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domingo, 23 de agosto de 2015

Em novas inserções, Dilma e Lula prometem retomada | Brasil 24/7

Em novas inserções, Dilma e Lula prometem retomada | Brasil 24/7

Reunião no Clube Militar frustra quem foi a Copacabana pedir volta da ditadura - Brasil - O Dia

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WEBGUERRILLERO: El Gobierno estadounidense paga a guías e intermed...

Africanos para a Europa, haitianos para o Brasil

Em breve, face às dificuldades que o país enfrenta, a população de haitianos imigrados para o Brasil poderá se converter em um foco de instabilidade em futuro próximo. Ao menos assim esperam os interessados em promover o caos.



WEBGUERRILLERO: El Gobierno estadounidense paga a guías e intermed...: Después de crear el caos en el norte de África, los EEUU centran sus esfuerzos en tumbar Europa, según escribe el periodista francés Nico...

Polarização política no Brasil: “A ridicularização joga para a direita quem critica a corrupção” | Brasil | EL PAÍS Brasil

Coxinha & Caviar
Muito emblemático do dilema que vive o PSOL mergulhado em sua pauta de esquerda udenista. A distopia moralista que infecta os críticos na esquerda anti petista tem raiz na luta que o PT teve de empreender contra a corrupção e impunidade generalizadas no bojo do desmanche do estado promovido pelo neo liberalismo. O PT já estava então impregnado pelas camadas pequeno burguesas da classe média vinculada ao setor estatal que sofriam diretamente os efeitos da política deletéria do PSDB.
Com a vitória petista, a oposição passou a empunhar a bandeira da ética. Forçou a situação de modo a colocar o PT na posição em que não se viram nos anos 90, contando para isso com a preciosa ajuda da mídia. Imputou ao PT as práticas criminosas que forjaram em 8 anos de governo tucano.
Criminalizando o PT garantiram a impunidade dos atos cometidos durante seu governo. Assim conseguiram sensibilizar franjas da esquerda petista que agregaram à sua perspectiva mais extremada o moralismo que acreditaram ser o próprio sentido da existência do partido. O que é um equívoco. Se a pauta ético moralista deveria ter sido objeto da crítica desses agrupamentos ao setor majoritário do PT por significar um desvio do foco da luta de classes, agora era o centro de sua intervenção, principalmente o PSOL. E este aprofundou de tal maneira o moralismo que, não raro, recrutou ativistas conservadores como o líder grevista da polícia baiana, que transferiu-se em seguida para o PSDB. Ou o candidato a prefeito de uma cidade do interior paulista que pregava a intervenção militar e aquele de maior repercussão, o cabo Darciolo.
Ao fazer sua avaliação a professora desconhece o investimento que o governo petista fez em termos de combate á corrupção, assim como o crescimento de sua percepção. Seu discurso em nada se distingue daquele do demo tucanato. Isso apesar de, caso se perpetre o golpe que a elite não cansa de ameaçar, provavelmente não haverá distinção entre os diversos tons de vermelho.

Polarização política no Brasil: “A ridicularização joga para a direita quem critica a corrupção” | Brasil | EL PAÍS Brasil

Samuel Guimarães: Ofensiva conservadora não é para lutar contra corrupção, e, sim, derrubar o governo e recuperar a hegemonia - Viomundo - O que você não vê na mídia

Samuel Guimarães: Ofensiva conservadora não é para lutar contra corrupção, e, sim, derrubar o governo e recuperar a hegemonia

