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sábado, 9 de julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

SOBRE EDUCADORES, REVOLUCIONÁRIOS E FANÁTICOS






SOBRE EDUCADORES, REVOLUCIONÁRIOS E FANÁTICOS
     
Não é de hoje que companheiros organizados no SINDIUTE¹ promovem campanhas sistemáticas de descrédito do sindicato APEOC. Muito antiga essa prática. Talvez, se tivessem aplicado suas energias em construir um programa de unidade com a entidade da categoria, estivéssemos agora em patamar mais elevado de organização e em igual nível de discussão. Sempre procuramos nos esquivar desses golpes, na esperança de que um dia se estabelecesse uma relação ao menos respeitosa que permitisse em um futuro breve, ou distante, a depender, uma unificação da representação da categoria. Em um momento ou outro nos ocupamos em responder aos ataques de uma maneira que não fechasse as portas para a possibilidade da unidade na luta. Por diversas vezes o sindicato apostou na ideia de tentar o dialogo com esse segmento. No entanto, a cada campanha salarial revela-se cada vez mais difícil  ganhar alguma coisa nessa aposta.
Não temos nenhum problema com divergências. É no seu exercício que crescemos e amadurecemos. Questionamos aqui é a forma como os companheiros entendem o que seja isso. Constituímos uma única classe. Muitos de nossos objetivos estratégicos são os mesmos ou ao menos semelhantes. No nosso caso procuramos investir nas convergências e a partir daí, limparmos o terreno das divergências menores e debater abertamente as que se revelam maiores e de difícil superação no plano do discurso. Respondem-nos com baixarias, provocações, rasteiras e o mais escancarado desrespeito.
De um modo geral esses companheiros se vêem como revolucionários. Vestem-se de vermelho, é visível, empunham bandeiras revolucionárias, fiéis ao ditado que afirma ser o hábito que faz o monge. Mas livros vermelhos podem ocultar páginas amarelas. Será que pensam ser grande contribuição à revolução que dizem defender, o comportamento sectário e desaforado que adotam face aos que não concordam com seus pontos de vista?
As correntes organizadas no interior do SINDIUTE em sua maioria reivindicam-se como herdeiras do trotsquismo. Não sabemos se Trotsky lhes concedeu essa prerrogativa em testamento. O fato é que se alguém se der ao trabalho de conhecer um pouco sobre a obra e a própria vida do grande revolucionário, verá bem pouca afinidade com os métodos adotados por eles.
Basta uma passagem de uma obra menor para se perceber que teriam problemas com o mestre. Em Questões do Modo de Vida, promove um libelo contra a grosseria e os maus modos herdados da velha sociedade que procuravam superar:
“A grosseria da linguagem – ... – é uma herança da escravidão, da humilhação e do desprezo pela dignidade humana, tanto a alheia como a própria... Nas camadas populares, a grosseria exprime o desespero, a irritação e, acima de tudo, uma situação de escravo sem esperança e sem saída.” (TROTSKY, Leon , Questões do Modo de Vida. Lisboa: Edições Antídoto, 1979)
Incrível como aqueles que se dizem trotsquistas possam adotar como regra o comportamento que o mestre constatou como expressão das condições mais indignas que podem afetar o ser humano! Será que ao ler essa obra não atinaram que na qualidade de militantes de partidos que se atribuem a tarefa de revolucionar a sociedade deveriam procurar revolucionar a si mesmos, superando essas deficiências? Ou não leram? Desse jeito se aplica uma segunda picaretada na cabeça do finado. Pelo visto, à categoria do analfabeto político descrita por Bertold Brecht, acrescentaremos um possível desdobramento que se materializa na figura do analfabeto político funcional. Um verdadeiro “Maria-vai-com-as-outras” ideologizado.
A citação não dá cabo de todas as distorções que verificamos no comportamento político dos segmentos ultra esquerdistas que infestam a categoria. A obra até que dá, mas nos perderíamos em um oceano de citações. Queremos focar principalmente essa tendência dos companheiros com freqüência resvalarem para o desaforo e o assédio moral contra seus críticos. Por vezes em uma simples questão pontual, geram desconforto e desestimulo à participação dos demais. Exceto aqueles que consideram natural e até legítimo agir dessa maneira. Ao final, instala se o ambiente em que só eles falam, forjando um consenso imposto pelo grito e pela intimidação. Isso já seria lamentável em qualquer sindicato ou outro tipo de movimento social, imagine em um integrado por trabalhadores que se pretendem educadores. É uma lástima!
Nas assembleias realizadas até o momento, verificou-se a que nível anda o comportamento desses companheiros. Dissimulação e sabotagem são as palavras mais adequadas para caracterizá-lo. Adentram ao plenário com gritos e ameaças ao sindicato. Como de praxe denunciando coisas que sequer foram cogitadas. Já tinham feito nas escolas seu trabalho difamatório de modo a criar um clima de revolta na base contra a entidade. Nos dias anteriores à primeira assembléia lançaram mão de todos os meios para executarem essa tarefa.
Já nos confrontamos com esses companheiros desde há muitos anos. O desaforo e o forjamento de versões que depreciam nossa atividade já é prática corrente entre eles. Envenenam as consciências, muitas vezes com questões comezinhas e insignificantes. Um professor alegou estar desconfiado do sindicato, porque ouvira falar que seu presidente tinha chamado ao governador de “companheiro”. O presidente sequer podia lembrar se isso ocorrera de fato. E se aconteceu, pode ser fruto de um lapso de quem usa essa palavra centenas de vezes todos os dias. Mas perguntamos: isso é questão digna de menção diante da tarefa que temos a nossa frente? Mas o totalitarismo funciona assim mesmo. Chega a ser bem pior do que uma ditadura bonapartista; pois além de implicá-la, estende seus efeitos autoritários e repressivos ao interior do indivíduo, de modo que até o que as pessoas pensam ou dizem sobre qualquer aspecto da vida é patrulhado e devidamente rechaçado pelo senso comum que se forma tentando abarcar a totalidade do real. É a derrota do pensamento.
Mas não têm se limitado a isso. Na presente conjuntura percebemos a presença de um elemento novo e preocupante em seus métodos. Já se apresentara de forma embrionária em momentos anteriores, mas agora se revela como algo elaborado e premeditado. Não hesitam em apelar para o recurso da violência.
Antes mesmo da assembléia do dia 08/06, já se faziam ameaças em diversos espaços, inclusive na internet. Somos defensores empolgados da internet e de todas as políticas e ações que visem estender seu uso às mais amplas camadas da população. Nos opomos qualquer tipo de restrição à liberdade de expressão existente nela. Participamos de encontros de blogueiros e de redes sociais. Somamos no esforço pela democratização da Banda Larga e achamos que nossa categoria em especial deve ocupar esses espaços com mais intensidade e muitos já vêm fazendo. Existem inúmeros blogs de profissionais da educação e grupos 
debates nas redes sociais. Nesse caso, quanto mais, melhor. 

