BlogueDoSouza@Opinião
A TV é a principal fonte de informação do cidadão brasileiro e tem todo o direito de apoiar o partido de sua preferência; mas que o faça em seus editoriais e assuma a sua opção de forma clara e transparente.
O que a mídia não pode fazer é manipular o cidadão com noticiários tendenciosos, quando não, mentirosos, fingindo um jornalismo, que enquanto serviço público que é, está longe de cumprir com sua função constitucional.
Precisamos criar uma lei de meios que democratize a comunicação, fortaleça as mídias comunitárias, universitárias, públicas e estatais, que ofereça ao povo brasileiro alternativas de qualidade ao que se tem hoje, uma mídia historicamente concentrada nas mãos das elites econômicas e conservadoras do nosso país e que há muito deixou de informar.
Como exemplo do descalabro e da necessidade de se criar uma nova lei de comunicações, podemos citar o fato de alguns políticos afrontando a constituição, operarem concessões de Rádio e TV, chegando mesmo em algumas ocasiões a votar e aprovar a renovação dos próprios contratos.
Contratos cuja renovação vem ocorrendo de forma quase automática, como se as concessões pertencessem aos concessionários. Só que, concessionários, como são por exemplo as empresas de transportes, os taxistas ou os ambulantes, para obterem suas licenças da prefeitura ou do governo federal, devem obedecer a critérios específicos e a legislação que regula o setor em que eles irão atuar. No caso das concessões para operar Rádio e TV, estas são outorgadas mediante um contrato por tempo determinado, renovável ou não, dependendo de como se comportou este concessionário quanto ao cumprimento da legislação para o setor e das especifidades contidas no seu contrato. São concessões outorgadas pelo estado brasileiro, públicas e portanto nossas.As razões para se democratizar o setor de comunicações, estratégico para a educação, para a cultura e para a soberania do nosso povo, assim como de se aperfeiçoar a sua já ultrapassada legislação, são inúmeras e urgentes.
Precisamos fortalecer nossa indústria audiovisual, nosso cinema, nosso teatro, nossa música, nossa rica e diversa produção cultural regional, e assim nossa identidade. E chega de se criminalizar a política e os movimentos sociais. Chega de todos os tipos de discriminação. Chega de se banalizar a violência e o sexo. Chega de incentivar nossos filhos para o consumo, a competição e o individualismo irresponsáveis.
Feito isso teremos sem dúvida, além da consolidação de nossa democracia, uma revolução cultural em nosso país.
A sempre sábia periferia alertava já há mais de dez anos: "Está tudo dominado." E também a classe média na década de setenta, com muita propriedade: "Se correr o bicho pega se ficar o bicho come."
O PT foi muito hábil quando obrigado a jogar o jogo sujo que a direita deixou de herança, senão, a exemplo do que ocorre com outras correntes de esquerda, jamais teria chegado ao poder. E a esta hora a chance de voltar a caminhar no sentido de um Brasil justo, soberano e democrático, teria sido perdida.
O povo foi despolitizado por uma espécie de "faxina às avessas" realizada nos anos que sucederam o golpe de 1964 e prossegue sempre desinformado pela mídia historicamente concentrada nas mãos das oligarquias dominantes. Graças principalmente a criminalização da política e dos movimentos sociais pelos meios de comunicação, vota em sua grande maioria pelo bolso, não sabendo sequer o que faz um vereador, um deputado, um senador, ou mesmo o que seja ser de esquerda ou de direita, na política nacional.
O Brasil tem que estudar e ser estudado.
O nosso problema maior ainda é a ignorância; não no sentido pejorativo do termo, mas sim no de se ignorar o processo histórico, a política, a própria história.
Devemos lutar pela reforma política, pelos 10% do PIB para a educação já no primeiro ano, pela democratização da comunicação, e dar graças a Deus de o PT e demais contingentes da esquerda nacional terem chegado onde chegaram. Foi coisa de milagre.
Se as esquerdas se unirem em torno de uma agenda comum, cuja prioridade seja a democratização da comunicação, a educação e a cultura, teremos dado então o primeiro passo, para que a partir deste novo cidadão que virá, possamos libertar o Brasil das más políticas. Torná-lo democrático de fato, justo socialmente e soberano. Afinal de contas, e se Deus não dá? Como é que vai ficá ô nêga?
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