publicado em 18 de agosto de 2015 às 15:52
Por Ramiro Furquim/Sul21Foto: Ramiro Furquim/Agência Brasil
A ofensiva conservadora e as crises
O diplomata brasileiro, Samuel Pinheiro Guimarães, em artigo especial para o Brasil de Fato, faz uma análise da crise no Brasil, o avanço de setores conservadores e o papel do governo federal; bem como aponta as saídas e desafios das forças progressistas.
18/08/2015
1. A sociedade brasileira está diante de uma ofensiva conservadora que se aproveita de entrelaçadas crises na economia, na política, nas instituições do Estado, na imprensa e nos meios sociais para fazer avançar seus objetivos;
2. A suposta crise econômica ofereceu pretexto para implantar um programa neoliberal de acordo com o Consenso de Washington: privatização, abertura comercial e financeira, ajuste orçamentário, flexibilização do mercado de trabalho, redução do Estado, tudo com a aprovação do sistema financeiro nacional, por um Governo eleito pela esquerda;
3. A crise da corrupção, cujo maior evento é a Operação Lava Jato, mas também a Operação Zelotes, esta inclusive de maior dimensão, está servindo para destruir a engenharia de construção, onde se encontra o capital nacional de forma importante, com atuação internacional, e para preparar a destruição de organismos do Estado tais como a Petrobras, o BNDES, a Caixa Econômica, a Eletrobrás etc. a pretexto de que os eventos de corrupção neles investigados seriam apenas o resultado de serem estas entidades estatais;
4. Sua privatização, que corresponderia a sua desestatização/desnacionalização, eliminaria, segundo eles, a possibilidade de corrupção;
5. A crise do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal se desenvolve em várias esferas;
6. O Supremo Tribunal Federal tolera que um de seus membros interrompa, há mais de um ano, sob o pretexto de vista, uma ação, cujo resultado já está definido por 6 votos a 1, sobre a ilegalidade do financiamento privado de campanhas, fenômeno que está na origem da corrupção do sistema eleitoral em todos os Partidos e veículo para o exercício da influência corruptora do poder econômico na política e na Administração;
7. O objetivo deste juiz é aguardar até que o Congresso aprove emenda constitucional, já em tramitação por obra do Presidente da Câmara, que torna legal o financiamento privado de campanhas;
8. A teoria do domínio do fato, uma aberração jurídica, acolhida pelo STF, reverte o ônus da prova e, mais, torna qualquer indivíduo responsável pelos atos de outrem sob suas ordens sem que o acusador ou o juiz tenha necessidade de provar que o acusado conhecia tais fatos;
9. O sistema do Ministério Público permite a qualquer Procurador individual desencadear processos com base até em notícias de jornal contra qualquer indivíduo, vazar de forma seletiva estas acusações para a imprensa, que as reproduz, sem nenhum respeito pelos direitos dos supostos culpados e sem nenhuma perspectiva de reparação do dano causado pelas denúncias do Procurador nem pela imprensa que as divulgou, caso se verifique a improcedência das acusações;
10. A Polícia Federal exerce suas funções com extrema parcialidade, de forma midiática, criando, na sociedade a presunção de alta periculosidade de indivíduos que prende para investigação e se arvorando em poder independente do Estado;
11. Segundo depoimento do Presidente das entidades da Polícia Federal na Câmara dos Deputados, a Polícia Federal recebe recursos regularmente da CIA, do FBI e da DEA, no montante de USD 10 milhões anuais, depositados diretamente em contas individuais de policiais federais;
12. A crise política decorre da decepção e do inconformismo do PSDB e de seus aliados com a derrota nas urnas em 2014 o que o leva a procurar, por todos os meios, erodir a credibilidade e a legitimidade do Governo Dilma Rousseff e, por via transversa, do Governo Lula e assim minar as possibilidades de vitória de uma eventual candidatura de Lula em 2018;
13. Contam os partidos e políticos conservadores com a campanha sistemática da televisão, jornais e revistas, com base em denúncias vazadas, com a campanha de intimidação na Internet, com as manifestações populares, com o desemprego crescente causado pela política de corte de investimentos e de elevação estratosférica de juros, os maiores do mundo, para fazer baixar os índices de aprovação do Governo e da Presidenta e poder argumentar com a legitimidade e a necessidade de depô-la pelo impeachment;
14. A crise na imprensa e nos meios de comunicação se desenvolve em um ambiente em que as televisões, rádios, jornais e revistas recebem paradoxalmente enormes recursos do Governo para a ele fazer oposição sistemática, erodir a confiança da população no sistema político e nos partidos, em especial nos partidos progressistas, de esquerda, poupando os partidos conservadores tais como o PSDB, que recebeu tantas doações para sua campanha de 2014 quanto o PT e das mesmas empresas ora acusadas pelo juiz Moro;
15. A crise social se desenvolve na Internet, onde circula todo tipo de ofensa racista, homofóbica, antifeminina, antiprogressista e fascista, contra os políticos e partidos de esquerda, gerando um clima de hostilidade e ódio e estimulando a agressão física
16. No Congresso, os setores mais conservadores elegeram grande número de deputados e, tendo conquistado a Presidência da Câmara dos Deputados, fazem avançar, a toque de caixa, sem nenhuma atenção à necessidade de debate pelos parlamentares e pela sociedade, uma ampla pauta de projetos conservadores que inclui, entre os principais, a redução da maioridade penal, a ampliação do uso de armas, o financiamento privado das campanhas;
17. O objetivo máximo desta grande ofensiva política e econômica conservadora é a tomada do poder através do impeachment da Presidenta Dilma e/ou a desmoralização do PT que leve à sua derrota fragorosa nas eleições de 2016, a qual preparará sua derrota final e “desaparecimento” nas eleições de 2018;
18. O processo político do impeachment da Presidenta Dilma não avança por estarem o PSDB e PMDB divididos quanto a sua conveniência no atual momento do calendário político e econômico;
19. Os três possíveis candidatos do PSDB à Presidência da República, quais sejam, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra têm opiniões diferentes sobre sua conveniência;
20. A Aécio Neves interessa o impeachment de Dilma Rousseff e de Michel Temer por crime eleitoral, declarado pelo TSE, logo que possível pois isto levaria a uma eleição em 90 dias onde espera que, como presidente nacional do PSDB e candidato que teria perdido a eleição devido a “fraude”, agora se beneficiaria devido a sua campanha persistente pela ilegitimidade dos resultados eleitorais de 2014, o que o faria o candidato do PSDB com melhor perspectiva de vitória;
21. A Geraldo Alckmim interessa que o processo político, econômico e social desgaste longa e duradouramente o Governo Dilma e o PT até que as eleições municipais se realizem em 2016, com fragorosa derrota do PT e do PMDB e que tenha tempo de construir sua candidatura, com base no Governo de São Paulo, enquanto a candidatura de Aécio se enfraqueceria com o tempo como resultado de eventuais denúncias;
22. A José Serra interessa também que o impeachment não ocorra agora, que o Governo se desgaste para que tenha tempo de reconstruir sua imagem e eventualmente possa se candidatar pelo PSDB em 2018 ou até mesmo pelo PMDB, que insiste em ter candidato próprio mas sem nome hoje viável. Afinal, Serra foi fundador do PMDB e voltaria a sua casa, construindo sua candidatura junto à classe média nacional, através de sua atuação no Senado, com toda cobertura favorável da imprensa;
23. Para o PMDB, o impeachment da Presidenta representa o fim de um Governo onde ocupa a Vice-Presidência e ao qual dá apoio enquanto que um longo processo de desgaste da Presidenta, do Governo e do PT também o atingiria como partido aliado, enquanto a imprensa desgasta sua imagem na opinião pública como partido oportunista e corrupto;
24. Os interesses de Michel Temer, de Renan Calheiros e de Eduardo Cunha são divergentes. Cunha acredita poder ser o candidato do PMDB à Presidência, assumindo a liderança da ofensiva conservadora no Congresso e o papel de defensor do Congresso, mas enfrenta o desgaste das denúncias de corrupção. Michel Temer sabe que a condenação por crime eleitoral de Dilma Rousseff pelo TSE também o arrastaria enquanto que a condenação de Dilma pela rejeição das contas de 2014 pelo TCU e pelo Congresso o levariam à Presidência. Renan disputa com Temer influência no PMDB e imagina poder ser candidato em 2018 com o enfraquecimento dos demais;
25. No PT, a situação é talvez ainda mais grave;
26. O programa econômico conservador, ao cortar investimentos públicos e as despesas de custeio do Governo, aumenta o desemprego e afeta a demanda o que reduz as perspectivas de lucro, contrai os investimentos privados, estabelece a desconfiança nos “mercados” e reduz as receitas normais tributárias, aumentando o déficit público;
27. Ao aumentar a taxa de juros, o Governo (Banco Central) aumenta as despesas do Governo e a relação dívida/PIB, reduz a atividade econômica e as perspectivas de lucro e provoca a queda da arrecadação. Ao não conseguir o aumento de receitas normais pela dificuldade em elevar tributos, passa a apelar para a venda de ativos o que é uma forma disfarçada de privatização, com resultados apenas temporários;
28. Ao provocar o desemprego, ao apoiar medidas desfavoráveis aos trabalhadores como alterações no seguro desemprego, no abono salarial e outras, e ao provocar a redução do crescimento o Governo mina a sua base de apoio social e político e as bases sociais e políticas do PT;
29. A retração da demanda, o aumento das taxas de juros, a contração das atividades do BNDES, a redução das oportunidades de investimento, a perspectiva de aumento de tributos afetam os interesses dos empresários e aumenta o seu descontentamento com o Governo e sua política;
30. Não há liderança no PT além de Lula que, por seu lado, não vê como abandonar o programa econômico do Governo Dilma sem acelerar sua queda, mas reclama da incapacidade da Presidenta para o exercício da política;
31. As pesquisas de opinião podem vir a revelar níveis de rejeição muito superiores aos que ocorreram na véspera do impeachment de Collor. Caso os níveis de aprovação caiam abaixo de 5%, o desânimo e a desmobilização dos movimentos sociais e dos sindicatos, a perplexidade dos congressistas, a posição dos candidatos a prefeito em 2016, as contínuas denúncias do Ministério Público (na realidade de procuradores individuais) contra políticos vinculados ao PT e contra o próprio Lula, a agressividade social e intimidatória conservadora podem gerar situação de gravíssimo perigo político para sobrevivência da democracia;
32. O Governo, apático, atordoado e intimidado, parece acreditar em sua pureza que fará que, ao final, sobreviva, único puro, à tempestade de denúncias que atingem políticos e partidos sem compreender que o objetivo da ofensiva conservadora não é lutar contra a corrupção e moralizar o país mas sim derrubá-lo e recuperar a hegemonia completa na sociedade e no Estado;
33. O Governo se retrai, não age politicamente nem mobiliza os movimentos sociais e os setores que poderiam apoiá-lo no enfrentamento a esta ofensiva conservadora que fará o Brasil recuar anos em sua trajetória de luta contra as desigualdades e suas vulnerabilidades, e de construção de um país mais justo, menos desigual, mais democrático, mais próspero e mais soberano;
34. É urgente a mobilização de todas as forças sociais progressistas para combater o desemprego causado pelo programa de ajuste, que está, isto sim, gerando imensa crise econômica e social, para defender a democracia e seus representantes legítimos, para defender as conquistas dos trabalhadores, para defender a empresa nacional, para defender o desenvolvimento do país, para defender a soberania nacional e a capacidade de autodeterminação da sociedade brasileira;
35. Para defender o Brasil.
*Diplomata brasileiro, foi secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores e ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Governo Lula.
Veja também:
Samuel Guimarães: Ofensiva conservadora não é para lutar contra corrupção, e, sim, derrubar o governo e recuperar a hegemonia - Viomundo - O que você não vê na mídia