Mas um determinado grupo no Orkut nos chama atenção. Composto principalmente por companheiros que adotam postura crítica ao sindicato tem se revelado muito ativo; até diretores do sindicato têm participado, manifestando opiniões.  
Até aí tudo bem. No entanto. um tópico em especial, ganhou destaque. O título em si já é bastante sugestivo: PRESSÃO SOBRE OS DIRETORES DA APEOC. Não se trata de fazer pressão sobre a APEOC ou sobre sua diretoria e sim, sobre os indivíduos que compõem sua direção. 
Indo mais amiúde as colocações feitas são de uma maneira geral bastante açodadas. Nas entrelinhas, por vezes, nas linhas mesmo, alguns companheiros extrapolam os limites do bom senso.

Vejamos dois exemplos. Adotamos nomes fictícios, pra não causar constrangimento. Com esses exemplos não queremos dizer também que todos os seus participantes compartilhem das mesmas posições. Vamos a eles:
Em um caso referindo-se à presença do professor Anízio Melo na Escola Rogério Fróes, após um informe deturpado emitido por seu companheiro, o Professor Robiano sacou a seguinte sugestão:

“Por que vcs não deram um ‘pedala robinho’ nele?”
11:41 (14 horas atrás)

“Pedala Robinho” é um ensaio de linchamento. Algo parecido com o popular “sabacu”, que consistia em um grupo de pessoas aplicar uma série de tapas na cabeça de um indivíduo. Mas no tempo do “sabacu” se gozava ainda de certa inocência, desconhecendo-se e pouco se ouvindo falar em Bulliyng. Essa informação, no entanto, está disponível nos dias de hoje e ao alcance de qualquer professor. Será que pratica isso em sua sala de aula ou ao menos não procura desestimular entre seus alunos? Quem sabe?! Além disso, o nosso craque-professor parece esquecer que não está sozinho em campo, e que a equipe adversária conta com seus zagueiros!
A pérola emitida pelo prof. Robiano, entretanto, teve seu brilho ofuscado pela que foi apresentada por certo professor Insano:

“Os políticos são lobos, os professores cordeirinhos. Mesmo que se reúnam toda a categoria de professores fazendo greve, ainda aerá um rebanho de cordeirinhos, presas fáceis para os lobos.
Precisamos mesmo é de um sacrifício simbólico em nome da categoria. Não existe mudança sem sacrifício. Qual eu não sei, mas que causasse grande comoção pública. “
primeira | < anterior | próxima > | última
E continua:
Botem isso na cabeça: a sociedade não quer!
Se a sociedade brasileira nos apoiasse era outra estória. Seríamos valorizados, para esta sociedade nós não somos importantes.
Por isso eu digo que só mudaríamos nossa imamagem frente a um sacrifício que provoque revolata e indignação na sociedade para que ela nos apoie.
Sem o apoio da sociedade somos comida de lobo. “”
Mas que “estória” interessante de ser contada. Esperamos que não seja professor de História, pois demonstra não ter conhecimento da matéria, a começar pela sua nomenclatura. O raciocínio em muito se assemelha à de Wellington de Menezes, responsável pela chacina de estudantes na escola do Realengo, no Rio de Janeiro. Para ele, a culpa não reside mais nos governos nem na APEOC como chegam a dizer os mais histéricos, agora superados pelo colega Insano; é a própria sociedade. Mas, integrando a sociedade, estamos todos nós. Então nos incluímos entre os culpados. Em consequência corremos o risco de sermos alvos do “sacrifício” proposto por ele. É realmente preocupante esse modo de pensar. Não é produzido por uma pessoa qualquer, mas por alguém que se encontra em uma sala de aula moldando as mentes de futuros cidadãos. Mas há cidadania nisso aí? Não cremos, mas com certeza existe uma grave patologia que exige ser tratada o mais rapidamente possível. Lembremos que o sociopata do Realengo emitiu sinais do ato que pretendia realizar, assim como também os atiradores de Columbine,  e todos foram subestimados. Acharam que se tratava dos delírios de alguém que estivesse mal humorado no dia e talvez um pouco desequilibrado. Mas nunca se pensa no pior.
Ninguém fez qualquer objeção às concepções insanas do professor Insano. Pelo contrário, foi acompanhada de risos e até de uma sugestão por parte de certa professora Mikareta, talvez uma obreira da igreja do Templo do Povo, fundada por Jim Jones, e que pelo jeito, conta com missionários entre nós:
“..., suicidio coletivo causaria grande comoção.... rsrsrrsrsrrs”

As referências já não são Marx, Engels, Lênin ou Trotski. Parecem estar formando suas concepções na esteira de Bin Laden. Não compartilhamos do discurso e política do imperialismo focada no antiterrorismo, no entanto, isso não nos habilita a defender os métodos criminosos e contra revolucionários da Al Qaeda.
Parece ter sido com esse espírito que os companheiros foram às assembleias. Promoveram um espetáculo deprimente e dantesco Fizeram passeatas no interior do ginásio. Acuaram os oradores. Vaiaram calculadamente qualquer um que se afinasse com as posições do sindicato com o claro objetivo de fazer com que os demais não escutassem suas considerações. 
Não aprenderam a se comportar assim nas páginas do Que Fazer de Lênin, mas certamente no Minha Luta de Adolf Hitler, que promovia o caos para desestabilizar e desacreditar o adversário.

