
a bomba. O pasquim francês costumava
fazer críticas ácidas a diversos seguimentos sociais da França e internacionais;
desde alguns anos resolveram cutucar os fanáticos extremistas
muçulmanos.
Protestam contra o
terrorismo? É parecido com “chover no
molhado”. Contra o que dizem ser, um atentado contra a liberdade de imprensa e
à liberdade em geral? Afora o comportamento idiota de um grupo, ou sabe se lá o
que seja, em que isso pode significar riscos à liberdade dos franceses?
Liberdade por liberdade, a França protagonizou um verdadeiro
atentado contra a liberdade de seus cidadãos muçulmanos, cerca de 10% da
população, ao proibir o uso da burca e de véus que acobertassem o rosto das
mulheres daquela religião. Seria justa se a lei protegesse a mulher que se
visse obrigada pelo marido, família e
comunidade a usa-las. Não foi o caso,
apesar de se utilizarem argumentos dessa natureza.
Os muçulmanos são hoje o alvo preferencial dos setores da
direita radical em ascensão na Europa. A
islamofobia tem se propagado de forma endêmica por toda a Europa e, no caso
francês, assume proporções dramáticas por contar com o maior contingente de
maometanos entre os países da Europa Ocidental.
O atentado ocorreu concomitantemente ao lançamento de uma
nova edição da em que satirizava se o chefe do Califado Islâmico, o ISIS, grupo
ou ajuntamento de grupos fundamentalistas islâmicos em expansão no Oriente
Médio. Sobre ele paira a suspeita de ser patrocinado pela direita norte americana, Arábia Saudita e
até por Israel. Esses setores têm tradição em ferir na carne para gerar revolta
entre seus cidadãos e assim angariar apoios da população para suas campanhas de
ocasião. Sem falar que o ISIS tem sido capaz de arregimentar um número elevado
de jovens islâmicos europeus em suas fileiras.
Portanto, é possível que o Hebdo tenha caído bem no meio de
uma teia de interesses que confluem no sentido de fazer girar os ânimos
europeus para a direita que já sente nas narinas ofegantes a fragrância do
poder. .
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