sábado, 22 de agosto de 2015

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A inocência de José Dirceu — CartaCapital

2012 A inocência de José Dirceu — CartaCapital

Movimentos celebram unidade em ato por democracia e 'saída pela esquerda' — Rede Brasil Atual





EM SÃO PAULO

Movimentos celebram unidade em ato por democracia e 'saída pela esquerda'

Lideranças de movimentos sociais enfatizam defesa da democracia e reagem a protestos que pregam o golpe. Mas condenam ajuste fiscal e cobram de Dilma “pacto com o povo” para sair da crise
por Redação RBA publicado 20/08/2015 19:48, última modificação 20/08/2015 23:24
Comments
MARCIA MINILLO/RBA
manifestação 20 de agosto
Cerca de 60 mil pessoas, segundo a PM, fazem caminhada entre bairro de Pinheiros, zona oeste, e Avenida Paulista
São Paulo – “Que bonito. É muito diferente do último domingo”, afirmou a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, diante de um público estimado pela PM em 60 mil pessoas, que deixava o Largo da Batata, no bairro paulistano de Pinheiros, em direção à região da Avenida Paulista. A líder estudantil compara a manifestação de hoje (20), apoiada por mais de 50 entidades ligadas a movimentos populares “por mais direitos, por avanços e sem retrocessos” com os protestos que chamou de “golpistas” promovidos por organizações que pregam a derrubada do governo Dilma. “Viemos defender a democracia. Intervenção militar acontece todos os dias nas periferias deste país, matando pretos e pobres.”
Carina não deixou de acentuar críticas à condução da política econômica e ao ajuste fiscal: “O governo federal tem de estar mais conectado com o povo. Viemos trazer a agenda da juventude, dos trabalhadores, dos direitos sociais. O ajuste fiscal já retirou R$ 10 bilhões da educação.”
A presidenta da UNE protestou contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171, que reduz a maioridade penal, aprovada ontem pela Câmara em segundo turno. “Estão querendo encarcerar a juventude pobre. A juventude precisa de salas de aula, e não de celas.” Ela concluiu elogiando a união das forças progressistas em torno da manifestação: “Viva a unidade dos movimentos sociais”.
FOTOS: ROBERTO PARIZOTTI/CUTManifestação 20 de agosto SP
Movimento sindical, estudantil, de moradia e outras dezenas de organizações populares foram às ruas nesta quinta
A defesa da democracia temperada com críticas à política econômica permeou também as falas de lideranças da CUT, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e da Central de Movimentos Populares (CMP). O presidente da CUT, Vagner Freitas, enfatizou que a manifestação defende um projeto nacional de desenvolvimento, com geração de empregos e renda e redução das desigualdades. “Queremos respeito à democracia. Quem perdeu as eleições tem de parar com esse negócio de terceiro turno e se preparar para 2018”, afirmou Vagner.
“Mas não concordamos com essa política neoliberal nefasta para os trabalhadores. É preciso taxar as grandes fortunas. Quem ganha mais que pague mais. Também não concordamos com enfrentar a inflação com essa política de juros altos. O mercado não pensa nos trabalhadores”, disse o presidente da CUT. “Estamos aqui por reforma agrária, por uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial de campanhas, por uma reforma tributária que reduza as desigualdades e por uma reforma de mídia que combata a concentração e o oligopólio dos meios de comunicação.”
A “indignação seletiva” dos protestos de domingo passado foi observada por Guilherme Boulos, do MTST. “Estamos aqui para rechaçar esse moralismo seletivo de quem foi à Avenida Paulista dizer que é contra a corrupção, mas aplaude Eduardo Cunha e Aécio Neves”, disse, referindo-se ao presidente da Câmara, que acaba de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, e ao senador tucano e presidente do PSDB.
Cunha também foi alvo do discurso de Raimundo Bonfim, coordenador estadual da CMP: “Estranho que o nome de um dos maiores corruptos do país não foi visto em nenhum cartaz. Aquela elite que foi à Paulista domingo não quer acabar com a corrupção, quer é acabar com os programas sociais”.
Boulos foi contundente também ao criticar o governo federal: “Nós não estamos aqui para defender nenhum governo. Viemos também rechaçar o ajuste fiscal que corta investimentos sociais, e essa Agenda Brasil”, ressaltou, referindo-se a propostas apresentadas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A pretexto de instalar uma negociação que ponha fim à crise de governabilidade, Renan propõe medidas como aprovação do projeto que libera as terceirizações, a flexibilização de regras para concessão de licença ambiental, a alteração do tempo de contribuição para aposentadorias, entre outras, que abrem caminho para novas privatizações e atacam as terras indígenas. “Não aceitamos nenhum pacto sem povo. Isso é saída pela direita. E defendemos a saída pela esquerda. E ajuste fiscal no lombo dos ricos. Isso aqui é só o começo.”
O vice-presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, disse que os jovens da periferia merecem educação e que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) só responde com violência. No início do ato, os manifestantes fizeram um minuto de silêncio em memória dos 18 mortos na chacina na Grande São Paulo no último dia 13.
Moisés Ribeiro, coordenador e integrante da direção do Movimento dos Atingidos por Barragens, disse que a luta que está acontecendo no país é pelo pré-sal e afirmou que quem ameaça essa conquista do Brasil é o PSDB, referindo-se a projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que diminui a participação da Petrobras na exploração dessa área.
A militante da Marcha Mundial de Mulheres Mara Lúcia da Silva considera que o atual momento de ascensão do conservadorismo é um risco duplo para as mulheres, que já hoje com todos os avanços ocorridos continuam sendo discriminadas, continuam sofrendo violência doméstica, continuam sofrendo violências nas ruas e ainda com diferenças salariais e péssimas condições para conseguir trabalho. Para ela, o avanço conservador com a retirada de direitos tende a ser duplamente prejudicial para as mulheres.
O professor Alex Antunes, militante do PCO, vê nas manifestações – de domingo e de hoje – momentos de “definição de interesses de classe” que estão em jogo na sociedade. “Temos visto grupos liberais e conservadores alinhados com interesses norte-americanos saindo às ruas. A esquerda, enfim, está reagindo. O Brasil inteiro está fazendo história hoje”, disse. O ativista considera que o governo Dilma não deve resistir às tentativas de golpe ou de enfraquecimento apenas "com manobras no Legislativo ou no Judiciário". “A única força capaz de dar sustentação de fato ao governo é a dos trabalhadores.”
Com reportagem de Eduardo Maretti e Rodrigo Gomes
Movimentos celebram unidade em ato por democracia e 'saída pela esquerda' — Rede Brasil Atual