Formaram uma patuleia ensandecida que reunia militantes a provocadores profissionais sem nenhuma relação com a categoria, alunos instruídos ou adestrados por mestres doutrinadores, e até... Professores. Educadores com certeza entre eles não havia. Se a condição de professor se define no porte de um diploma, a de educador por sua vez, se inscreve na alma. Não podemos acreditar que um educador pudesse se permitir algum papel naquela comédia grotesca. Sem dúvida que o pensamento mecânico e robótico do companheiro Insano constitui a estrutura basilar de toda a atividade da maioria desses agrupamentos. Ou seja, apostam todas as fichas no “quanto pior, melhor”.

GREVE JÁ! CUSTE O QUE CUSTAR

"Flutua no ar o desprezo, desconsiderando a razão...". Que os companheiros sejam convictos de que qualquer negociação é traição e tenham se empenhado em minar os esforços de entendimento entre o sindicato e o governo, já se esperava. Causa espanto que,  na obsessão de destruir o sindicato, não vacilam em derrotar a categoria. E mais chocante ainda é que utilizem da farsa do aparente radicalismo para seduzi-la e levar a efeito a proposta de suicídio coletivo feita pela dupla Insano/Mikareta.
Não adiantaram os esclarecimentos jurídicos feitos pelo Sindicato mostrando que se tiver de se deflagrar a greve, não podemos fazê-la ao arrepio da lei vigente, por mais draconiana que ela nos possa parecer. As greves que eclodiram pelo Brasil inteiro foram julgadas como ilegais em sua maioria, embora se achassem respaldadas pela lei do piso. Mas se seu eixo era a implantação do Piso, e se alegava o cumprimento da lei, a rigor esse só pode ser cobrado judicialmente após a publicação do Acórdão do julgamento do STF. Além disso, quando os sindicatos precipitaram as greves o fizeram se antecipando à incipiente articulação que a CNTE tentava fazer em nível nacional das campanhas salariais de modo que comprometeram esse esforço.
Por que a pressa? Necessariamente um esforço dessa natureza, mesmo que estabelecendo objetivos modestos, exigiriam um grande movimento de articulação das várias redes de ensino e se enfocarmos apenas as redes estaduais, isto já exigiria um tempo bastante elástico para se efetivar. As questões locais parecem ter exercido ainda forte pressão sobre as campanhas salariais, apesar de terem o piso como eixo. Forçando a precipitação se encontra o CONLUTAS coerente com o que faz em nível nacional procurando, buscando sistematicamente jogar as instituições da classe trabalhadora no descrédito.
Em nosso caso, alega-se que é necessário se fazer eclodir a greve agora, pois o governo poderá enviar o PL do PCCS, durante as férias de julho, quando a categoria estaria no gozo das férias. Esse temor não se justifica pois nada garante que nesse período possamos contar com presença massiva de professores na mobilização. E mesmo que seja o caso, não é necessário que se tenha a greve deflagrada para acontecerem manifestações.  Será que a deflagração da greve intimidará o governador que, apavorado, não fará votar seu decreto em julho? É bom que se diga que se quiser enviar o seu projeto, o fará, seja no contexto de negociação ou de greve. Agora mesmo, na greve de Fortaleza, a prefeita, apesar de desgastada por intensa campanha midiática movida contra ela, enviou a mensagem do reajuste que quis conceder à câmara municipal, conseguindo aprová-la,  apesar de enfrentar uma greve que durava em torno de 60 dias. Em seguida logrou decretar sua ilegalidade. Diante disso, não sabemos o que os faz pensar que intimidaríamos o governador! Parece a estória do gatinho que se olha no espelho e vê um leão.
Certamente seremos acusados de tentar baixar a bola da categoria, de desestimulá-la à luta, de querermos proteger o governador, fazendo acompanhar as denuncias com o velho blábláblá do incorrigível “governismo” e “peleguismo” da APEOC. De nossa proteção o Sr. Cid Gomes, com certeza não precisa. Diante das ameaças e posturas agressivas de alguns companheiros, talvez venham ser os membros do Sindicato que venham a precisar dela.
Não desconsideramos em nenhum momento a possibilidade de deflagrar se a greve. Mas fazê-la implica primeiramente se esquivar das possibilidades previsíveis de ilegalidade, sendo impossível se prevenir das imprevisíveis. Fazê-la eclodir nesse contexto sem considerar os diversos cenários e suas implicações, pode redundar num verdadeiro aborto. E este, de acordo com a legislação vigente no país, ainda é uma prática ilegal.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

ESTADOS UNIDOS - Supremo de Wisconsin ratifica ley antisindicatos que elimina negociaciones y rebaja los sueldos

ESTADOS UNIDOS - Supremo de Wisconsin ratifica ley antisindicatos que elimina negociaciones y rebaja los sueldos


