A preocupação de Fátima é a PEC que o governo provisório enviará ao Congresso Nacional com intuito de limitar o crescimento dos gastos públicos à alta da inflação do ano anterior. A senadora lembra que as despesas com saúde e educação também serão, de acordo com a proposta, vinculadas a esse teto de crescimento das despesas totais, baseado na inflação e, portanto, com crescimento real zero.
“Se o crescimento real das despesas com educação será nulo, como atingir uma das principais metas do PNE, que é a destinação de 10% do PIB para educação? Como ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender no mínimo 50% das crianças de até 3 anos até 2024, conforme estabelece a primeira meta do Plano? ”, questiona.
Para a senadora, não deve haver nenhuma dúvida de que lutar contra o golpe de Estado em curso no Brasil é lutar em defesa da educação brasileira.
Confira a íntegra do artigo:
Fátima vê pacote de maldades contra a educação
As gravações reveladas recentemente pela imprensa nacional deixaram claro que um dos objetivos do golpe de Estado em curso no Brasil é conter o avanço da Operação Lava Jato, através de um grande pacto para tornar impunes diversas lideranças políticas associadas ao movimento golpista. Mas existe ainda outro objetivo igualmente nocivo, que é o programa de governo de Michel Temer e dos partidos que dão sustentação ao golpe parlamentar.
O ministro Henrique Meirelles anunciou que o governo golpista vai enviar ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição para limitar o crescimento dos gastos públicos ao crescimento da inflação do ano anterior. De acordo com o próprio ministro, as despesas com saúde e educação também serão “vinculadas a esse teto de crescimento das despesas totais, baseado na inflação e, portanto, com crescimento real zero”.
O que significa, na prática, crescimento real zero para despesas com educação e saúde? Significa que está em curso o desmonte do Sistema Único de Saúde e a morte do Plano Nacional de Educação (2014-2024).
Se o crescimento real das despesas com educação será nulo, como atingir uma das principais metas do PNE, que é a destinação de 10% do PIB para educação? Como ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender no mínimo 50% das crianças de até 3 anos até 2024, conforme estabelece a primeira meta do Plano? Como efetivar a meta 17, que busca equiparar o rendimento dos profissionais do magistério das redes públicas de educação básica ao rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente? Impossível.
De acordo com o economista da UFRJ João Sicsú, se essa regra estivesse em vigor entre 2006 e 2015 o governo federal teria deixado de investir R$321,3 bilhões em educação e R$178,8 bilhões em saúde. Para Sicsú, o que eles querem é o fim do Estado brasileiro e dos direitos sociais.
Mas infelizmente o pacote de maldades não termina por aí. Tramitam no Congresso Nacional projetos de lei apresentados por dois parlamentares licenciados e hoje ministros do governo interino: o deputado Mendonça Filho (DEM), ministro da Educação; e o senador José Serra (PSDB), ministro das Relações Exteriores. Os dois projetos visam alterar as legislações que envolvem a exploração do pré-sal, sendo que o projeto de José Serra reduz a participação da Petrobras e o projeto de Mendonça Filho entrega de uma vez o pré-sal ao setor privado, resgatando o regime de concessão.
E o que o pré-sal tem a ver com educação? Entregar a exploração e a comercialização do petróleo brasileiro ao setor privado significa privilegiar o lucro de grandes empresas multinacionais e sacrificar os interesses da maioria do povo brasileiro, que historicamente reivindica educação e saúde de qualidade. Além disso, aprovamos no Congresso Nacional que 50% do fundo soberano do pré-sal deve ser investido em educação e saúde, e Temer deseja extinguir o fundo soberano.
É por isso que não podemos ter nenhuma dúvida. Lutar contra o golpe de Estado em curso no Brasil é lutar em defesa da educação brasileira. É lutar em defesa da expansão das universidades e institutos federais de educação; em defesa do Piso Salarial do Magistério e do Plano Nacional de Educação; em defesa de mais creches, pré-escolas e escolas com tempo integral. Hoje é dia de colorir as praças e avenidas do Brasil para defender esse legado de avanços e conquistas na área da educação, para dizer não ao golpe e sim à democracia.