Movimentos celebram unidade em ato por democracia e 'saída pela esquerda' — Rede Brasil Atual





EM SÃO PAULO

Movimentos celebram unidade em ato por democracia e 'saída pela esquerda'

Lideranças de movimentos sociais enfatizam defesa da democracia e reagem a protestos que pregam o golpe. Mas condenam ajuste fiscal e cobram de Dilma “pacto com o povo” para sair da crise
por Redação RBA publicado 20/08/2015 19:48, última modificação 20/08/2015 23:24
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MARCIA MINILLO/RBA
manifestação 20 de agosto
Cerca de 60 mil pessoas, segundo a PM, fazem caminhada entre bairro de Pinheiros, zona oeste, e Avenida Paulista
São Paulo – “Que bonito. É muito diferente do último domingo”, afirmou a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, diante de um público estimado pela PM em 60 mil pessoas, que deixava o Largo da Batata, no bairro paulistano de Pinheiros, em direção à região da Avenida Paulista. A líder estudantil compara a manifestação de hoje (20), apoiada por mais de 50 entidades ligadas a movimentos populares “por mais direitos, por avanços e sem retrocessos” com os protestos que chamou de “golpistas” promovidos por organizações que pregam a derrubada do governo Dilma. “Viemos defender a democracia. Intervenção militar acontece todos os dias nas periferias deste país, matando pretos e pobres.”
Carina não deixou de acentuar críticas à condução da política econômica e ao ajuste fiscal: “O governo federal tem de estar mais conectado com o povo. Viemos trazer a agenda da juventude, dos trabalhadores, dos direitos sociais. O ajuste fiscal já retirou R$ 10 bilhões da educação.”
A presidenta da UNE protestou contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171, que reduz a maioridade penal, aprovada ontem pela Câmara em segundo turno. “Estão querendo encarcerar a juventude pobre. A juventude precisa de salas de aula, e não de celas.” Ela concluiu elogiando a união das forças progressistas em torno da manifestação: “Viva a unidade dos movimentos sociais”.
FOTOS: ROBERTO PARIZOTTI/CUTManifestação 20 de agosto SP
Movimento sindical, estudantil, de moradia e outras dezenas de organizações populares foram às ruas nesta quinta
A defesa da democracia temperada com críticas à política econômica permeou também as falas de lideranças da CUT, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e da Central de Movimentos Populares (CMP). O presidente da CUT, Vagner Freitas, enfatizou que a manifestação defende um projeto nacional de desenvolvimento, com geração de empregos e renda e redução das desigualdades. “Queremos respeito à democracia. Quem perdeu as eleições tem de parar com esse negócio de terceiro turno e se preparar para 2018”, afirmou Vagner.
“Mas não concordamos com essa política neoliberal nefasta para os trabalhadores. É preciso taxar as grandes fortunas. Quem ganha mais que pague mais. Também não concordamos com enfrentar a inflação com essa política de juros altos. O mercado não pensa nos trabalhadores”, disse o presidente da CUT. “Estamos aqui por reforma agrária, por uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial de campanhas, por uma reforma tributária que reduza as desigualdades e por uma reforma de mídia que combata a concentração e o oligopólio dos meios de comunicação.”
A “indignação seletiva” dos protestos de domingo passado foi observada por Guilherme Boulos, do MTST. “Estamos aqui para rechaçar esse moralismo seletivo de quem foi à Avenida Paulista dizer que é contra a corrupção, mas aplaude Eduardo Cunha e Aécio Neves”, disse, referindo-se ao presidente da Câmara, que acaba de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, e ao senador tucano e presidente do PSDB.
Cunha também foi alvo do discurso de Raimundo Bonfim, coordenador estadual da CMP: “Estranho que o nome de um dos maiores corruptos do país não foi visto em nenhum cartaz. Aquela elite que foi à Paulista domingo não quer acabar com a corrupção, quer é acabar com os programas sociais”.
Boulos foi contundente também ao criticar o governo federal: “Nós não estamos aqui para defender nenhum governo. Viemos também rechaçar o ajuste fiscal que corta investimentos sociais, e essa Agenda Brasil”, ressaltou, referindo-se a propostas apresentadas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A pretexto de instalar uma negociação que ponha fim à crise de governabilidade, Renan propõe medidas como aprovação do projeto que libera as terceirizações, a flexibilização de regras para concessão de licença ambiental, a alteração do tempo de contribuição para aposentadorias, entre outras, que abrem caminho para novas privatizações e atacam as terras indígenas. “Não aceitamos nenhum pacto sem povo. Isso é saída pela direita. E defendemos a saída pela esquerda. E ajuste fiscal no lombo dos ricos. Isso aqui é só o começo.”
O vice-presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, disse que os jovens da periferia merecem educação e que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) só responde com violência. No início do ato, os manifestantes fizeram um minuto de silêncio em memória dos 18 mortos na chacina na Grande São Paulo no último dia 13.
Moisés Ribeiro, coordenador e integrante da direção do Movimento dos Atingidos por Barragens, disse que a luta que está acontecendo no país é pelo pré-sal e afirmou que quem ameaça essa conquista do Brasil é o PSDB, referindo-se a projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que diminui a participação da Petrobras na exploração dessa área.
A militante da Marcha Mundial de Mulheres Mara Lúcia da Silva considera que o atual momento de ascensão do conservadorismo é um risco duplo para as mulheres, que já hoje com todos os avanços ocorridos continuam sendo discriminadas, continuam sofrendo violência doméstica, continuam sofrendo violências nas ruas e ainda com diferenças salariais e péssimas condições para conseguir trabalho. Para ela, o avanço conservador com a retirada de direitos tende a ser duplamente prejudicial para as mulheres.
O professor Alex Antunes, militante do PCO, vê nas manifestações – de domingo e de hoje – momentos de “definição de interesses de classe” que estão em jogo na sociedade. “Temos visto grupos liberais e conservadores alinhados com interesses norte-americanos saindo às ruas. A esquerda, enfim, está reagindo. O Brasil inteiro está fazendo história hoje”, disse. O ativista considera que o governo Dilma não deve resistir às tentativas de golpe ou de enfraquecimento apenas "com manobras no Legislativo ou no Judiciário". “A única força capaz de dar sustentação de fato ao governo é a dos trabalhadores.”
Com reportagem de Eduardo Maretti e Rodrigo Gomes
Movimentos celebram unidade em ato por democracia e 'saída pela esquerda' — Rede Brasil Atual

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

André Singer: "Os Sentidos do Lulismo". Qual o futuro do PT?