Miles de personas se manifestaron contra la ley ante el Capitolio durante semanas.
El Tribunal Supremo de Wisconsin ha confirmado la ley antisindicatos promulgada por el gobernador republicano del estado,Scott Walker, a principios de año y que despoja a los funcionarios públicos de su derecho a la negociación colectiva, reporta publico.es.
La ley que el gobernador propuso el pasado febrero y que fue aprobada por la mayoría conservadora del Senado local en marzo recorta los salarios de los empleados públicos, les hace pagar 12% de su seguro médico y la mitad de su plan de pensiones y sobre todo elimina su derecho a llevar a cabo cualquier negociación colectiva que no sea estrictamente salarial.
La ley provocó semanas de protestas. Miles de personas se manifestaron contra ella ante el Capitolio durante semanas y los senadores demócratas huyeron del estado para evitar participar en una votación adversa, convirtiendo Wisconsin en el foro del debate nacional sobre los derechos sindicales.
En una decisión de 4-3 que mostró las virulentas diferencias que dividen el estado, el Tribunal Supremo de Wisconsin dictaminó que una jueza federal rebasó su autoridad cuando anuló la ley a finales de mayo.
La magistrada dio la razón a una demanda judicial de los sindicatos que acusaban a los republicanos de no haber convocado con suficiente antelación la reunión que finalmente, en ausencia de los demócratas, les permitió aprobar el proyecto de ley.
El gobernador Walker alabó la decisión del Supremo por “dar a Wisconsin la oportunidad de avanzar”, mientras que Phil Neuenfeldt, presidente de la agrupación de sindicatos AFL-CIO, calificó el fallo de “una afrenta a la democracia”. En Madison, la capital, algunos manifestantes han decidido acampar frente al Capitolio en lo que llaman Walkerville para protestar contra las medidas republicanas.
Wisconsin se ha convertido en el centro de la lucha conservadora contra los sindicatos, aprovechando la mala coyuntura económica. Otros estados, como Ohio y Iowa, también han aprobado normativas parecidas.

