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terça-feira, 23 de abril de 2013

A SUPERIORIDADE ESTRATÉGICA DA APEOC I


A SUPERIORIDADE ESTRATÉGICA DA APEOC I

O título imodesto não exagera ou inventa.  Trata-se da simples constatação de uma verdade que a essa altura se revela cada vez mais visível e insofismável. O brilho da verdade ilumina a paisagem e os caminhos daqueles dotados de boa visão; aos míopes, pelo contrário, parece ofuscar; de maneira que mal conseguem distinguir silhuetas, contornos e bordaduras. E, no entanto, mesmo assim, insistem em identificar aquelas imagens deformadas como sendo o retrato mais fiel  da realidade... 

Se os desdobramentos mais recentes das lutas desenvolvidas pelos profissionais da educação consolidaram a vitória obtida frente ao governo do estado,  na greve de 2011, mesmo isso não parece suficiente para neutralizar o veneno letal da crítica rastejante das serpentes.  Aí se apela para tudo, até mesmo atribuir ao governo a concessão desses benefícios, minimizando o papel do sindicato e pior ainda, o da própria categoria. Para quem se coloca em frontal oposição ao sindicato o importante é não permitir que a classe desenvolva uma referência positiva de sua entidade representativa. Pelo contrário, o discurso maçante, recorrente e repetido por mais de uma geração de papagaios, é o da eterna  “traição”, “peleguismo” e “governismo” da APEOC.  

Assim fica mais fácil entender porque uma campanha salarial tão rica, pujante e vitoriosa, chegou ao seu termo de forma tão melancólica e vergonhosa. Pancadaria e baixarias de toda espécie foram desatadas na assembleia em que se optou por se reabrir as negociações  nos termos definidos pela categoria em assembleia, sendo prontamente aceitos pelo governo. Por mais radicalizada que tenha sido a luta, dificilmente chegaríamos a algum resultado positivo se não fosse sentando em uma mesa para se conversar com o nosso contendor. Mas, como para a oposição anti sindical e retro revolucionária, o ato de negociar constitui uma heresia, uma afronta ao dogma da ação direta sem tréguas, não podiam aceitar que isso acontecesse. Em acontecendo e gerando resultados positivos, seu plano derrotista e sórdido acabou por naufragar. De modo que eles podem realmente sentir o gosto da derrota em suas bocas, mas não os profissionais da educação.

 O vandalismo promovido na última assembleia não nos causou espanto, pois esse era o clima que se tentou implantar antes mesmo das primeiras assembleias. Em panfletos e nas redes sociais, nossos colegas anti sindicalistas e retro revolucionários não faziam economia de linguagem chula e ofensas pesadas, muitas vezes acompanhadas de ameaças à integridade física dos dirigentes do sindicato, uma vez que, sua integridade moral já fora jogada na sarjeta. Qualquer um sentia-se no direito de apontar o dedo acusador nas faces dos sindicalistas, fazendo acusações não provadas, não permitindo que arguissem nada em sua defesa ou esclarecessem qualquer mal entendido.  Era um espetáculo dantesco, bem ao molde da mentalidade medieval, repleta do pavor e do assombramento que pavimentaram o caminho de insanidades do tribunal da inquisição. Condenava-se com base em ilações e suspeições que, por si só, eram suficientes para se constituírem em provas irrefutáveis de crimes supostamente cometidos. E para ser tido como criminoso, bastava discordar do senso comum forjado pelo coro dos “descontentes crônicos”. A excomunhão e o opróbrio se davam quando o “facínora” ousava concordar com a APEOC. Esse caia em desgraça, sendo relegado ao ostracismo, exposto ao desprezo e ao apedrejamento público.  A divergência era superada com o assédio moral, tão denunciado e condenado pela categoria. E era com questões de ordem moral que se misturavam os problemas de estratégia. Avançar ou recuar se tornavam um problema de “coragem”, “dignidade” ou “covardia”.

Afogavam-se as vozes dos sindicalistas com vaias e apupos que visavam impedir a audição de suas propostas e avaliações. Insultava-se e arengava-se para provocar sua reação açodada. Contavam com isso e, com isso acontecendo, estariam dadas as condições para a divisão e a derrota.   

Portanto, não se admira que nunca apresentassem um plano de lutas claro e consistente. Mudava-se de posição conforme o sabor das situações e da conveniência de quem não almejava nada a não ser apagar todo o trabalho desenvolvido pelo sindicato em benefício da categoria Faltava-lhes enfim, uma estratégia, por conta de seus objetivos deletérios que implicavam em destruir ou sabotar todos os esforços do sindicato. Afinal, destruir é uma tarefa bem mais fácil de se promover do que construir qualquer coisa.

A superioridade estratégica do sindicato se revelou em vários momentos da campanha que visava preservar o plano de carreira dos ataques que, em outros estados e municípios, já vinham sofrendo os planos de carreira dos professores, como reação dos gestores à Lei do Piso. Não foi, portanto, uma simples campanha salarial. Foi uma campanha de novo tipo, que transcendeu o calendário fixo dos reajustes salariais e em função das consequências e distorções da nova lei. 

Essa superioridade revelou-se no processo de negociação que antecedeu à greve e que serviu não somente para garantir conquistas menores, como também para limpar a pauta e concentrar todo o esforço da greve, já previsível,  em torno da questão mais fundamental do plano de carreira. Foi superior quando barrou a investida dos retro revolucionários que pretendiam deflagrar a greve em meio às negociações, comprometendo-a de modo fatal.  Foi igualmente superior quando soube suspender a greve no momento em que se fortaleceu diante da fragilização do governo, após violento episódio na assembleia legislativa. Contrariando aos ilusionistas, compreendeu que esse era o melhor momento para uma negociação, sem esperar que o pêndulo do desgaste retornasse na direção dos grevistas.

Enquanto isso, nossos detratores só tiveram um movimento e uma obsessão: fazer a greve pela greve, sem negociação e sem perspectiva de encerramento pela categoria, mas por efeito do cansaço e da dispersão. Em sua miopia não veem que a greve pela greve, por si só, se destrói. 

Se hoje podemos questionar a forma como o governo está encaminhando a implantação da hora atividade é porque garantimos sua conquista com a greve e com a posterior negociação.  Negociação que os derrotistas tentaram evitar a todo custo. Mas o sindicato soube superar suas manobras e se impor no processo, de modo a garantir avanços que nos levaram a dar  saltos no ranking salarial dos estados, além de garantir a implantação da lei do piso de forma integral. Se não foi possível avançar mais, deve-se às próprias limitações da lei. Isso não é motivo para decepção ou esmorecimento. São apenas novos desafios que se apresentam e que exigirão da categoria mais  mente aberta e mais unidade  para enfrentá-los.  (continua)


Uma pequena ilustração do clima que se estabeleceu nas primeiras assembleias em  2011.  

http://edoubar.blogspot.com.br/2011/07/sobre-educadores-revolucionarios-e.html#.UXhOVqKG1CE

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