Direita aposta no surgimento de um 'Berlusconi brasileiro' - Carta Maior

WADITH DAMOUS, UM DOS MAIS LÚCIDOS E COMBATIVOS PARLAMENTARES DO PT. DIAGNÓSTICO IMPECÁVEL DA CONJUNTURA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES.

21/08/2015 - Copyleft

Direita aposta no surgimento de um 'Berlusconi brasileiro'

Wadih Damous acredita que o governo recuperou a iniciativa política e que as mobilizações da direita a favor do impeachment esmoreceram.


Darío Pignotti, para o Página/12

Evan Schneider/ UN
Brasília - Deputado do PT e ex-presidente da regional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil, Wadih Damous defende que as mobilizações pró impeachment, como a ocorrida no domingo passado, são “uma aposta no surgimento de um Silvio Berlusconi brasileiro” e opinou que é a possibilidade de que Dilma renuncie é “nula”.
 
– Poderíamos dizer que a pessoa mais celebrada no domingo foi o juiz Sérgio Moro.
 
– É compreensível que esses grupos se entusiasmem com alguém como o juiz Moro, que está criminalizando toda a atividade política, e isso leva a saídas fascistas, do tipo de Silvio Berlusconi na Itália. A Rede Globo, conhecida por apoiar o golpismo, o transformou numa celebridade televisiva, num salvador da pátria.
 
– Moro diz se inspirar na Mani Pulite – Operação Mãos Limpas, realizada na Itália, nos Anos 90.
 
– E foi depois da Mãos Limpas que surgiu o Berlusconi. Moro tem veleidades injustificadas, ele não pode se comparar com o promotor (Antonio) Di Pietro (que liderou as investigações na Itália), ou com a Mãos Limpas. Ele não tem reputação jurídica, nem elaboração doutrinária: ele ganhou fama trilhando o caminho autoritário, através da violação da Constituição, dos direitos de defesa e inclusive dos direitos humanos. Ganhou os elogios da Globo porque só investiga suspeitos do PT. Quando aparecem indícios sérios sobre o PSDB, ele não os investiga.
 
– E quem seria o Berlusconi brasileiro?
 
– Quem sabe se esse Berlusconi brasileiro não termina sendo o próprio juiz Moro. Ele se fez muito popular entre os grupos mais reacionários. E está cercado por um grupo de promotores fanáticos, uns jovens sem nenhum saber jurídico, que se assumem como se fossem predicadores do bem contra a política. Isso a nível jurídico. A nível parlamentário, Moro também está ganhando apoio. Hoje no Brasil nós temos a Câmara dos Deputados mais reacionária das últimas décadas. Uma casa composta por muitos policiais exercendo cargo de deputados, policiais que vêm às sessões vestidos com uniforme, e eles enaltecem o trabalho de Moro, as leis repressivas e o estado de exceção com aspecto republicano.
 
– Como foi o desempenho de Moro na causa do Petrolão?
 
– Creio que o juiz Moro não tem a exata dimensão das consequências do Petrolão, ou seja, do processo da Lava Jato, e que isso está causando estragos à Petrobras e à economia brasileira, para favorecer não sei quem. Esse processo já comprometeu 2,5% do PBI, isso gera desemprego, a quebra de empresas estratégicas.
 
– O que você acha do uso das delações premiadas?
 
– O uso das delações premiadas é abusivo e autoritário. É curioso, mas nestes momentos, quando não há chance de um retorno dos militares, o fascismo brasileiro atua através das armas, atua através dos órgãos do Estado, como o Poder Judiciário.
 
– Através de delações como essa foi decretada a prisão de José Dirceu, ex-homem-forte do governo de Lula.
 
– É verdade, não me aprofundei no tema, mas não tenho visto nada consistente na acusação contra ele, de quem eu tenho o orgulho de ser amigo.
 
– Dirceu é corrupto ou chefe de uma quadrilha?
 
– José Dirceu é o melhor quadro político do Brasil, um homem com uma biografia de compromisso político e militância, ele foi estigmatizado injustificadamente, não é um corrupto. Existe uma perseguição política contra Dirceu, principalmente na imprensa e entre esses promotores fanáticos. Mas não é verdade que ele montou uma organização para delinquir.
 
– Dilma pode renunciar?
 
– Considero que a presidenta tem muitos defeitos, como o de não gostar de política. Ela foi militante da luta armada, nunca foi líder estudantil, nem de partido, ocupou cargos de quadro técnico. Ela não gosta do jogo da política, esse é um defeito, mas ela tem a virtude de ser aguerrida, valente, tem um carácter forte, até em excesso, ela não vai a fraquejar por causa das pressões.
 
– Qual é a probabilidade de que aconteça o impeachment?
 
– Se me perguntassem há uma semana atrás, eu teria dito que o impeachment estava avançando. Depois de todos esses movimentos bem sucedidos feitos por Dilma e Lula, a situação melhorou, porque o governo recuperou a iniciativa política. Conseguiu atrair o senador Renan Calheiros de volta à base governista, houve diálogo com o Supremo Tribunal Federal. Creio que o governo saiu das cordas, está mais atuante. Agora eu sou mais otimista. Medindo de 1 a 100, na semana passada, o impeachment tinha 60% ou mais de chances, agora tem menos de 30%, capaz que 20%. O impeachment se desinflou.
 
– A oposição insiste na tese de que Dilma não termina o mandato.
 
– A oposição é boa para ganhar pesquisas, mas não consegue eleger um presidente há quatro eleições. Não nos esqueçamos que Dilma ainda tem três anos e meio de mandato por diante. Ninguém ignora o fato de que este é o pior momento dos governos do PT, a economia vai mal, a política também, mas existem chances reais de melhorar.
 
– 66% da população está a favor do juízo político, segundo uma pesquisa.
 
– Teríamos que saber como foram formuladas as perguntas dessa pesquisa. As pessoas estão insatisfeitas com o governo, mas não vejo que exista um 66% querendo impeachment. Talvez haja 66% em São Paulo, mas São Paulo não é o Brasil, São Paulo é um caso atípico, mas é só um Brasil. Nelson Rodrigues, um importante escritor brasileiro, já dizia que “a pior forma de solidão é a companhia de um paulista”.
 
– Lula deveria assumir algum ministério?
 
– Até o mês passado, eu defendia que Lula deveria assumir um ministério político, para melhorar a articulação do governo, mas analisando melhor agora, mudei de ideia. Se estivesse num ministério, eclipsaria Dilma, seria um erro acabar com a figura da presidenta. Além disso, Lula sendo ministro carregará com o desgaste do governo, afetando sua imagem para ser candidato à presidência, em 2018. É o maior líder popular do país, temos que preservá-lo.
 
