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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Uma Réplica ao artigo "Greve é com o PT" no Jornal O ESTADO

"Greve é com o PT
 
O PT nasceu a partir das manifestações de protestos e de greves nas portas das fábricas do ABC Paulista, assim como nos portões dos quartéis militares. Na oposição, sua especialidade era ferir adversários com ferro quente e diz sabedoria popular - “quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Durante 30 anos, o líder maior do petismo, Luiz Inácio, prometeu soluções práticas para todos os desmandos administrativos que existiam e que ainda existem neste País. Quem não se recorda do que disse Lula: “vou fechar as torneiras da corrupção”. Fechou ou quebrou as roscas?
Não existia meio termo no radicalismo petista contra tudo, inclusive contra a Constituição Cidadã de 88. Carta que assegurou inúmeros direitos coletivos e individuais. Tantas que provocaram o então presidente da República, Zé Sarney, a dizer: “vão causar ingovernabilidade”. Quem não se recorda das bandeiras vermelhas do PT, tremulando nas manifestações públicas, como símbolo das denúncias de corrupção dos governos passados, e, em especial dos tucanos. O PT era o único partido ético no País. Era contra privatização (venda ou concessão). Defendia greve como direito sagrado e previsto na Constituição Cidadã. Direito que ainda hoje depende de regulamentação do Congresso Nacional, apesar dos 10 anos de governo petista. Não regula por quê? Teme alguma coisa? Se regulado pouparia o Poder Judiciário dos pedidos de ilegalidade das greves que ocorrem por motivos justos e não negociados, a exemplo das reivindicações salariais dos policiais militares e dos professores.
O petismo conseguiu enganar todo mundo. Saturou e foi além dos limites da tolerância. Hoje, a insatisfação é imensa na sociedade, e, em particular, na classe trabalhadora, decepcionada com as promessas petistas. O País tem os homens mais ricos do mundo, ao lado dos milhões de brasileiros na absoluta miséria. A “onda vermelha das greves” é uma explosão dos decepcionados e que foram adestrados pelos professores petistas a fazer greve, exemplo de Lula, da prefeita de Fortaleza, do governador da Bahia e de outros. Todos adversários do que chamavam de forças do atraso, reacionárias e corruptas. Onde estão hoje essas forças? Dentro das sedes dos governos petistas e aliados na perseguição contra trabalhadores e aposentados.
Argumentar inviabilidade financeira para não reajustar salário é uma tremenda inverdade. Quantos bilhões de reais descem nos ralos da corrupção do governo petista? Só nas ONGs, a soma é em torno de 32 bilhões e não se tem ideia do que ocorria nas gestões dos ministros despachados por prática de corrupção. O Brasil tem a maior carga tributária do mundo e com menor investimento nos serviços públicos que deveriam ser prestados à sociedade. Essa quantia entre receita e investimento desce nos ralos da corrupção sob o controle dos “donos” do petismo."
 RÉPLICA
O artigo está eivado de inverdades e todo ele articulado a partir de uma visão superficial e preconceituosa do PT.
 Em primeiro lugar, o PT nunca focou as portas dos quartéis. Sempre atuou nas portas das fábricas, sendo os quartéis o alvo de suas críticas à época do regime militar, pregando o retorno do comando político do país aos civis.
 A suposta "onda de corrupção petista" que a grande imprensa criou se baseia em acusações em sua maioria ainda não comprovadas. Até mesmo o tal "Mensalão" ainda carece de efetiva comprovação e aquilo que já foi arrostado como tal, até agora tem se limitado a comprovar a prática de uma contravenção universal entre todos os partidos políticos nacionais, por conta de deficiências da própria lei eleitoral brasileira que abre brechas para a prática do Caixa 2. Isso não quer dizer que o PT ou qualquer partido ou governo está isento de corrupção. A diferença aqui reside nos instrumentos de acompanhamento, fiscalização e investigação que se disponibiliza para tornar as ações desses mais transparentes e os desvios passíveis das devidas punições. É assim que se fecham as "torneiras da corrupção", mas dificilmente se acaba definitivamente com ela. Há de se convir que até a pena de morte para esse tipo de crime na China nunca evitou que famílias tivessem de pagar a bala utilizada na execução de corruptos naquele país. Recentemente a Controladoria Geral da República, órgão criado no primeiro governo Lula investigou e tomou medidas efetivas contra os dirigentes do DNOCS, um órgão federal.  O mesmo não faz o governo paulista, por exemplo, diante de muitas denuncias que sequer são consideradas pela imprensa e pela ALESP.
Pelo que sei, três atores  prometeram  com estardalhaço, o fim da corrupção no país em sua história recente: um, foi o ex-presidente  Jânio Quadros, com sua campanha da “vassourinha”.  Varreu-se,  deixando de herança uma crise que desencadeou o golpe militar de 1964. Os protagonistas desse adotaram medidas espetaculares de perseguição a corruptos e outros supostos “corruptos” que até poderiam ter cometido atos desse tipo, mas eram cassados mais por suas posições políticas do que realmente pela corrupção. Isso porque outros corruptos permaneceram e até prosperaram sob os auspícios do regime militar, contando com sua devida proteção. Findo esse, graças em grande parte à atuação do PT, sem desconsiderar o papel das outras forças políticas, veio o espetáculo promovido pelo “caçador de marajás” prometendo acabar com a corrupção no país. Caçou apenas o funcionalismo público e foi cassado no primeiro impeachment da história da república, por corrupção!
Com os governos tucanos o foco foi principalmente as privatizações que se deram no bojo de sua política de desmantelamento do Estado, através da aplicação da receita neoliberal,  iniciada com Collor de Mello. Feitas sem transparência, o problema ali residia na “impunibilidade”  e blindagem em torno das suas ações, garantida por sua maioria parlamentar e conivência da imprensa e judiciário. Imprensa essa, diga-se de passagem, que se tornou “crítica” e “investigativa” a partir do governo Lula, pois antes era crítica de qualquer contestação aos governos vigentes, fazendo vista grossa para seus desmandos, fingindo não ver o que todos viam.  Uma imprensa seletiva, contando sempre com pesos e medidas variadas. As provas de seus crimes de lesa pátria só puderam ser apresentadas agora através da publicação do livro do jornalista Amaury Ribeiro, A Privataria Tucana no Brasil, que provavelmente o Sr. Hélder Cordeiro  resiste a ler, para não se sentir maculado em suas convicções.
O que mais causa estranheza é que o opinante venha defender nesse momento que se rasgue não apenas a constituição, mas o próprio código militar, que tanto preza e ao qual se mantém fiel enquanto membro do grupo Guararapes. É o vale tudo contra o PT. A cada dia que passa fica mais notório e visível que esse movimento ultrapassava os limites de suas reivindicações e tinha claros objetivos políticos, além de lançar mão de métodos absolutamente estranhos ao sindicalismo praticado  pela CUT , PT e outras instituições dos movimentos sociais.  
O direito de greve está garantido e respeitado pelos governos em geral; o que não foi regulamentado foi o direito de greve para os funcionários públicos, sendo que o STF, em função do vácuo existente optou por legislar nesse campo, transferindo a legislação aplicada na iniciativa privada para o setor público. Legislação questionável e draconiana.  Mas, mesmo uma outra regulamentação dificilmente dará conta do direito de greve para  militares, e se o fizer, será uma iniciativa  de ineditismo sem par na história.

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