A AÇÃO DO SINDICATO APEOC NA ATUAL CONJUNTURA II

A AÇÃO DO SINDICATO APEOC NA ATUAL CONJUNTURA II

Estamos  em um momento crucial de nossa campanha salarial.  Chegamos ao  ponto alto  da negociação, ou seja, de uma etapa da campanha; e uma etapa muito importante. Fizemos e continuamos fazendo  um grande esforço para que as negociações cheguem a termo com resultados positivos para a categoria. Quando defendemos o processo de negociação não o fazemos como manobra diversionista, pensando em satisfazer a opinião pública ou a justiça e depois jogar as cartas no sentido de sabotar o processo, visando deflagrar uma greve a qualquer custo. Levamos o instrumento da negociação muito a sério e um sindicato que realmente defende por todo o tempo os interesses de sua categoria, procura manter abertos os canais de negociação com os governos de modo a se superar muitas questões sem ser necessário se recorrer a um recurso  extremo.  Enquanto não estiverem esgotadas as possibilidades de se obter nossas demandas através do processo de negociação achamos ser nosso dever mantermo-nos nele, até não se ter mais margem para conquistas. Em um processo como esse não estamos apenas negociando com o governo como também interagindo com a opinião pública, principalmente com aquele segmento que precisa e se utiliza da escola pública. Normalmente os filhos das classes mais carentes e da chamada “nova classe média”, que  passam  a ser disputados por uma legião de pequenas  escolas privadas que se reinstalam nas áreas periféricas  e subúrbios das cidades. É um imperativo  do qual não podemos fugir.   Sinceramente não queremos causar aos nossos alunos transtornos  gratuitos  e nem induzi-los ao  desencanto com a escola pública. É nossa responsabilidade dialogar com eles tentando obter  a compreensão e apoio para um eventual  enfrentamento aberto  com o governo patrão.
Já obtivemos vitórias nos limites de processos de negociação. Foi assim com a ampliação da carga horária dos professores e diretores,  com o financiamento dos cursos de pós graduação  e, mais recentemente,  a elevação do teto para o recebimento do  vale refeição.  Já na presente etapa, conquistamos  a paridade salarial  dos professores temporários com os efetivos, o pagamento da PH para todos os aptos a recebê-la,etc. No caso das ampliações da carga horária, foi um processo longo, em que combinamos  diversas  formas de ação sindical, de modo a reforçá-la, com  a realização de manifestações em  espaços específicos e  audiências públicas que fizeram  ecoar essa luta.
 Então está provado que se pode conquistar negociando, ao contrário do que afirmam os “raivosos”.  O que não se prova e nem se aprova é a idéia de que “sempre conquistaremos negociando” ou só “conquistaremos negociando”. Não  estamos afirmando coisa dessa  natureza. Seria incorrer no desvio oportunista da “negociação permanente” próprio do sindicalismo cartorial e de resultados  muitas vezes suspeitos. Nesses casos desvirtua-se a negociação, que degenera em negociata ou conluio. Não organizam, não mobilizam suas bases e  sequer se empenham em promover sua sindicalização, pois se alimentam do famigerado imposto sindical. É bom que se diga, por uma questão de honestidade que, alguns sindicatos dirigidos por direções que se  proclamam de esquerda e muitas que se auto proclamam como  revolucionárias, também   lançam mão desse recurso. Em alguns casos é até compreensível, pela natureza da atividade, do regime de trabalho e da  perseguição a trabalhadores sindicalizados. Em outros, tanto à direita como à esquerda, é fruto de pura acomodação. É mais ou menos nesse perfil que se enquadram os chamados sindicalistas pelegos. Donde se conclui que em certos aspectos, revolucionários se identificam com pelegos, principalmente quando o assunto é dinheiro.  Mesmo nesse caso, achamos um grave equívoco vestir o sindicato com o terno do peleguismo,  quando isso é uma particularidade de sua direção. É próprio da concepção e prática sindical de um grupo dirigente da entidade e não dela mesma. Deixemos para outro momento as considerações em torno do significado do termo e seu recorrente uso contra o sindicato APEOC.
Portanto cremos que a negociação é um procedimento legítimo e até rotineiro de qualquer entidade sindical. Passa-se mais tempo negociando do que em greves e manifestações. Isso se aplica inclusive aos dirigentes que se enxergam como mais revolucionários do que os outros e se dizem avessos a qualquer negociação.  Na verdade não se enxergam. O erro não é negociar e sim não saber quando identificar o momento em que uma negociação não é suficiente ou está sendo solapada pelo outro lado, com falsas promessas ou manobras que desvirtuam por completo a pauta em discussão.
Já esclarecemos que a demora em se encerrar esse processo se deu em obediência aos nossos próprios interesses. Os raivosos agora nos acusam de participar de uma encenação, mancomunados com o governo, enrolando a categoria numa comédia grotesca em que todos são palhaços. Acaso  concordariam em concluir o plano de carreira no contexto da liminar concedida em favor dos governadores? Estaríamos em condições iguais, ou melhores do que  atualmente, com a derrubada da ADIN? Falam assim porque não entendem nada do assunto e ao que parece menos ainda de análise de conjuntura.
Avaliamos que as sucessivas  reuniões na “comissão do PCCS” e  com o próprio governador  não aconteceram inutilmente. Provavelmente  em lugar nenhum do país um sindicato tenha  conseguido ser  recebido e negociado com o governo nesse nível. Por  incrível que pareça, para muitos companheiros isso não significa nenhuma vantagem.  Vêem nesse movimento apenas a oportunidade para repetir mais uma vez,  que a APEOC é incorrigivelmente governista em qualquer situação, seja lá qual for o governo. Tão fazendo a festa, afinal têm diante de si não apenas um prato cheio, mas um verdadeiro banquete para se empanturrar e vomitar seu discurso exocrínico da APEOC pelega e governista. Mas não foi por querer colaborar com a APEOC, ou o contrário, que o governador recebeu o sindicato. Teria de receber somente a ele, e a ninguém mais, pois se trata da entidade que representa  a categoria por direito e de fato, embora os “raivosos” insistam em não reconhecer isso e não perderem oportunidade de tentar esvaziá-lo, promovendo o paralelismo, e outras modalidades de seu inesgotável repertório de golpes.   A assinatura do termo de compromisso junto ao MP no contexto da greve de 2009, praticamente forçava o governo  a adotar a negociação. Ao mesmo tempo o resultado do julgamento no STF, deixou seus postulantes em situação incômoda, principalmente Cid Gomes por ter sido o único do nordeste e um dos poucos da base aliada de lula a fazê-lo. Plantou  ventos na  marola que caracterizou  sua  relação com a categoria em um momento inicial . Como resultado colheu duas greves. Sendo que a última, em 2009,  assumiu proporção semelhante  à de 2006.  Embora nesse caso outros fatores tenham contribuído para que ela acontecesse, o ressentimento  por conta de sua   atitude gratuita e contraditória com o programa que defendera em sua eleição, desempenhou forte papel no desencadear da greve.  Talvez pense em fazer com que diminua os efeitos do estigma que  impregna sua imagem, desde que se fez acompanhar pelos  “inimigos da educação “.  Além do mais as greves  que acontecem nesse momento  demandam a abertura de negociações com os governos . No ceará já estamos encaminhando assim e os companheiros “raivosos” nos reprovam por isso. Simplesmente não tem lógica.
 Cobram do sindicato supostas  ações  que não foram feitas no ano passado. Mas a que ações se referem? Sinceramente não sabemos, mas até eles parecem não saber também, pois não mostram com clareza quais seriam. Sabem perfeitamente que dificilmente algo diferente do que fizemos poderia ter sido feito.  Na qualidade de sindicalistas que almejam ser, torcemos para que ao menos, sejam  ótimos professores.
Pegamos o material bruto que a realidade nos proporcionara e tentamos lapidá-lo  a ponto de, mesmo na adversidade, tirar  dividendos em uma conjuntura negativa.  Não fomos cobrados pela base naquele momento no sentido de se adotar postura  ofensiva,  e mesmo  os segmentos politicamente organizados em partidos e correntes, não se manifestaram assim. Agora querem aparecer de donzelas enganadas.  É verdade que, dadas as circunstâncias, em alguns momentos ficamos oscilando entre a timidez e a ousadia, mas sempre tentando ocupar os espaços necessários para manter em evidência  as demandas da categoria. Se os companheiros professores da base não tivessem o tempo tão exíguo para poder pesquisar sobre  o andamento das campanhas salariais em outros pontos da federação, poderiam ter uma idéia mais clara da dimensão do processo que promovemos em nosso estado. Já falamos que seus resultados, embora parciais, já significaram mais do que os obtidos em  muitas das greves que hora se realizam. 
O fato é que as negociações estão acontecendo e resultados concretos estão sendo apresentados. É natural que nessa altura as discussões endureçam, que a categoria fique  impaciente  e continue desconfiada das intenções do governo. Sobre isso pouco se pode manifestar, pois importam as nossas intenções.  Não podemos ficar patinando em especulações vazias que apenas dão cabimento a boatarias esdrúxulas tributárias das teorias da conspiração. Ao  contrário do que dizem, não temos relações tão estreitas com o Sr Cid Gomes a ponto de saber o que se passa em sua cabeça.
Enfim, se os resultados das negociações se mostrarem positivos, festejaremos. Se não, avaliaremos e tomaremos uma decisão junto com a categoria. Estaremos com ela seja qual for o caminho que deseje seguir.