– O PT é um dos principais alvos dos manifestantes?
 
– O PT está numa encruzilhada, até a sua própria existência está em jogo, e o partido perdeu boa parte da credibilidade que já teve. Deveríamos reconquistar os movimentos sociais, reconquistar a juventude, que também perdemos. Hoje, a juventude vai às ruas com a direita, como se vê nas marchas desestabilizadoras, ou se identifica mais com o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade, nascido de uma dissidência do PT). Lamentavelmente, já não somos uma opção para os jovens, e hoje há muitos jovens conservadores, golpistas, estão nos ganhando nas ruas. Temos que reconhecer, infelizmente, que o PT perdeu a capacidade de mobilização que tinha, terá que reconstruir esse poder, para resistir a esse golpismo. Creio que isso poderá ser reconquistado em algum momento. Precisamos reconhecer que hoje é muito difícil o PT convocar uma mobilização em defesa de um governo que está fazendo um ajuste econômico como este, gerando mais desemprego.
 
– É uma situação irreversível?
 
– É reversível porque o PT é um partido com mais de um milhão de filiados, com uma base muito forte. Hoje não temos capacidade de pedir à sociedade que defenda um governo impopular. Mas temos a possibilidade real de pedir à sociedade que vá às ruas para defender a democracia.
 
Tradução: Victor Farinelli



Créditos da foto: Evan Schneider/ UN



Direita aposta no surgimento de um 'Berlusconi brasileiro' - Carta Maior

Apocalipse grego: Versalhes ou Brest Litovsk? - Carta Maior

O DILEMA GREGO E OS DILEMAS DO SIRYZA. NÃO ESTÁ FÁCIL PARA A ESQUERDA



21/08/2015 - Copyleft

Apocalipse grego: Versalhes ou Brest-Litovsk?

Existe um risco de que a humilhação do Syriza termine levando o partido a ficar sozinho em sua luta, sem conseguir avançar em seu projeto.


Slavoj Zizek

Andrea Bonetti
Quando o breve ensaio“A coragem da desesperança”, sobre a Grécia pós referendo, foi reproduzido pelo In These Times, mudaram o título para “Como Alexis Tsipras e o Syriza ganharam a partida contra Angela Merkel e os eurocratas”. Embora eu efetivamente acredite que a aceitação das condições da União Europeia (UE) não foi uma simples derrota, estou longe de uma visão tão otimista. Abdicar do NÃO no referendo para dar um SIM às exigências de Bruxelas representou uma comoção verdadeiramente devastadora, uma dolorosa e frustrante catástrofe. Para ser mais preciso, foi um apocalipse nos dois sentidos da palavra, a habitual (catástrofe) e a original literal (descobrimento, revelação): o antagonismo básico da situação, o beco sem saída ficou claramente exposto.
 
Muitos comentaristas de esquerda se equivocaram ao ler o conflito entre a UE e a Grécia como o conflito entre a tecnocracia e a política: o tratamento da UE à Grécia não é tecnocracia, e sim política, em seu estado mais puro, uma política que age contra os interesses econômicos – como ficou estabelecido claramente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), um autêntico representante da fria racionalidade econômica, que declarou o plano de resgate inviável). Em todo caso, foi a Grécia que representou a racionalidade econômica e a UE a que representou a paixão político-ideológica. Depois que reabriram os bancos e a bolsa do país, se produziu uma tremenda fuga de capitais e uma queda das reservas, que não foram simplesmente um sinal de desconfiança com o governo do Syriza, e sim de desconfiança com as medidas impostas pela UE, uma mensagem descarnadamente clara de que (tal como estamos acostumados a dizer) o próprio capital não acredita no plano de resgate da UE – e, aliás, a maior parte do dinheiro emprestado à Grécia irá aos bancos privados ocidentais, o que significa que a Alemanha e outras potências da UE estão gastando o dinheiro dos contribuintes para salvar a seus próprios bancos, que cometeram o erro de conceder empréstimos impossíveis de cobrar, para não falar do fato de que a Alemanha se beneficiou bastante da fuga de capital grego da Grécia à Alemanha.
 
Quando Varoufakis justificou seu voto contra as medidas impostas por Bruxelas, comparou o acordo com o Tratado de Versalhes, que era injusto e que levava em seu seio uma nova guerra. Embora o paralelo seja correto, eu preferiria fazê-lo com o Tratado de Brest-Litovsk, entre a Rússia soviética e a Alemanha, nos princípios de 1918, no qual, para consternação de muitos de seus partidários, o governo bolchevique cedeu às exorbitantes demandas da Alemanha. Certo, se retiraram, mas isso lhes deu um respiro para fortalecer seu poder e esperar. O mesmo acontece com a Grécia hoje em dia: não estamos no final, a retirada grega não é a última palavra, pela simples razão de que a crise vai voltar, em dois anos mais, ou antes, e não só na Grécia. A missão do governo do Syriza é se preparar para esse momento, para ocupar posições e planejar as opções pacientemente. Manter o poder político nessas condições impossíveis, porém, oferece um espaço mínimo para preparar o terreno para a ação futura, e para a educação política.
 
Aí está o paradoxo da situação: se, por um lado, o plano de resgate não vai a funcionar, não há porque perder os nervos e sair correndo, mas sim segui-lo até a próxima explosão. Por que? Por causa da evidente falta de preparação da Grécia para o grexit (uma saída da Zona Euro). Não há um plano B para esta dificílima e complexa operação. Até agora, o governo do Syriza funcionou sem controlar realmente o aparato do Estado, com seus dois milhões de funcionários: a polícia e o poder judiciário pertencem, em sua maioria, à direita política, a administração é parte integrante da corrompida máquina clientelista, etc. E terá que depender precisamente dessa vasta máquina estatal no caso de ter que enfrentar o enorme desafio do grexit (definamos que o grexit era o plano do inimigo, inclusive há rumores de que Schäuble (ministro da Fazenda alemão) ofereceu cinquenta bilhões de euros à Grécia para abandonar a Zona Euro). O que torna esse governo tão irritante é o fato de ser de um país da Zona Euro: “a veemência com a que se opõem se deve precisamente à presença da Grécia no euro. Realmente, a quem lhe importaria se chegasse ao poder num pequeno país, com o dracma como divisa?”.
 
