A SUPERIORIDADE ESTRATÉGICA DA APEOC I
O título imodesto
não exagera ou inventa. Trata-se da simples constatação de uma verdade
que a essa altura se revela cada vez mais visível e insofismável. O brilho da
verdade ilumina a paisagem e os caminhos daqueles dotados de boa
visão; aos míopes, pelo contrário, parece ofuscar; de
maneira que mal conseguem distinguir silhuetas, contornos e bordaduras. E,
no entanto, mesmo assim, insistem em identificar aquelas imagens deformadas
como sendo o retrato mais fiel da realidade...
Se os
desdobramentos mais recentes das lutas desenvolvidas pelos profissionais
da educação consolidaram a vitória obtida frente ao governo do estado, na greve de 2011, mesmo isso não parece
suficiente para neutralizar o veneno letal da crítica rastejante das
serpentes. Aí se apela para tudo, até
mesmo atribuir ao governo a concessão desses benefícios, minimizando o papel do
sindicato e pior ainda, o da própria categoria. Para quem se coloca em frontal
oposição ao sindicato o importante é não permitir que a classe desenvolva uma
referência positiva de sua entidade representativa. Pelo contrário, o discurso
maçante, recorrente e repetido por mais de uma geração de papagaios, é o da
eterna “traição”, “peleguismo” e
“governismo” da APEOC.
Assim fica mais
fácil entender porque uma campanha salarial tão rica, pujante e
vitoriosa, chegou ao seu termo de forma tão melancólica e vergonhosa.
Pancadaria e baixarias de toda espécie foram desatadas na assembleia em que se
optou por se reabrir as negociações nos
termos definidos pela categoria em assembleia, sendo prontamente aceitos pelo
governo. Por mais radicalizada que tenha sido a luta, dificilmente chegaríamos
a algum resultado positivo se não fosse sentando em uma mesa para se conversar
com o nosso contendor. Mas, como para a oposição anti sindical e retro
revolucionária, o ato de negociar constitui uma heresia, uma afronta ao dogma
da ação direta sem tréguas, não podiam aceitar que isso acontecesse. Em
acontecendo e gerando resultados positivos, seu plano derrotista e sórdido acabou
por naufragar. De modo que eles podem realmente sentir o gosto da derrota em
suas bocas, mas não os profissionais da educação.
O vandalismo promovido na última assembleia
não nos causou espanto, pois esse era o clima que se tentou implantar antes
mesmo das primeiras assembleias. Em panfletos e nas redes sociais, nossos
colegas anti sindicalistas e retro revolucionários não faziam economia de
linguagem chula e ofensas pesadas, muitas vezes acompanhadas de ameaças à
integridade física dos dirigentes do sindicato, uma vez que,
sua integridade moral já fora jogada na sarjeta. Qualquer um sentia-se no direito de apontar o dedo
acusador nas faces dos sindicalistas, fazendo acusações não provadas, não
permitindo que arguissem nada em sua defesa ou esclarecessem qualquer mal
entendido. Era um espetáculo dantesco,
bem ao molde da mentalidade medieval, repleta do pavor e do assombramento que
pavimentaram o caminho de insanidades do tribunal da inquisição. Condenava-se
com base em ilações e suspeições que, por si só, eram suficientes para se
constituírem em provas irrefutáveis de crimes supostamente cometidos. E para
ser tido como criminoso, bastava discordar do senso comum forjado pelo coro dos
“descontentes crônicos”. A excomunhão e o opróbrio se davam quando o “facínora”
ousava concordar com a APEOC. Esse caia em desgraça, sendo relegado ao
ostracismo, exposto ao desprezo e ao apedrejamento público. A divergência era superada com o assédio
moral, tão denunciado e condenado pela categoria. E era com questões de ordem
moral que se misturavam os problemas de estratégia. Avançar ou recuar se
tornavam um problema de “coragem”, “dignidade” ou “covardia”.
Afogavam-se as
vozes dos sindicalistas com vaias e apupos que visavam impedir a audição de
suas propostas e avaliações. Insultava-se e arengava-se para provocar sua
reação açodada. Contavam com isso e, com isso acontecendo, estariam dadas as
condições para a divisão e a derrota.
Portanto, não se
admira que nunca apresentassem um plano de lutas claro e consistente. Mudava-se
de posição conforme o sabor das situações e da conveniência de quem não
almejava nada a não ser apagar todo o trabalho desenvolvido pelo sindicato em benefício da
categoria Faltava-lhes enfim, uma estratégia, por conta de seus objetivos
deletérios que implicavam em destruir ou sabotar todos os esforços do sindicato.
Afinal, destruir é uma tarefa bem mais fácil de se promover do que construir
qualquer coisa.
A superioridade
estratégica do sindicato se revelou em vários momentos da campanha que visava
preservar o plano de carreira dos ataques que, em outros estados e municípios,
já vinham sofrendo os planos de carreira dos professores, como reação dos
gestores à Lei do Piso. Não foi, portanto, uma simples campanha salarial. Foi
uma campanha de novo tipo, que transcendeu o calendário fixo dos reajustes
salariais e em função das consequências e distorções da nova lei.
Essa superioridade
revelou-se no processo de negociação que antecedeu à greve e que serviu não
somente para garantir conquistas menores, como também para limpar a pauta e
concentrar todo o esforço da greve, já previsível, em torno da questão mais fundamental do plano
de carreira. Foi superior quando barrou a investida dos retro revolucionários
que pretendiam deflagrar a greve em meio às negociações, comprometendo-a de
modo fatal. Foi igualmente superior
quando soube suspender a greve no momento em que se fortaleceu diante da
fragilização do governo, após violento episódio na assembleia legislativa.
Contrariando aos ilusionistas, compreendeu que esse era o melhor momento para
uma negociação, sem esperar que o pêndulo do desgaste retornasse na direção dos
grevistas.
Enquanto isso,
nossos detratores só tiveram um movimento e uma obsessão: fazer a greve pela
greve, sem negociação e sem perspectiva de encerramento pela categoria, mas por
efeito do cansaço e da dispersão. Em sua miopia não veem que a greve pela
greve, por si só, se destrói.
Se hoje podemos
questionar a forma como o governo está encaminhando a implantação da hora
atividade é porque garantimos sua conquista com a greve e com a posterior
negociação. Negociação que os
derrotistas tentaram evitar a todo custo. Mas o sindicato soube superar suas
manobras e se impor no processo, de modo a garantir avanços que nos levaram a
dar saltos no ranking salarial dos estados, além de garantir a implantação da lei do
piso de forma integral. Se não foi possível avançar mais, deve-se às próprias
limitações da lei. Isso não é motivo para decepção ou esmorecimento. São apenas novos desafios que se apresentam e que exigirão da categoria mais mente aberta e mais unidade para
enfrentá-los. (continua)
Uma pequena ilustração do clima que se estabeleceu nas primeiras assembleias em 2011.
http://edoubar.blogspot.com.br/2011/07/sobre-educadores-revolucionarios-e.html#.UXhOVqKG1CE
Uma pequena ilustração do clima que se estabeleceu nas primeiras assembleias em 2011.
http://edoubar.blogspot.com.br/2011/07/sobre-educadores-revolucionarios-e.html#.UXhOVqKG1CE
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