Negociação não é coisa de pelego, na verdade é coisa de sindicato mesmo. Tão legitimo quanto a greve. Infelizmente para alguns companheiros negociação ainda é visto como “traição”,”enrolação” e sinal de “fraqueza”. Essa visão distorcida precisa e deve ser  superada.  Recorrer à negociação ou  apelar para formas mais radicais de ação, como a greve, não é exatamente uma questão de contrapor uma iniciativa à outra. Mas sim de aplicá-las conforme exija e permita a conjuntura.  Para muitos companheiros se não é greve, não é luta. Recordamos mais uma vez que a  luta sindical pode se manifestar de variadas maneiras  e acontece no tecido do cotidiano, no dia a dia e,  não apenas nos momentos mais espetaculares das greves e grandes manifestações.  Nesse ponto, entre outros, fechamos com Vladimir Lênin, quando em sua obra Sobre as Greves, afirma:
As greves são um dos meios de luta da classe operária por sua emancipação, mas não o único, e se os operários não prestam atenção a outros meios de luta, atrasam o desenvolvimento e os êxitos da classe operária.
A greve é a ferramenta mais forte que temos a nossa disposição para confrontar a intransigência dos governos.  Por isso mesmo, requer uso  cuidadoso para não se dar um tiro no pé. Sua banalização, ao torná-la um objetivo estratégico em si mesmo, só leva ao desgaste desse instrumento. Um atirador que atira a esmo arrisca de gastar preciosa munição que certamente lhe fará falta na hora em que o alvo se revela. Não basta a revolta e a coragem para fazê-la acontecer. Claro que são fatores básicos que devem se  associar a outros  que estão mais além dos limites dos sentimentos humanos. Há de se observar com atenção se o ambiente é favorável. Se o adversário  é forte ou frágil, além de outros elementos da realidade  que poderão interferir  em seu  desenrolar . 
Temos que encarar de frente o adversário que temos. Ao  contrário de Lucio Alcântara, derrotado em 2006, numa greve  histórica que marcou o retorno dos trabalhadores em educação  do ceará às grandes manifestações de classe, o governo Cid Gomes caracteriza-se  por contar com forte base de apoio nas instituições  políticas e jurídicas do estado. Conseguiu agregar em torno de si um amplo leque de forças, que vai desde o PT até o PSDB. Considerando uma ou duas exceções tem completa hegemonia na assembléia legislativa, beirando mesmo a unanimidade. É uma liderança nacional de seu partido, e a imprensa o trata com muita deferência. Recentemente fez questão de dar demonstração de sua força e prestígio junto à base aliada do governo federal, batendo  de frente com o ministro dos transportes. Demonstra que tem peso  junto às altas esferas da união. Contra um adversário dessa magnitude, dificilmente contaríamos  com os discursos inflamados em nosso favor  por parte de determinados comunicadores, afinal “ o boi sabe aonde a cerca fura”. Apesar disso tudo, nesse instante o governo Cid Gomes apresenta uma fragilidade justamente na área em que prometeu jogar todas as cartas de sua administração; ou seja, na educação. Tem sido um verdadeiro calcanhar de Aquiles que procura proteger de uma flechada letal à sua imagem de administrador eficiente. A assinatura no documento nefando impingiu-lhe  uma nódoa que até poderá desbotar um dia , por efeito da aplicação de muita água sanitária, mas arrisca ficar com  aquele encardido recordando  a presença da sujeira. Seria interessante que o governador passasse já  a empreender essa lavagem, completando o percurso da negociação da forma como fez  até há pouco, fazendo avançar a pauta,  provando que no passado recente apenas se permitira ouvir os maus conselheiros e prove que realmente pretende ver a educação como a locomotiva de seu governo. Seria a glória para ele e a dignificação para a educação e os educadores do ceará.  
Mas pode ser que lamentavelmente, não veja as coisas dessa maneira. Pode ser que por qualquer motivo, resolva recuar da postura adotada até agora e dê por  encerrada o que até o momento foi uma jornada bem sucedida de entendimento . Então será a vitória da intransigência e dos que apostam no confronto.  Mas se tiver de ser assim, o sindicato não declinará de seu compromisso com a categoria e seguirá com ela tentando conduzi-la da melhor maneira rumo à vitória. Até agora demos um boi inteiro pra não entrar numa briga, mas não  daremos uma boiada pra sair dela; preferimos ficar com  a boiada   e correr atrás do boi que foi dado.

domingo, 24 de abril de 2011

Banda larga é um direito seu! | RETS

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ANPUH - Associação Nacional de História - Notícias - LIVRO DO EXÉRCITO ENSINA A LOUVAR A DITADURA

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CMI Brasil - Educação e Crime

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CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - Que bom que os Sindicatos de Trabalhadores da Educação preocupam os sacerdotes da privataria!

CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - Que bom que os Sindicatos de Trabalhadores da Educação preocupam os sacerdotes da privataria!

domingo, 17 de abril de 2011

Bach, Toccata and Fugue in D minor, organ

Participação Popular discute como combater o crack - TV Câmara

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Projeto estabelece punições para estudante que desrespeitar professor - Agência Câmara de Notícias

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Altamiro Borges: Veja ataca a educação pública

Altamiro Borges: Veja ataca a educação pública: "Reproduzo artigo de Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta da Apeoesp e integrante do Conselho Nacional de Educação e do Fórum Nacional de..."

Congresso quer que combate ao bullying vire lei

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terça-feira, 12 de abril de 2011