Que espaço de manobra o Syriza tem, se aceita se reduzir a promulgar a política do seu inimigo? Deveria se demitir e convocar novas eleições, em vez de promulgar a política que se opõe diretamente ao seu programa? Uma decisão assim é muito fácil e, em última instância, é uma nova versão do que Hegel chamava de “a beleza do espírito”. Como explica Étienne Balibar, antes de tudo, o Syriza necessita ganhar tempo, e as potências da UE estão fazendo todo o possível para privar o Syriza de tempo, tratando de colocar o partido contra as cordas, de forçá-lo a uma decisão rápida: ou a rendição total (sua demissão) ou o grexit. Tempo, para que? Não só para se preparar para a próxima crise. Devemos lembrar sempre que a meta básica do governo do Syriza não é nem o euro nem a exigência de saldar suas contas com a UE, mas sim, sobretudo, a reorganização radical das instituições sociais e políticas corruptas da Grécia a longo prazo: “O mais complicado problema do Syriza, que não foi enfrentado por nenhum outro partido político no governo, é o de modificar as estruturas institucionais internas, em condições de assalto institucional externo” (como fez a Alemanha, no começo do Século XIX, sob a ocupação francesa).
 
O problema que a Grécia está enfrentando agora é o da “governabilidade da esquerda”: a dura realidade do que significa para a esquerda radical governar no mundo do capitalismo global. Que opções terá o governo? As alternativas óbvias (a simples social democratização, o socialismo de Estado, a retirada do Estado e a dependência dos movimentos sociais) não são suficientes, evidentemente. A verdadeira novidade do governo do Syriza é que supõe um acontecimento de governo: é a primeira vez que uma esquerda radical ocidental (não o velho estilo comunista) chega ao poder do Estado.
 
Toda essa retórica de atuar distanciando-se do Estado, tão querida pela nova esquerda, não pode se impor sobre um elemento central: é preciso assumir heroicamente toda a responsabilidade pelo bem-estar de toda a população e deixar para trás a atitude crítica básica da esquerda, de encontrar uma perversa satisfação em proporcionar explicações sofisticadas sobre porque as coisas tiveram que tomar um rumo equivocado.
 
O dilema ao que o governo grego se enfrenta é uma difícil escolha, que deve ser abordada em termos pragmáticos, não é uma questão de princípios entre a ação real (de governo) e a traição oportunista. As acusações de “traição” dirigidas ao governo do Syriza se formulam para evitar a pergunta realmente importante: como enfrentar o capital em sua forma atual? Como governar, como fazer um Estado funcionar “com gente”? É muito fácil dizer que o Syriza não é simplesmente um partido de governo, mas sim tem suas raízes na mobilização popular e nos movimentos sociais: o Syriza “é uma coalizão pouco rígida, contraditória em si mesma e internamente antagônica, de pensamento e prática esquerdistas, enormemente dependente da capacidade dos movimentos sociais de todos os tipos, totalmente descentralizada e impulsada pelo ativismo de redes de solidariedade num amplo campo de ação, através de linhas de conflito de classe, de ativismo de gênero e de sexualidade, de questões de imigração, de movimentos antiglobalização, de defesa dos direitos civis e humanos, etc”. Entretanto, a pergunta continua de pé: como essa dependência da auto-organização popular afeta, ou como deveria afetar, a direção de um governo?
 
Sobre a Grécia traída, Tariq Ali escreveu: “no começo do mês de julho, estavam celebrando o voto pelo NÃO. Estavam dispostos a fazer mais sacrifícios, a se arriscar a viver fora da Zona Euro. O Syriza lhes deu as costas. A data, 12 de julho de 2015, quando Tsipras aceitou as condições que a UE impôs, chegará a ser tão infame como o 21 de abril de 1967. Os tanques foram substituídos pelos bancos, como expressou Varoufakis, depois de ser nomeado ministro da Fazenda”. Considero convincente esse paralelo entre 2015 e 1967 mas, ao mesmo tempo, profundamente enganoso. É verdade, tanques rimam com bancos em alguns idiomas (em inglês, tanks rima efetivamente com banks), o que significa que a Grécia agora está de fato sob ocupação financeira, com a soberania fortemente restringida, todas as propostas do governo têm que ser aprovadas pela troica antes de se submeter ao Parlamento, não só as decisões financeiras mas inclusive de dados que estão sob controle estrangeiro (Varoufakis não tinha acesso aos dados de seu próprio ministério, e foi acusado de traição por tentar obtê-los) e, o cúmulo dos males, na medida em que o governo democraticamente eleito obedece essas regras, proporciona voluntariamente uma máscara democrática a essa ditadura financeira (enquanto as acusações recentes contra Varoufakis, por traição, são uma mostra de obscenidade em seu estado mais puro: nas últimas décadas, desapareceriam bilhões e o Estado manipulava informes financeiros falsificados, o único acusado foi o jornalista que tornou públicos os nomes dos titulares das contas ilegais nos bancos estrangeiros, contudo, agora Varoufakis é acusado, a partir de um pretexto ridículo. Se houve um herói de verdade em toda a história da crise grega, esse herói é Varoufakis).
 
Deve se assumir então o risco de um grexit? Nos enfrentamos aqui a uma tentation événementielle, ou seja, à tentação de seguir o curso dos acontecimentos: a tentação, numa situação difícil, de cometer uma loucura, de fazer o impossível, de assumir o risco e sair correndo, quaisquer que sejam os custos, sob a lógica subjacente de que “as coisas não podem estar pior do que estão agora”. O problema é que, com toda a certeza, as coisas podem ir ficar muito pior, até mesmo explodir, numa crise social e humanitária total. A pergunta principal é: houve realmente alguma possibilidade objetiva de um ato autenticamente emancipador que extraísse todas as consequências políticas e econômicas do NÃO no referendo? Quando (o filósofo Alain) Badiou fala de um acontecimento emancipador, sempre enfatiza num fato que não é um ato em si mesmo: só se converte em tal com o carácter retroativo, mediante esforçada e paciente obra de amor de quem luta por ele, que professa fidelidade a ele. A questão da oposição entre o curso normal das cosas e o estado de exceção caracterizado pela fidelidade a um acontecimento que interrompe o curso normal das coisas deveria, portanto, ser abandonada (desconstruída, inclusive). No curso normal das coisas, a vida simplesmente continua por sua própria inércia, estamos absortos em nossas preocupações e rituais diários. Então, algo sucede, um despertar causado por algum acontecimento, uma versão secular de um milagre (uma explosão social emancipadora, um encontro amoroso traumático…), se optamos pela fidelidade a esse acontecimento, toda nossa vida muda, nos dedicamos à obra do amor e nos esforçamos por inscrever o acontecimento em nossa realidade, e depois, em algum momento, a sequência do acontecimento se esgota e voltamos ao fluxo normal das coisas…
 
E se o verdadeiro poder de um acontecimento deveria se medir precisamente por sua desaparição, quando o acontecimento fica desconectado do seu resultado, da mudança da vida normal? Vejamos um acontecimento sociopolítico: o que fica de suas consequências quando sua energia estática está esgotada e as coisas voltam à normalidade? Até que ponto essa normalidade é diferente da prévia do acontecimento?
 
