DEFENDER A GREVE CONTRA O GREVISMO
Foi enfim deflagrada a greve geral, interior e capital, para
o gozo e regalo das oposições. Há anos que não marcam opção diferente no
complexo teste de múltipla escolha que a luta sindical lhes submete. Os
panfletos do corrente ano copiam os mesmos feitos há dez anos passados. Os clichês parecem obedecer à mesma
sequência. É tudo definitivo e imutável.
A realidade tem de se adequar ao dogma. E se algo não encaixa, basta editar para ficar
conforme o roteiro.
Mas ela é rebelde e teima em subverter as narrativas
consolidadas, abrindo se em novas perspectivas que ampliam o horizonte de
eventos possíveis e necessários para a categoria. O olhar sobre os fatos
passados se Vê igualmente enriquecido,
despertando a percepção de aspectos desprezados nas versões mais apressadas. olhando para trás, na compreensão enriquecida
dos fatos passados, seja se projetando para frente, dendo novos
ângulos para fabulosas, elas já, fruto
de que degeneram em clichês e
A realidade, no entanto, teima em ser mais rica e dinâmica
que as abstrações sem cor, cheiro e tato aprisionadas na moldura de uma
natureza morta. Não buscamos a greve como objetivo estratégico como parece ser
o caso das seitas de oposição. A greve será sempre um meio no contexto de uma
luta puramente sindical como a que desenvolvemos agora. Os sectários almejam de
muito a greve pela greve. Não buscam a satisfação das demandas, mas provocar o
impasse. E ao que tudo indica, encontraram agora uma situação muito favorável
para esse objetivo.
Desde a vitória obtida pela categoria em 2011, a
oposiçaum insiste em afirmar ter sido
uma derrota, que temos obtido junto aos governos uma série de conquistas
mediante o recurso da negociação. É
óbvio que estão longe de serem os resultados ideais que atendam às necessidades
e expectativas da categoria.
Mas não são de modo algum as migalhas que a oposição,
desdenhando, diz que são. Se compararmos com as campanhas salariais do restante
do país, afora as questões mais peculiares a cada ente federativo, veremos que
de modo geral, suas pautas ocupam o mesmo patamar das que são levadas adiante pela
Apeoc. Só podemos concluir que no Brasil os profissionais da educação pública
oficial orbitam em torno de demandas que obedecem mais ou menos aos mesmos
padrões de medida. E se por acaso uma entidade e a categoria no âmbito de sua
atuação conquistam o que se reivindicam ao governo, e nem precisa ser cem por
cento da pauta, podemos dizer sem titubear que é vitorioso em sua tarefa.
Mesmo que em muitos estados e municípios, alguns bem mais
ricos do que o nosso, e outros talvez, tanto quanto, mas quase nenhum mais
pobre do que o Ceará, tenham sido protagonizadas grandes e prolongadas greves de pautas
equivalentes à daqui, seus resultados se mostraram bem aquém. Quase todas
levaram os professores de volta para a sala de aula em situação pior do que
quando saíram delas para se engajar na greve. Não arriscarei analisar as causas
dessas derrotas. Um delas com certeza está na presença cada vez mais ostensiva
de correntes políticas radicalizadas e sectárias conseguindo exercer grande
influência no movimento sindical. Provavelmente em face da “dificuldade”
política que se criou para a CUT e seus
ativistas com o PT ocupando o executivo federal e em muitas das outras esferas
em aliança com outros partidos. Tornou se fácil imprimir à CUT e seus
sindicalistas a marca do governismo e do
peleguismo. Ficaram muito a vontade para fustigar o cutismo , aproveitando se inclusive
do rico suporte que a mídia garante.
Afinal, é o mesmo rival. No ceará, em vários momentos, chegou se ao ponto de se
vaiar gratuitamente a dirigentes cutistas presentes nas assembleias da
categoria para solidarizar se e mais do que isso, colaborar ativamente na luta.
Por que, nem os que vaiam conseguem ao menos esboçar justificativa plausível, a
não ser repetir mecanicamente o mantra governista pelego.
Mas o que interessa é que a maior parte das greves
deflagradas no ano passado fracassaram ali onde o sindicato Apeoc, negociando, foi bem sucedido.