O QUE NOS DIZEM OS TIROS EM REALENGO

Entre os estudantes, Larissa Gotardo, de 14 anos, não imaginava que a decisão de faltar à aula ontem seria boa. Aluna da 7.ª série, ela foi à escola assim que soube da tragédia. ‘Vim para saber dos meus amigos’, disse.  'A única coisa que eles contaram é que as professoras salvaram as vidas deles, pois trancaram as portas das salas até que o tiroteio terminasse." ( O Estado de São Paulo. 08/04/2011)
Mal pudemos  comemorar a vitória obtida pela educação no Supremo Tribunal Federal, quando a lei do piso dos professores teve finalmente  sua constitucionalidade  reconhecida e, logo  na manhã  seguinte, levantamo-nos sob o impacto da tragédia que  se abateu   sobre a escola Tasso da Silveira em Realengo, Rio  de Janeiro.  O país de repente se confrontou com imagens já vistas na TV,  em situações  ocorridas para além de nossas fronteiras. Quis o destino que um dos episódios mais  violentos da nossa história, se perpetrasse justamente no lugar  que deveria estar vedado ao ingresso das bestialidades humanas.  Onde, pelo menos sejam neutralizados, por efeito da educação dos sentidos, dos sentimentos  e  das mentes. Sendo que esse processo em si mesmo já traz implícito certa  violência,  de outro caráter e intensidade. 
 Educação e violência tem sido uma pauta combinada e constante nas  páginas e programas policiais. Nos dias de hoje já constitui  um dos  fatores mais fortes a contribuir  para  que jovens  talentosos não admitam a possibilidade de assumir o magistério como opção profissional,  por maior que seja sua vocação. Já não bastassem os baixos salários, os equipamentos sucateados, a auto estima rebaixada, associados aos bourn outs e bullyings, ainda se ver obrigado a conviver com  diversas modalidades de violência dentro das escolas, naturalmente que, quem tem juízo, não vai querer isso para si.  Algumas práticas já se tornaram corriqueiras. Hora, escolas são violadas por grupos de delinqüentes a procura de qualquer coisa de mínimo valor  que sirva de moeda de troca no mercado do crack;  Hora, o menino ou  menina se arma  com um estilete ou uma nove mm, e vai concretizar uma vendeta particular, por  conta de um olhar mal interpretado, um apelido inaceitável ou a honra ferida pela rejeição do ou da coleguinha com quem ficara na véspera. Acontece também do aluno ficar inconformado  com uma avaliação negativa ou simples repreensão,  e vai  retaliar os professores,  agredindo-os   ou, como já aconteceu, matando-os. Por sua vez, tanto docentes quanto discentes são freqüentemente  vitimados pelos chefes do tráfico nas comunidades  Enfim, poderíamos  encher nossas telas e tardes inteiras diante do monitor, desenrolando  o rosário de mazelas violentas que afetam  a escola brasileira.
Em casos como esse da escola no Realengo, a violência transborda convertendo-se na sua dimensão mais intensa e apavorante: O HORROR. A sociedade, ainda abalada, tenta entender o que aconteceu. O fato não obedeceu aos padrões   usuais. A escola do Realengo  contava com alguns equipamentos convencionais de segurança que, em muitos lugares são comuns  a qualquer instituição de ensino. Alguns até que nem tão comuns, pois não são  todas as escolas que contam com câmaras filmadoras, muito embora não sejam suficientes para garantir a segurança, como foi o caso.Era um dia como outro qualquer, um ex-aluno que procura sua antiga escola em busca de um histórico escolar, com certeza não despertaria a menor suspeita.   Portanto, não cabe tentar enquadrar o acontecimento naquelas modalidades já banalizadas de violência escolar.. Nem tentar acusar gestores e governos por conta de uma situação absolutamente atípica. Acreditamos que as famílias deverão contar com a devida cobertura jurídica com relação às possíveis responsabilidades do estado;  afinal, as crianças estavam sob seus cuidados. Tentar fazer da tragédia objeto de discursos políticos para denegrir um governo ou outro, é desrespeitar a memória das vítimas e magoar as feridas dos parentes enlutados. Além de não contribuir em nada para que se possa atuar sobre aquilo em que os governos podem e devem fazer para modificar aquele  quadro. 
O que se tinha era um indivíduo de mente  transtornada,  despido de travas morais e psíquicas, se permitindo dar vazão a um turbilhão de sentimentos desencontrados que explodiram  em um dia de fúria, vitimando pessoas que  lhe cruzaram o caminho, por estarem, paradoxalmente,   no lugar certo e na  hora certa. Ouseja, na escola, cumprindo sua jornada de estudos. Foi por lá onde ele estivera em outros tempos. Provavelmente tenha sido por lá também, onde com mais intensidade se deparou com seus demônios. É a parte da história que ficará sepultada com Wellington. Mas não pode deixar de evocar a importância que a escola tem sobre o processo  de formação dos indivíduos.
A tragédia em Realengo não é inédita no mundo. Tem ocorrido com freqüência que obedece a intervalos  cada vez mais curtos. De Columbine , nos Estados Unidos, onde aconteceram a maior parte dos casos,  ao Realengo, muitos eventos dessa natureza ocorreram em diversos países, sendo que na América Latina fomos precedidos  apenas pela Argentina , onde um garoto de 15 anos matou outros 3 colegas de sua  escola.
Causas diversas, em geral associadas ao fenômeno  Bullying, agora fartamente discutido e exposto em nossas mídias cotidianamente. Intriga o fato de ser a escola o palco privilegiado onde se desenrolam  essas tragédias. Por quê? Intriga também  porque, em nosso caso,  tende a fugir dos parâmetros usuais com que em geral identificamos os problemas que afetam essa instituição. Particularmente as nossas, onde lhes falta as mais elementares condições para o exercício do fazer pedagógico. Some-se a isso a verdadeira guerra social em que estão inseridas, apesar dos tímidos avanços no sentido de sua amenização, mas longe ainda, de solução mais consistente.
 No  caso em questão não foram as drogas, pois até o momento não tivemos registros  de que o rapaz fosse usuário delas. Parece estar mais relacionado ao que um filósofo classificou como  outro tipo de ópio: a religião. Não podemos concordar completamente com isso também, pois,   nesse caso, o que conta é a maneira como cada um se relaciona com o sagrado. Ao mesmo tempo não se pode desprezar  o fato de que na pós modernidade, assistimos ao recrudescimento de toda sorte de fundamentalismos religiosos. É um processo tão forte que chega a pautar a política nacional e  internacional. Afinal, na última eleição presidencial brasileira, padres e pastores tomaram a frente dos debates políticos, e por pouco não tornaram a posição dos candidatos sobre a discriminalização do aborto, o critério fundamental para a eleição do então futuro presidente da república. Nos  EUA, berço dos massacres em escolas, o Tea Party, composto em sua maior parte  por fanáticos religiosos de direita, assume papel central na vida política da  potência declinante. Isso sem falar no sempre presente fundamentalismo islâmico,  ao qual, alguns órgãos de imprensa, que pouco primam pela verdade e responsabilidade, tentaram associar o assassino do Realengo.
