A Petrobras
apresenta se como fonte de financiamento privilegiado para a superação dos
grandes entraves que impedem as mudanças mais profundas e necessárias na
educação brasileira. Principalmente no que tange à questão até agora não
solucionada, do baixo padrão remuneratório dos seus profissionais.
Visando
isso o sindicato APEOC procurou influenciar diretamente na possibilidade de
destinação dos recursos dos royalties e fundo social do petróleo para a
remuneração dos profissionais da educação. Foi bem sucedido nessa aspiração, na
medida em que conseguiu incluir no texto da lei Nº 12.858/2013 assinada pela
Presidenta Dilma, mais precisamente no inciso que define a que podem ser
destinados os recursos dos royalties, o
item relativo ao “...pagamento de salários e
outras verbas de natureza remuneratória a profissionais do magistério em efetivo
exercício na rede pública.”
Isso não estava
pautado no PL 323/2007 em discussão na comissão especial da câmara, responsável
pelos seus encaminhamentos finais antes de ser encaminhado para votação no
plenário. A APEOC já promovia campanha pública em defesa da proposta que
consiste em garantir o dinheiro dos Royalties e fundo social para o pagamento dos
salários da carreira nacional dos profissionais de educação. Com a colaboração
do dep. José Guimarães (PT-Ce) conseguiu ter acesso ao relator do projeto na
comissão, o dep. André Figueiredo (PDT-Ce)que revelou se bastante receptivo à
emenda apresentada pelo sindicato, fazendo com que fosse assimilada ao projeto
de lei. Em Brasília, a comissão do sindicato encabeçada pelo professor Anízio
Melo, também participou de audiência pública sobre o PL, realizada naquela
casa. Foi um passo significativo dado pela categoria, mas precisa ser
completado em uma nova etapa, quando deveremos lutar para que o mesmo seja
feito na esfera dos estados e dos municípios.
Entretanto, nada
disso terá consequência se a Petrobras vir a enfrentar uma crise que comprometa
o seu desempenho. Uma crise que possa levá-la de volta ao estado que encontrava
se em 2001, por exemplo, sob o governo FHC. Este, ao conseguir, com a preciosa
colaboração do judiciário, impor uma derrota atrozmente histórica aos
petroleiros na greve de 1995, conseguiu com isso, dobrar um importante baluarte
de resistência ao projeto entreguista neoliberal. Ficou a vontade para por em
andamento o plano Petrobrax, que consistia em deixar a empresa depreciar se o
bastante para justificar sua privatização.
Sem o leme firme de um timoneiro que o guiasse na melhor rota em busca
do melhor destino, o barco da Petrobras passou a adernar sem rumo. Sem bússola,
astrolábio ou coisa que o valesse,podia se dizer que não contava com efetivo
comando. Os comandantes sabiam muito bem ostentar o status, mas não cumpriam
com o seu papel. Ficava a Petrobras assim, absolutamente exposta à rapinagem
insaciável da pirataria internacional.
A mídia tratava
tudo isso com muita naturalidade e não viam se ancoras de TV fazendo caras e
bocas, escandalizados com tudo o que se fazia quase que a céu aberto. A mesma
imprensa que lançou suspeita sobre a candidata a reeleição, por conta de um
irmão ter trabalhado na administração petista de Belo Horizonte, antes mesmo de
seu primeiro mandato, nunca esboçou reação semelhante diante do fato do
presidente da Petrobras na Era FHC, ser o genro do presidente da República. Com
o naufrágio da plataforma P 36 expôs se a ferida braba que se não fosse detida
consumiria fatalmente a estatal. No ambiente degradado como o que instalou se na Petrobras, certamente encontrou
se o campo de cultura suficiente para fazer generalizar a corrupção infecciosa.
Sendo efeito de uma premeditada má administração, rapidamente tornar se ia
causa de sua iminente inanição.
Por sorte, para o
seu e o nosso bem, esse ciclo deletério foi interrompido em 2002.
O mais estranho
na presente "crise", é que até recentemente a Petrobras apresentava
resultados robustos em suas operações. A exploração do petróleo na área do Pré
Sal, tida como inviável, foi uma retumbante demonstração de superação,
eficiência, autonomia e de elevada capacidade tecnológica. Atualmente, mesmo fustigada
por uma saraivada de denuncias, destacou se entre as grandes, como a maior
petroleira do mundo em extração de óleo.
Intriga como foi
que a corrupção, agora amplamente denunciada, não conseguiu impactá-la tão
negativamente como está sendo com ela sob investigação. Se, mesmo com corruptos
e corruptores agindo nela e em torno dela, a empresa apresentava vigoroso
dinamismo, era de se esperar que com a expectativa do fim dos esquemas
corruptos, ficasse melhor ainda. SQN. Será o caso de estarem matando o paciente
com uma medicação excessivamente forte ou inadequada? Está parecendo com lavar
a criança e depois jogá-la fora junto com a água suja da bacia.
Mas como nada
está tão ruim que não possa piorar... A crise dos preços das comoditties e o
consequente rebaixamento do valor do barril de petróleo no mercado mundial
tornaram se um complicador a mais para a Petrobras. Sem falar nos golpes que
abutres externos tentam aplicar lhe no campo jurídico, submetendo a julgamento
em tribunal estrangeiro.
É importante
alertar que a pressão interna já foca o regime de partilha. Caso logrem
suprimir essa modalidade de contratação, arrisca de toda a legislação adotada
relativamente á distribuição dos royalties do petróleo acabe sendo adulterada
ou simplesmente passem uma borracha sobre ela.
E
então teremos perdido uma oportunidade ímpar de dar um grande salto na
superação de problemas históricos da educação brasileira. Especialmente o dos
salários depreciados dos seus profissionais.
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