Isso quer dizer que as greves são inúteis, ultrapassadas ou
ineficazes ou um método inferior em relação à negociação?
Absolutamente não! elas estão presentes no capitalismo desde
os primeiros momentos da revolução industrial em sua forma mais organizada e
sistemática. Enquanto perdurar a exploração do homem pelo homem elas
acontecerão. .
Isso quer dizer que a negociação é necessariamente melhor do
que uma greve? Em parte sim. É claro ser
melhor se obter um resultado positivo pela via serena da negociação, do que
pelos caminhos arriscados de uma greve. Mas
assim como por mais que se evite encontrar a
briga, a briga encontra a gente, deve se estar preparado para não se
acovardar e fugir à ela quando se torna inevitável.
Até porque, mesmo no
contexto da greve, deve se buscar negociar com o governo. Destruir o inimigo é a meta de uma guerra,
não de uma greve. Com a greve procura se solução para um quadro mais injusto ou
insatisfatório do que normalmente já é.
É uma reação a um abuso.
Se for covardia fugir à greve quando necessário e possível
deflagra-la, é inconsequente ao extremo atirar a esmo com ela. Marcando a mesma alternativa em qualquer
situação, a oposição foge ao debate estratégico com o sindicato. porque, na verdade não contam com nenhuma
estratégia para a luta. A não ser denunciar e combater a governista e pelega
Apeoc. Levam o tempo a zombar, ridicularizar, ameaçar e até agredir os
dirigentes da entidade. É um jogo brutal de quem tem costas largas e aproveita
a onda de criminalização dos sindicatos para passar com sua pranchinha
bodyboard por cima da Apeoc também.
Basta assistir a uma assembleia para se perceber o
comportamento descomprometido de quem está se lixando para o bem estar da
categoria. Para indispô-la com o sindicato, usam de todas as armas, a começar
por exigirem obstinadamente pela realização de assembleias que procuram
tumultuar e encerrar com o uso de farta truculência. Não permitindo a fala de
quem pensa diferente, com o uso de vaias, gritos e gestos ameaçadores, impedem
o aprofundamento das questões sindicais.
A greve, convertida num fetiche, se torna a referência
central e objetivo estratégico. Corrompe
se o seu caráter de meio para elege-la como fim em si....ela tem de acontecer a
qualquer preço e não importa se as condições não sejam favoráveis, que sejam cobradas
do sindicato e que se culpe a ele caso não aconteça.
Em sua
ótica, a negociação é um obstáculo. Tratada como negociata faz se em torno dela
uma cortina de fumaça de modo a fazer crer que na existência de uma instância
oculta onde a verdadeira “negociação” acontece. Temer propõe retirar 25% das
verbas da Educação e trará mais arrocho aos professores, alerta especialista
23/04/2016 08:59
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Da Redação
Ora, a Constituição Federal de 1988, observa a Dra. Sarah, diz
no seu artigo 212 que: A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
E, lembra também a pedagoga: O § 2º desse artigo 212 diz que Para efeito do cumprimento do disposto no "caput"
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
Veja o que diz o artigo 213: Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei.
É isto mesmo que você está pensando, alerta a Dra. Sarah: As
escolas públicas, caso Tema assuma a presidência, vão perder no mínimo 25% dos
seus recursos. E por quê? Temer e o PMDB alegam em seu documento oficial que
isto aliviará o orçamento público e, assim, sobrará mais dinheiro para honrar
acordos com especuladores do sistema financeiro, que eles chamam de investidores.
Uma das primeiras e mais imediatas consequências disso é que os
salários dos professores ficarão muito mais arrochados, adverte a especialista. "Prefeitos e governadores passarão a ter a nova desculpa de
que, com menos recursos, a prioridade será no máximo manter pequenos reparos
nas escolas e os reajustes salariais que fiquem para muito mais depois", diz.
Os sindicatos do magistério precisam se preparar. Muito mais
sacrifícios serão exigidos dos educadores de todo o país.
Fazê-la é
cometer ato de traição à causa do grevismo
em sua guerra santa contra o sindicato e o seu “desvio sindicalista”.