No Brasil a legislação tem sido especialmente bondosa com os “empresários de Deus”, que atuam fortemente nos meios de comunicação de massa. Apropriam-se de redes de TV e rádios, com uma facilidade que outros setores não têm. Afinal, quantas TVs no Brasil se dedicam  exclusivamente à promoção de conteúdos culturais e educativos? Contam-se nos dedos, e muitas delas restritas aos serviços de canais a cabo, que chegam aos lares da classe média que pode pagar por eles. Entretanto, se perde a conta dos meios de comunicação em poder de grupos religiosos.Não devemos generalizar e nem pretender criar  estereótipos negativos de  algumas igrejas como verdadeiras indústrias produtoras de fanáticos em série. Mas com freqüência  seus conteúdos e abordagens  sugerem a possibilidade de estarem constituindo formas de pensamento e comportamentos que podem degenerar no puro e simples fanatismo. O que pode germinar na cabeça de  pessoas cheias de frustrações, revolta e rancor, como Wellington, o matador do Realengo, quando se inebriam com sermões sobre os endemoniados que os rodeiam? Estes  podem ser, o umbandista da encruzilhada ali na frente, a adúltera do apartamento ao lado, o drogado na esquina, o gay sodomita que "contraria" as regras da natureza, ou aquelas "meninas más" da escola que zombam de  um fiel servo de Deus.Todos merecedores  dos castigos  do inferno.Gentios e impuros.   Não é raro se fazer uso  em algumas pregações, de farto arsenal de termos e expressões típicas da linguagem de guerra, como a vitória sobre o inimigo, a guerra santa, com exortação da força e do poder e, diga-se de passagem,  também bastante utilizados  nas narrações futebolísticas. O que pensar da frase bíblica das mais preferidas  em camisetas e adesivos colados em automóveis: "Tudo posso, naquele que me fortalece"?! se tudo posso, então...!
 É possível que, se  adotando essa linha de raciocínio, encontremos  alguma chave  que possa abrir as portas da percepção desse caso. Além da presença dessa ostensiva atmosfera religiosa cruzadista, conta-se também com  as concepções e comportamentos intolerantes que se disseminam pela sociedade. Referimo-nos ao discurso dos programas esportivos, mas pode ser  o caso de certa figura pública de nosso país, com franco acesso aos meios de comunicação, pregando abertamente o racismo e a homofobia. E o pior é que não está sozinho, conta com apoiadores que já o premiaram com quatro mandatos no congresso nacional. E o que dizer do insano que faz do automóvel  uma metralhadora e sai atropelando  ciclistas que apenas nos mostram os benefícios de um meio de transporte ambientalmente inofensivo e  saudável ao organismo humano?!
Podemos separar uma coisa da outra? Corremos o risco de estarmos fazendo associações arbitrárias e relacionando coisas que não tenham nada a ver uma com a outra. Ao menos no caso do deputado está implícito essa idéia de pureza, tão presente na carta do homicida/suicida que se ocupou mais de sua vida após a morte do que da  corrente, pois essa, deveria lhe parecer  impura,  rodeada de sacrílegos, pecadores, “raças feias”,  pederastas, e adúlteras. As mulheres, por sinal, pareciam ser o grande alvo de sua ira,uma vez que  meninas foram abatidas em quantitade bem maior do que  meninos.   
 Em casos como esses, não se trata apenas da pobreza, das ações do crime organizado com reflexos no interior das escolas, nem dos conflitos ordinários que afetam a comunidade escolar em suas rotinas. Mas se nos debruçarmos sobre o agravamento  da violência no interior das ecolas,  além da tendência de se copiar ou adotar comportamentos apresentados pela mídia, podemos quase  dizer que essa é mais uma “crônica de uma tragédia anunciada”. Digo quase, porque pelo ineditismo da ação, somente de maneira muito remota se admitiria sua possibilidade em nosso território.  Também nada nos autoriza dizer que estaríamos imunes a situações de tal natureza. A tragédia  no Realengo, gera-nos forte mal estar tanto pela inconsistência e imprecisão  das motivações como também das culpas. A quem acusar? A quem prender, julgar,  condenar e punir, se o próprio protagonista do nefando crime, já tinha tratado de  realizar todas essas operações  e executar sua sentença? ! Sentença de aplicação extensa, incluindo na expiação da culpa, justo àqueles que mal tiveram tempo de constituir culpa alguma sobre qualquer coisa em suas vidas, abreviadas pelo próprio culpado. 
Entretanto, se é  verdade que nada poderia ser feito sobre a trama sinistra que se desenrolava em uma mente deturpada,  é também verdadeiro que, muito se pode e deve ser feito  para que nossas escolas voltem a ser  espaços onde a criança encontre o acolhimento, a proteção e o carinho que lhe concerne nessa etapa sensível da vida humana.  Pra começar, bastava que fossem  encaminhadas de fato,algumas medidas recentes adotadas em forma de leis  que, infelizmete alguns agentes procuram dificultar a aplicação.Mesmo assim, adotadas  essas  medidas,  não se espere que  mudanças ocorram imediatamente, pois em educação tudo parece acontecer muito lentamente.  Mas, se tornam  bem mais lentas na medida  em que se lhes põem mais  pedras no caminho, além das já existentes..
 O que não pode continuar acontecendo é que a escola  continue a ser um lugar em que os pais se vejam tomados de apreensão  ao ver seu filho se dirigindo para ela e,  lhes sinta  tremer  a espinha, ao  pensar  que  poderá  ser a última visão do ente amado. Não... Definitivamente não. Não é para isso que elas existem. A tragédia em Realengo é apenas a parte mais visível e chocante de uma escalada que associa de maneira macabra a  educação com  a violência. Não podemos sucumbir a isso. A escola tem que ser o campo fértil para o cultivo da esperança  e não o deserto desolado onde prosperam apenas as ervas daninhas do medo. 
Quanto à escola Tasso da Silveira,  esperamos que não tenha sido ela também mortalmente ferida por Wellington.Como uma reação natural diante do fatídico acontecimento, pais e alunos provavelmente resistirão a freqüentar aquele espaço outra vez. As autoridades terão de desenvolver um esforço hercúleo no sentido do restabelecimento da normalidade, se é que isso será possível. Resta-nos desejar que seus pequenos mártires repousem em paz, que os sobreviventes  recuperem-se  em corpo e alma, retornando à vida cotidiana com força e saúde para enfrentar o trauma deixado pela tragédia e, juntamente com  os demais viventes, venham  reafirmar a alegria de viver nas salas e corredores da Escola Tasso da Silveira em Realengo, Rio de Janeiro..