Voltando à Grécia, é fácil contar com o gesto heroico de prometer sangue, suor e lágrimas, de repetir el mantra de que a política autêntica significa que não se deve aceitar os limites do possível, e sim se arriscar ao impossível, mas o que seria isso no caso do grexit? Em primeiro lugar, não esqueçamos que o referendo não era nem sobre o euro (75% dos gregos preferem seguir com o euro) nem sobre a permanência ou não na UE. A pergunta era: “Quer que esta situação continue ou não?”, o que significa que o resultado tampouco pode ser lido como um sinal de que o povo grego está disposto a suportar sacrifícios e mais sofrimento para afirmar sua soberania. O NÃO foi um NÃO à sua situação sem saída, que era a situação da austeridade, pobreza, etc. Foi uma demanda de uma vida melhor, não uma disposição a mais sofrimento e sacrifício (em geral, os motivos de uma disposição a um sofrimento exagerado são extremamente problemáticos). Em segundo lugar, no caso do grexit, o Estado grego não se veria obrigado a adotar uma série de medidas (nacionalização dos bancos, impostos mais altos, etc.) que são simplesmente uma reedição da velha política econômica socialista-estatal-nacional-soberana? Não há nada contra este tipo de política, mas teria sucesso na Grécia de hoje, nas condiciones específicas que o país enfrenta, com seu aparato estatal ineficaz e dentro de uma economia global? Aqui estão os três pontos principais do plano antiausteridade da Plataforma de Esquerda, enumerando medidas “perfeitamente realizáveis”:
 
“1– A reorganização radical do sistema bancário, sua nacionalização sob controle social e sua reorientação voltada ao crescimento.
 
2 – A rejeição total da austeridade fiscal (superavits primários e orçamentos equilibrados), para enfrentar a crise humanitária de forma eficaz, cobrindo as necessidades sociais, reconstruir o Estado social e tirar a economia do círculo vicioso da recessão.
 
3 – A aplicação de procedimentos preliminares que levem a saída do euro e ao cancelamento da maior parte da dívida. Há opções perfeitamente realizáveis que podem conduzir a um novo modelo econômico orientado à produção, ao crescimento e à mudança no equilíbrio social de forças em benefício da classe trabalhadora e da população”.
 
Além disso, duas especificações adicionais:
 
“A elaboração de um plano de desenvolvimento baseado no investimento público, permitindo também o investimento privado em paralelo. A Grécia necessita uma relação nova e produtiva entre os setores público e privado, para entrar numa via de desenvolvimento sustentável. A realização desse projeto será possível uma vez que se restabeleça a liquidez, combinada com a capacidade do país economizar.
 
Retomar o controle do mercado interno, diante da disputa com os produtos importados, revitalizará e reforçará o papel das pequenas e médias empresas, que seguem sendo a coluna vertebral da economia grega. Ao mesmo tempo, as exportações serão estimuladas pela introdução de uma moeda nacional”.
 
É difícil de ver nisso tudo algo mais que o conjunto habitual de medidas intervencionistas do Estado: retorno à moeda nacional, impressão de dinheiro, financiamento de grandes obras públicas, apoio à indústria nacional… Medidas como essas, adequadamente calibradas, podem funcionar, mas funcionariam na Grécia de hoje, com um enorme endividamento externo de indivíduos e empresas privadas (que não podem ser pagos), com uma economia plenamente integrada à Europa Ocidental e dependente dela, por exemplo, para importar alimentos e produtos industriais e médicos? Em outras palavras, onde, em que outro lugar, a Grécia veria a si mesma? Em que outro lugar da Bielorrússia e de Cuba? Como Paul Krugman escreveu recentemente que é preciso admitir que ninguém sabe realmente quais seriam as consequências do grexit. É um território inexplorado.
 
Uma coisa está clara: “O grexit significa uma política de independência nacional”, por isso não é de se estranhar que alguns partidários da Plataforma de Esquerda prefiram inclusive à extremamente problemática e (para mim) totalmente inaceitável definição dessa como “populismo nacional” (por certo, deve-se rejeitar ambos os mitos otimistas, o mito da Plataforma de Esquerda, de que há um claro procedimento racional de empreender um grexit que traga uma nova prosperidade e sua contrapartida – defendida por Jeffrey Frankel, entre outros – de que, ao executar fielmente o plano de resgate, Tsipras pode chegar a se tornar um novo Lula).
 
Portanto, a eleição já não é simplesmente entre um grexit, a saída da Zona Euro, ou capitulação: o governo do Syriza se encontra numa situação única, obrigado a fazer aquilo ao que se opõe. Persistir numa situação tão difícil e não jogar a toalha é autêntico valor. Neste momento, o inimigo do governo do Syriza não é, em primeiro lugar, a plataforma de esquerda, e sim os que aceitam sinceramente a derrota, e o que na verdade querem é jogar o jogo da UE. Esse perigo parece evidente quando temos em conta o efeito da rendição do Syriza: pelo que Varoufakis m confessou numa conversa privada, “moderou as posições daqueles que ficaram nos ministérios, que ou são incapazes de realizar o projeto original ou não têm nenhum desejo (para não incomodar a troica) de planificar a próxima ruptura. É mais, a troica os usa como cobaias numa roda, fazendo-os correr cada vez mais rápido, para pôr em prática as medidas tóxicas. Foram cooptados em poucos dias, se tornaram incapazes de planejar algo próximo àquilo que foi proposto. Para finalizar esse processo, o movimento decisivo da troica é o de forçar, inteligentemente, que a normativa governamental inclua mais, e consolide alguns feudos próprios dentro do Estado. Assim, por exemplo, as unidades de luta contra a fraude fiscal acabaram sendo absorvidas pela Secretaria Geral de Ingressos Públicos (cuja dependência da troica já foi denunciada), de forma que o governo não conta com instrumentos ao seu alcance para combater a evasão fiscal da oligarquia. O mesmo ocorre com as privatizações. A troica está estabelecendo novos órgãos que controlam totalmente”.
 
Fica, então, algum resquício de esperança? O verdadeiro milagre da situação, e uma das poucas fontes de moderada esperança, é que, apesar de Bruxelas ter imposto suas exigências, parece que cerca de 70% dos votantes gregos ainda apoiam o governo do Syriza. A explicação é que a maioria percebe que o Syriza está fazendo o que tem que fazer numa situação impossível.
 
Existe um risco de que a humilhação do Syriza termine levando o partido a ficar sozinho em sua luta, sem conseguir avançar em seu projeto, o que permitirá a reintegração plena de Grécia na UE como um humilde membro em quebra, da mesma forma que há um risco de que um grexit se transforme numa catástrofe em grande escala. Sobre esse ponto não há uma resposta clara a priori, qualquer decisão só se justificará com carácter retroativo, em função de suas consequências. O que há que temer é não só a perspectiva de um maior sofrimento do povo grego, mas também a perspectiva de outro fiasco que desacredite a esquerda para os anos vindouros, enquanto os esquerdistas sobreviventes argumentarão que sua derrota demonstra uma vez mais a perfídia do sistema capitalista…
 
* Filósofo e crítico cultural esloveno, é professor da European Graduate School, diretor internacional do Birkbeck Institute for the Humanities (Universidade de Londres) e investigador senior no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana.
 
Tradução: Victor Farinelli
 
Link: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/A-coragem-da-desesperanca/6/34142

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